SIGNIFICADO DA PALAVRA APÓCRIFO.
A palavra apócrifo: Do grego apokrypha, escondido, nome usado
pelos escritores eclesiásticos para determinar,
1) Tópicos confidenciais ou enigmáticos; 2) de origem desconhecida,
falsa ou duvidosa; 3) escritos não reconhecidos como canónicos.
A palavra grega apókryfos usada no seu sentido original em
três textos bíblicos como se referindo a coisas cuidadosamente ocultas’.
(Marcos 4.22; Lucas 8.17; Colossenses 2.3) Conforme aplicada a escritos,
referia-se originalmente àqueles que não eram lidos em público, portanto,
‘ocultos’ de outros. Mais tarde, contudo, a palavra assumiu o sentido de
espúrio ou não-canônico, e atualmente é usada mais comumente para referir-se
aos escritos adicionais declarados pela Igreja Católica Romana, no Concílio de
Trento (1546 depois de Cristo), como fazendo parte do cânon da Bíblia.
Os escritores católicos se referem a tais livros como deuterocanônicos, que significa “do segundo (ou posterior) cânon”, para diferenciá-los dos protocanônicos.
Uma das principais razões pelas quais os evangélicos rejeitam
os Apócrifos é devido à grande quantidade de heresias apresentadas por esses
livros. Fora isso. Existem também lendas absurdas e fictícias, bem
como graves erros históricos e geográficos, que desqualificam os Apócrifos como
palavra de Deus. A seguir, faremos um resumo de cada livro e depois mostraremos
os seus graves erros.
Com o nome de "apócrifos" designamos, normalmente,
os livros que a Vulgata Latina contém, mas que não estão incluídos no Velho
Testamento Hebraico. A presença de tais livros na Vulgata, exceção feita a 2º
Esdras, deve-se à tradução grega da Septuaginta, fonte da versão latina destes
livros. Diz-se comumente que este evento demonstra que os judeus de
Alexandria, fluentes na língua grega, lhes conferiram plena canonicidade, e que
a Igreja primitiva adotou sem reservas a Bíblia Grega. Nada
de certo, porém. Estes livros têm origem na Palestina e são escritos
principalmente em hebraico ou aramaico. Embora populares tanto na Palestina como na
Dispersão, é provável que não estivessem no mesmo plano que os outros livros
canônicos em todas as regiões. O termo "apócrifo" pode significar
"estranho" ou "externo". No entanto, esse significado não é
rigoroso, uma vez que a palavra grega apocryphos significa
"escondido" e era aplicada aos livros que se mantinham ocultos do
público, destinados a ser consultados apenas por um grupo restrito uma
classe privilegiada. Não há nada de ultrajante no termo, uma vez que os
livros, pelo contrário, possuíam um valor específico, embora nem todos o
compreendessem. Parece que assim se denominavam as obras dos videntes judeus
do século II antes de Cristo., até ao século um, da era cristã, e que,
publicados com os nomes até então, os heróis e profetas de Israel
permaneceram ocultos. Sendo assim, nem todo o público conhecia a
existência de tais livros. Em 2º Esdras 14 conta-se como Esdras ditou a cinco
escribas noventa e quatro livros, vinte e quatro dos quais eram os livros do
Velho Testamento (os Profetas Menores formavam um só livro), e nos setenta
restantes "encontravam-se a origem da compreensão, a fonte da sabedoria e
a torrente da ciência" (2º Esdras 14.46-47). Do exposto se infere que
estes livros eram mais conceituados que o Velho Testamento, e que os apócrifos
eram em muito maior número do que os que compreendem a atual coleção.
