FIGURAS DE LINGUAGEM

Na Bíblia, encontramos muitos exemplos de figuras de linguagem, que são recursos retóricos utilizados para tornar a linguagem mais expressiva e impactante. Aqui estão alguns exemplos:

- Símile: Um símile é uma figura de linguagem que estabelece uma comparação direta entre duas coisas, usando palavras como "como" ou "assim". Por exemplo, no livro de Provérbios da Bíblia, encontramos o símile "neve no verão, chuva na sega" (Provérbios 26:1), que compara a inadequação de certas situações, como a presença de neve no verão ou chuva na época da colheita. Essa comparação ajuda a transmitir uma ideia de improbabilidade ou inadequação, utilizando elementos conhecidos para ilustrar a situação em questão. O uso de símiles enriquece a linguagem e ajuda a criar imagens vívidas na mente do leitor ou ouvinte.

- Metáfora: Metáfora é uma figura de linguagem que consiste na comparação implícita entre duas coisas, sem o uso de "como" ou "assim". Ela é frequentemente utilizada para enriquecer a linguagem, transmitir emoções e criar imagens vívidas na mente do leitor ou ouvinte.

Um exemplo de metáfora pode ser encontrado na passagem bíblica de Lucas 13.22, que menciona "aquela raposa". Neste contexto, a palavra "raposa" é utilizada para descrever alguém astuto, esperto ou até mesmo malicioso, sem a necessidade de fazer uma comparação explícita com outra coisa.

    A metáfora é uma ferramenta poderosa na comunicação, pois permite transmitir significados complexos de forma concisa e impactante. Ela pode ser encontrada em diversos contextos, desde a literatura e poesia até o discurso político e publicitário. Ao compreender e utilizar metáforas de forma eficaz, é possível enriquecer a comunicação e criar conexões mais profundas com o público-alvo.

- Hipocatástase: é uma figura de linguagem menos conhecida que também faz comparações diretas. Quando Davi disse: "Cães me cercam..." (SI 22.16), ele estava se referindo aos seus inimigos, chamando-os de cães. Da mesma forma, os falsos mestres são chamados de cães em Filipenses 3.2 e de lobos vorazes em Atos 20.29. As diferenças entre um símile, uma metáfora e uma hipocatástase podem ser identificadas nas seguintes frases.

Símile: "Vocês, ímpios, são comparáveis a cães,"

Metáfora: "Vocês, ímpios, são cães,"

Hipocatástase: "Seus cães."

Em João 1.29, João Batista usou uma hipocatástase: "... Eis o Cordeiro de Deus...". Se ele tivesse dito: "Jesus é semelhante a um Cordeiro", estaria fazendo uso de um símile. Mas se tivesse dito: "Jesus é um Cordeiro", estaria empregando uma metáfora. Quando Cristo disse a Pedro: "Cuide das minhas ovelhas" (Jo 21.17), ele se referia aos seus seguidores como ovelhas, utilizando uma hipocatástase.

O contexto precisa ser considerado para compreender o significado da hipocatástase. Por exemplo, Jeremias disse: " ... um leão subiu da sua ramada" (Jr 4.7). O contexto deixa evidente que o leão mencionado está relacionado à Babilônia.

- Metonímia: A metonímia é uma figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por outra com base em uma relação de proximidade ou associação. Um exemplo bíblico desse recurso de linguagem pode ser visto em Lucas 16.29, onde está escrito "têm Moisés e os profetas". Nesse caso, "Moisés e os profetas" são utilizados para representar as Escrituras, demonstrando a relação de proximidade entre esses termos. A metonímia é uma forma de enriquecer o discurso e transmitir significados de forma mais simbólica e expressiva.

- Sinédoque: é uma figura de linguagem que consiste no uso de uma parte para representar o todo, ou vice-versa. Um exemplo disso pode ser encontrado na passagem bíblica de Lucas 2:1, onde se menciona "todo o mundo" para se referir ao império romano. Nesse caso, a expressão "todo o mundo" é utilizada para representar a extensão do domínio e poder do império romano sobre vastas regiões. A sinédoque é uma forma de linguagem figurativa que pode ser encontrada em diversos contextos, incluindo textos literários, discursos políticos e até mesmo no cotidiano das pessoas.

- LitotesA litotes é uma figura de linguagem em que se utiliza uma negação para expressar uma afirmação de forma suavizada ou atenuada. Vejamos alguns exemplos de litotes na Bíblia:

Paulo sobre Tarso - Atos 21:39: "... Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante..." Neste caso, ao dizer que Tarso era "não insignificante", Paulo quer enfatizar que Tarso era de fato uma cidade importante.

Israelitas sobre sua própria aparência - Números 13:33: "Éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos, e assim também o éramos aos seus olhos." Aqui, os israelitas usam uma litotes para descrever sua própria aparência de forma depreciativa.

Lucas sobre o alvoroço entre os soldados - Atos 12:18: "houve não pouco alvoroço entre os soldados." Lucas utiliza a litotes para indicar que houve um grande alvoroço entre os soldados.

Lucas sobre o lucro em Éfeso - Atos 19:24: "não pouco lucro." Neste caso, Lucas usa a litotes para indicar que houve um lucro considerável em Éfeso.

Lucas sobre a tempestade no mar - Atos 27:20: "não pequena tempestade." Aqui, Lucas usa a litotes para descrever a intensidade da tempestade no mar.