Tratava-se talvez de livros apocalípticos como o próprio livro 2º Esdras. Orígenes
utilizou o termo "apócrifo" para referir-se às obras apocalípticas,
ao passo que considerava a coleção de "apócrifos" como canónica. De
qualquer forma, parece que os apócrifos, no sentido de livros estranhos, englobavam
inicialmente todos os livros sagrados não incluídos no Cânon, não incluídos no
Cânon. Desses, uns eram mais populares que outros, e naturalmente os mais
populares é que chegaram até nós através da Vulgata Latina. No entanto, os
livros chamados "pseudepígrafos" (ou seja, livros publicados com o
nome de um autor antigo) também foram considerados de valor especial, e podemos
incluí-los no mesmo grupo dos "apócrifos".
Livros Apócrifos do Antigo Testamento-Lista e Características
1º livro. Esdras (3º Esdras, na Vulgata). Começa com uma
narrativa da grande festa da páscoa observada pelo rei Josias, a queda de
Jerusalém e o exílio; então alude ao retorno, à reconstrução do templo e às
reformas sob Esdras. A obra parece estar baseada em segundas Crônicas, Esdras e
Neemias, mas não foi terminada. Provavelmente é uma recensão separada,
independente da Septuaginta Em termos gerais, foi redigida em grego de melhor
qualidade do que o da Septuaginta. Está incluída a história dos três jovens na
corte de Dario 1º (capitulos. 3:1-4.42). Data: entre 150 e 50 antes de Cristo.
8º livro. Baruque. Uma obra composta, fornecendo alegadas
informações sobre o amanuense do profeta Jeremias. O livro combina a confissão
4655 dos pecados de Israel, que produziram a destruição de Jerusalém, em 586
ante de Cristo, com uma seção que louva a sabedoria, juntamente com outra seção
acerca da futura salvação de Israel. O livro exibe marcante dependência
literária de Jó, Daniel e Isaías. Era amplamente lido pelos judeus que viviam fora de
Israel, e tornou-se parte da cerimónia da sinagoga, tendo chegado até ao início
da era cristã. Foi inicialmente escrito em hebraico, mas sobrevive numa versão
grega. Data: cerca de 150-100 ante de Cristo.
9º livro. Epístola de Jeremias. Muitas
vezes, é adicionado como o sexto capítulo do livro de Baruque. Um
ataque vergastado contra a idolatria, refletindo os sentimentos de judeus leais
em meio ao paganismo. Seu original foi escrito em aramaico, como se fosse uma
carta de Jeremias aos judeus exilados na Babilônia (verja Jeremias. 29. 1).
Data: cerca de 150. ante de Cristo..
10º livro. Adições a
Daniel. Oração de Azarias, Cântico dos Três Jovens e História de Susana. Todas
essas adições aparecem nas Bíblias Grega e latina. A oração de Azarias, que
fala sobre o Filho, segue Daniel. 3.23. Na Bíblia grega, Susana antecede o
começo do livro de Daniel, mas é o décimo terceiro capítulo de Daniel, na
Vulgata Latina. Em algumas publicações e edições, forma um livro separado,
totalizando assim catorze livros apócrifos. Bel e o Dragão aparecem no fim do
livro de Daniel, na versão grega, mas é o décimo quarto capítulo do mesmo na
Vulgata. A oração e o cântico são notáveis exemplos da poesia litúrgica dos
Judeus. O Cântico continua sendo usado na adoração cristã como o Benedicite, em
duas partes do Livro de Oração. Susana é uma breve história que enfatiza a
proteção de Deus aos fiéis. Recomenda que se façam indagações separadas das
duas testemunhas requeridas pela lei judaica. Bel e o Dragão narra como foi
desmascarada a astúcia de babilônios idólatras, além de ridiculizar a idolatria
e a adoração dos cultos. Provavelmente teve um original hebraico talvez do
século III ante de Cristo., mas certas porções podem ser do ano 100 ante de
Cristo.
11º livro. O Jasão de Manasses. É um típico salmo penitencial
judaico, apropriadamente atribuído ao rei Manasses (2º crônicas 33.1-13), mas que, por motivos óbvios, não
foi composto por ele. Os livros apócrifos contêm muitos poemas religiosos e
muitas orações, servindo de estudo a devoção judaica pré-cristã. Essa obra
exemplifica o fato. Não há certeza se foi escrito originalmente em hebraico,
mas sobreviveu em grego. Data: século um, Ante de Cristo.
12º livro. 1º
Macabeus. Um relato da guerra de independência dos Macabeus, desde seus
primórdios, nos dias de Antíoco IV Epifânio, até o governo de João Hircano (135
a104 Ante de Cristo.), que se tornou sumo sacerdote e governante dos judeus. A narrativa
é direta, claramente fundamentada em registos e observações. Há
algumas incoerências internas, embora seja exato o bastante para que Josefo se
sentisse capaz de usá-la como fonte Informativa em suas Antiguidades. Foi
escrito em hebraico, tendo sido traduzido para o grego pouco depois de sua
publicação. Data: cerca de 104 Ante de Cristo.
13º livro. 2º
Macabeus. Sumário da obra Jasan de Cirene (cerca de 100 Ante de Cristo.) em
cinco livros. Aborda um período histórico bem mais breve que o de 1º Macabeus
(quinze, em vez de quarenta). Há pontos paralelos entre os dois livros: 1º
Macabeus 1-2; 2º Macabeus 4-7; 1º
Macabeus. 3-5; 2º Macabeus 8-10; 1º Macabeus. 6-7 e 2º Macabeus 11-15. O livro
lança mão de invenções sobrenaturais muito mais que 1º Macabeus.
O autor interessava-se pelo interesse de Deus pelo templo de
Jerusalém. A obra abunda em milagres e lendas sagradas, como o martírio dos
sete irmãos, expondo doutrinas a que objetaram os Reformadores protestantes.
Isso constituiu uma das razões para a rejeição de todos os livros apócrifos,
como a ração de almas encarnadas em favor de almas de falecidos, ou Alma de
falecidos em favor de almas encarnadas. A doutrina do purgatório. Também está
presente ali, sendo esta a única afirmação clara dessa doutrina, em obras que,
pelo menos em certos segmentos da cristandade, são consideradas canónicas e
autoritárias. Muitas outras religiões, entretanto, têm exposto uma forma ou trata de
purificação após a morte biológica.
Autor desconhecido informa que extraiu grande parte de seu de
uma obra em cinco volumes de Jason de Cirene. Por essa razão, o escritor
ficou conhecido como o epitomista. Ele mesmo nos proveu o prólogo (2.19-32), o
epílogo (15.37-39), e talvez a carta aos judeus egípcios (1.1-2.18). A obra de
Jason parece ter sido escrita em grego. Data: cerca de 100 Ante de Cristo.
Com 2º Macabeus termina a coletânea ordinariamente chamada
livros apócrifos Ainda outros livros dessa natureza foram usados em alguns
segmentos da Igreja antiga, como segue:
3º Macabeus. Aceito no
cânon das Igrejas orientais. O livro era também chamado Ptolemaica. Sua narrativa
envolve o reinado de Ptolomeu Filopater, que reinou entre 222 e 205 a.C. De
acordo com relato, ficou irado diante da recusa dos judeus por não o admitirem
no Santo dos Santos, no templo de Jerusalém, e retomou a Alexandria com
sentimentos assassinos no coração, em busca de vingança. Porém, uma intervenção
divina lhe frustrou o plano. Aparentemente foi escrito em grego. Data: de 1º
século ante de Cristo a 1º depois de Cristo.
Lendas, Erros E Heresias.
1. Narrativas Fantasiosas e Inverossímeis: Tobias 6.1-4
2. Equívocos Históricos e Geográficos nos Apócrifos
3. Promoção de Práticas Mágicas como Método de Exorcismo
4. Ensino de que Esmolas e Boas Obras Redimem Pecados
5. Perdão dos Pecados Através de Orações
6. Oração pelos Mortos e a Doutrina do Purgatório
7. Doutrina do Purgatório: Uma Invenção Herética
Alusões no Novo Testamento e Influências Posteriores
Livros Perdidos da Bíblia e Pseudepígrafos
Durante os séculos II e III, muitos escritos espúrios e heréticos surgiram, conhecidos como pseudepígrafos. Eusébio os descreveu como "totalmente absurdos e ímpios", embora nem tudo neles seja falso. Alguns desses escritos derivaram de tradições religiosas, possivelmente com raízes em alguma verdade.
Natureza dos Pseudepígrafos:
Esses livros eram acatados por seitas heréticas, mas a corrente principal do cristianismo os considerava espúrios e ímpios, seguindo a visão de Eusébio.
Número de Pseudepígrafos:
O número exato desses livros é difícil de determinar. No século XIX, Fótio listou cerca de 280 obras, mas desde então, muitas outras surgiram. Alguns dos pseudepígrafos mais importantes incluem:
- Evangelhos usados por Lucas: Documentos perdidos que foram fontes informativas para o Evangelho de Lucas (Lucas 1.1).
- Epístola aos Laodicenses: Mencionada em Colossenses 4.16, mas não preservada.
- Pseudepígrafos do Antigo Testamento: Apresentavam fantasias religiosas e curiosidade para descobrir mistérios não revelados nos livros canônicos, revelando uma tendência mórbida para apoiar idiossincrasias doutrinárias através de fraudes aparentemente piedosas.
Esses pseudepígrafos, embora contenham alguma fantasia, devem ser avaliados com uma abordagem crítica para separar qualquer resquício de verdade que possa estar presente em meio às narrativas fantasiosas.
EVANGELHOS
Evangelho de Tomé (século I):
- Descrição: Visão gnóstica dos supostos milagres da infância de Jesus.
Evangelho dos Ebionitas (século II):
- Descrição: Tentativa gnóstico-cristã de manter práticas do Antigo Testamento.
Evangelho de Pedra (século II):
- Descrição: Falsificação docética e gnóstica.
Proto-Evangelho de Tiago (século II):
- Descrição: Narrativa de Maria sobre o massacre dos meninos por Herodes.
Evangelho dos Egípcios (século II):
- Descrição: Ensinamento ascético contra casamento, carne e vinho.
Evangelho Árabe da Infância (?):
- Descrição: Registra milagres de Jesus na infância, no Egito, e a visita dos magos de Zoroastro.
Evangelho de Nicodemos (séculos II ou V):
- Conteúdo: Atos de Pilatos e a Descida de Jesus.
Evangelho do Carpinteiro José (século IV):
- Descrição: Escrito de uma seita monofisista que glorificava José.
História do Carpinteiro José (século V):
- Descrição: Versão monofisista da vida de José.
Passamento de Maria (século II):
- Conteúdo: Relata a assunção corporal de Maria e mostra estágios progressivos da adoração de Maria.
Evangelho da Natividade de Maria (século VI):
- Descrição: Promove a adoração de Maria, base da Lenda de Ouro no século XIII sobre a vida dos santos.
Evangelho de um Pseudo-Mateus (século V):
- Conteúdo: Narrativa sobre a visita de Jesus ao Egito e alguns milagres do final de sua infância.
13-21. Evangelho dos Doze, de Barnabé, de Bartolomeu, dos Hebreus (v. "Apócrifos"), de Marcião, de André, de Matias, de Pedro, de Filipe. - Descrição: Diversos evangelhos apócrifos atribuídos a diferentes apóstolos.
Esses evangelhos, não incluídos no cânon bíblico, oferecem visões diversas sobre a vida de Jesus e eventos associados, refletindo as interpretações e crenças de diferentes comunidades cristãs ao longo dos séculos
Atos de Pedro (século II):
- Conteúdo: Contém a lenda da crucificação de Pedro de cabeça para baixo.
Atos de João (século II):
- Influência: Reflete ensinos gnósticos e docéticos.
Atos de André (?):
- História: Narrativa gnóstica da prisão e morte de André.
Atos de Tomé (?):
- Conteúdo: Missão e martírio de Tomé na Índia.
Atos de Paulo:
- Características: Apresenta Paulo com características físicas específicas.
6-8. Atos de Matias, de Filipe, de Tadeu:
- Conteúdo: Diversas narrativas relacionadas a esses apóstolos.
Epístolas:
Carta atribuída a nosso Senhor:
- Conteúdo: Suposto registro da resposta de Jesus a um pedido de cura.
Carta Perdida aos Coríntios (séculos II-III):
- Descrição: Falsificação baseada em 1Coríntios 5.9.
(Seis) Cartas de Paulo a Sêneca (século II):
- Características: Falsificação recomendando o cristianismo para os discípulos de Sêneca.
Carta de Paulo aos Laodicenses:
- Descrição: Falsificação baseada em Colossenses 4.16.
Apocalipses:
Apocalipse de Pedro:
- Detalhes: Também relacionado em "Apócrifos".
Apocalipse de Paulo:
Apocalipse de Tomé:
Apocalipse de Estêvão:
Segundo Apocalipse de Tiago:
Apocalipse de Messos:
Apocalipse de Dositeu:
- Origem: Obras coptas do século III de cunho gnóstico, descobertas em Nag-Hammadi, Egito, em 1946.
Esses textos, muitos dos quais foram descartados pela tradição cristã, oferecem visões variadas e, em alguns casos, lendárias dos eventos e personagens do Novo Testamento, refletindo interpretações distintas e influências culturais ao longo do tempo.
OUTRAS OBRAS
Outras Obras e Livros Questionados: Breve Análise
Livro Secreto de João:
- Origem: Parte dos textos de Nag-Hammadi (1946).
- Características: Desconhecido até 1946, reflete visões específicas.
Tradições de Matias:
- Origem: Texto de Nag-Hammadi.
- Significado: Oferece visões particulares e tradições associadas a Matias.
Diálogo do Salvador:
- Origem: Também parte dos textos de Nag-Hammadi.
- Características: Inclui diálogos atribuídos a Jesus, apresentando perspectivas distintas.
Essas obras, descobertas em Nag-Hammadi em 1946, fornecem uma visão adicional sobre as interpretações e tradições relacionadas a figuras do Novo Testamento. A falta de reconhecimento generalizado se deve à sua natureza especulativa e ao fato de não terem sido incorporadas ao cânon oficial.
Livros Questionados - Antilegomena:
Definição: Livros cuja autenticidade foi questionada por alguns pais da igreja, ainda não obtendo reconhecimento universal até o século IV.
Hebreus:
- Questões: Anonimato do autor, falta de identificação como apóstolo.
- Resolução: Adoção gradual no cânon, aceitação após influência de Jerônimo e Agostinho.
Tiago:
- Desafios: Questões sobre autenticidade e ensino aparentemente conflitante com Paulo.
- Resolução: Aceitação após esforços de Orígenes, Eusébio, Jerônimo e Agostinho.
Segunda Carta de Pedro:
- Desafios: Dessemelhança de estilo com a Primeira Carta de Pedro.
- Resolução: Aceitação com base em razões linguísticas e históricas, apesar das diferenças.
Observações sobre os Antilegomena:
- Aceitação Gradual: A falta de comunicação entre Oriente e Ocidente contribuiu para a aceitação gradual desses livros.
- Crença Original: Apesar das dúvidas iniciais, esses livros eram considerados autênticos por comunidades apostólicas e subapostólicas.
- Problemas Particulares: Cada livro enfrentou questionamentos específicos, como anonimato, conflitos aparentes de ensino e diferenças de estilo.
Esses livros, conhecidos como antilegomena, foram, no entanto, aceitos integralmente no cânon do Novo Testamento após o século IV, uma vez superadas as dúvidas iniciais. Sua presença no cânon reflete a compreensão de sua autoridade divina e inspiração
A Defesa e Aceitação dos Livros Questionados: Análise Final
Segunda Carta de Pedro:
- William F. Albright: Datação anterior a 80 d.C., similaridades com Qumran, reforçando origem apostólica.
- Papiro Bodmer: Descoberta recente (século III), testemunhando respeito entre cristãos coptas por 2Pedro.
Primeira e Segunda Cartas de João:
- Identificação do Escritor: Anonimato nas cartas, identificação como "o presbítero".
- Defesa: Aceitação por Policarpo, Irineu, presença no Cânon muratório e Antiga latina.
- Conexão com João: Similaridade de estilo e mensagem com 1João, indicando autoria comum.
Judas:
- Desafios: Contestação por referências a Enoque e possível alusão à Assunção de Moisés.
- Defesa: Aceitação por Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cânon muratório.
- Explicação para Citações: Comparação com Paulo citando poetas não-cristãos, sem implicar autoridade divina.
Apocalipse:
- Antilegomena: Questionado no início do século IV, principalmente devido à doutrina milenarista.
- Aceitação Inicial: Reconhecido por autores do Didachê, pastor, Papias e Irineu.
- Controvérsia e Defesa: Debate prolongado até o século IV, com influência negativa de montanistas.
- Intervenção de Defensores: Atanásio, Jerônimo e Agostinho defendem o Apocalipse contra oposição.
- Resultado: Aceitação final no cânon sagrado após evidências de uso inadequado por seitas heréticas.
Conclusão Geral:
- Motivos Iniciais da Oposição: Falta de comunicação e interpretações equivocadas.
- Aceitação Definitiva: Revelação da verdade, conhecimento ampliado, reconhecimento pela comunidade cristã primitiva.
II. A DOUTRINA DOS LIVROS APÓCRIFOS
1. Doutrina de Deus:
- Transcendência: Tendência em destacar a transcendência de Deus, evitando mencionar diretamente seu nome.
- Perífrases: Uso de expressões como "Céu" em vez de mencionar Deus diretamente, como observado em 1 Macabeus.
- Doutrina dos Anjos: Ênfase na atuação dos anjos para evitar a necessidade de intervenção direta de Deus nos assuntos terrenos.
- Soberania de Deus: Desenvolvimento da doutrina da soberania divina, com predestinação precisa e reconhecimento da liberdade humana.
- Relações com os Homens: Apesar da transcendência, reconhecimento da Paternidade divina e relações de Deus com os homens.
2. Infalibilidade da Escritura:
- Inerrância e Infalibilidade: Afirmação de que a Bíblia não contém erros, sendo correta em tudo o que declara.
- Autoridade da Escritura: Necessidade de reconhecer a autoridade última da Escritura para manter a cosmovisão cristã.
- Desafio para os Críticos: Críticos devem justificar sua cosmovisão pessoal contra argumentos dos crentes em favor da veracidade da fé cristã.
- Unidade da Escritura: Necessidade de aceitar a Bíblia como unidade, não separando aspectos espirituais de históricos.
- Autoridade Última: Rejeição da autoridade última da Escritura implica uma mudança na afiliação ao cristianismo.
3. Livros Apócrifos:
- Apócrifos Propriamente Ditos: Breve descrição de alguns livros apócrifos, como 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Descanso de Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, Daniel (com apêndices), Or. Manassés, e 1 Macabeus.
- Variedade de Gêneros: Inclusão de narrativas históricas, apocalípticas, românticas e orações nos apócrifos.
- Combate à Heresia: Alguns livros, como Baruque e Daniel (apêndices), destinam-se a combater a heresia.
- Contexto de Produção: Indicação de períodos aproximados de produção dos apócrifos, situando-os entre os séculos III A.C. e I A.C.
Há quem suponha que o autor é contemporâneo dos acontecimentos que relata. O 2 Macabeus continua o anterior e expõe, num estilo primoroso, as façanhas de Judas Macabeu.
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