Paulo sobre sua própria posição entre os apóstolos - 1 Coríntios 15:9: "Porque eu sou o menor dos apóstolos..." Neste caso, Paulo utiliza a litotes para expressar humildade ao se considerar o menor dos apóstolos.

Esses exemplos demonstram como a litotes é usada na Bíblia para transmitir uma ideia de forma mais sutil, muitas vezes para enfatizar um ponto ou expressar humildade.

- MerismaO merisma é uma figura de linguagem que consiste em usar uma parte para representar o todo, ou vice-versa, com o objetivo de enfatizar contrastes ou oposições. No Salmo 139:2, o salmista emprega o merisma ao dizer "Sabes quando me assento e quando me levanto", indicando que Deus conhece todos os seus movimentos, desde os mais simples até os mais significativos. Nesse contexto, o salmista não está limitando o conhecimento de Deus aos momentos específicos de sentar e levantar, mas está usando essas ações como representações simbólicas de toda a sua vida e atividades. O merisma destaca a abrangência e a profundidade do conhecimento de Deus sobre o salmista, ressaltando a compreensão divina de todos os aspectos da vida humana.

- Reticência: A reticência é uma figura de linguagem que consiste na interrupção abrupta do discurso, como se o falante não conseguisse concluir seus pensamentos. Geralmente, essa interrupção ocorre devido a emoções intensas, como surpresa, hesitação, tristeza ou emoção.

No exemplo de Moisés em Êxodo 32:32, ele expressa sua súplica a Deus pela misericórdia ao povo de Israel, mas sua frase é interrompida abruptamente, indicando sua angústia e incerteza sobre o que aconteceria. Da mesma forma, o apóstolo Paulo, em Efésios 3:1-2, parece iniciar um pensamento, mas não o conclui, sugerindo talvez uma pausa para reflexão ou para enfatizar a importância do que estava prestes a dizer.

O exemplo de Jesus em Lucas 19:42, onde ele chora por Jerusalém, também ilustra a reticência. Sua declaração é interrompida pela emoção do momento, demonstrando seu profundo pesar pela situação da cidade.

Essas interrupções repentinas no discurso adicionam uma camada de realismo e intensidade emocional à linguagem, capturando a complexidade e a profundidade dos sentimentos humanos.

- Ironia: é uma figura de linguagem que consiste em expressar o oposto do que se quer realmente dizer. Ela pode ser utilizada para transmitir sarcasmo, humor ou crítica de forma indireta. Um exemplo clássico de ironia é a frase "convosco morrerá a sabedoria" (Jó 12.:2), em que o sentido real é que a sabedoria não está presente naquela situação. A ironia é uma ferramenta poderosa na comunicação, pois permite transmitir mensagens complexas de forma sutil e muitas vezes impactante.

A ironia é uma figura de linguagem em que se expressa o oposto do que se quer dizer, muitas vezes de forma humorística ou sarcástica. Na Bíblia, a ironia pode ser identificada através do contexto e das intenções do falante. Aqui estão alguns exemplos de ironia na Bíblia:

Mical para Davi - 2 Samuel 6:20: "Que bela figura fez o rei de Israel, desvendando-se hoje, aos olhos das servas de seus servos, como sem se cobrir descobre qualquer dos vadios!" Nesta situação, Mical está sendo sarcástica ao condenar a atitude de Davi de dançar diante do Senhor, sugerindo que ele agiu de maneira inadequada. O contexto indica que sua intenção era o oposto do que suas palavras expressavam.

Elias e os profetas de Baal - 1 Reis 18:27: "Clamai em altas vozes, porque ele é deus; talvez esteja falando, ou ocupado, ou de viagem, ou quem sabe dorme e precise ser despertado." Aqui, Elias está sendo irônico ao zombar dos profetas de Baal, sugerindo que talvez Baal esteja ocupado ou dormindo e precise ser acordado. Esta ironia serve para destacar a ineficácia dos deuses falsos em contraste com o poder do Deus verdadeiro.

Paulo certamente empregou a ironia em suas cartas, como podemos ver em diversas passagens. Aqui estão alguns exemplos:

1 Coríntios 4:8: "Chegastes a reinar..." - Paulo usa a ironia ao sugerir que os coríntios estavam agindo como reis, quando na verdade não estavam vivendo de acordo com os princípios do evangelho. Ele subverte essa suposta "realeza" ao desejar que eles realmente reinassem, mas não no sentido mundano, e sim como verdadeiros seguidores de Cristo.

1 Coríntios 4:10: "...vós [sois] sábios em Cristo..." - Nesta passagem, Paulo utiliza a ironia ao questionar a suposta sabedoria dos coríntios em questões espirituais, mostrando que, na realidade, eles não estavam agindo com sabedoria verdadeira.

2 Coríntios 11:19: "Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos" - Aqui, Paulo novamente emprega a ironia ao criticar os coríntios por sua suposta tolerância com os falsos apóstolos. Ele usa o elogio aparente de sua sensatez para destacar a sua insensatez ao aceitar e tolerar aqueles que estavam ensinando falsas doutrinas.

Hendíade: A hendíade é, de fato, uma figura de linguagem na qual um único conceito é expresso por meio de dois termos coordenados, geralmente conectados pela conjunção "e". A ideia é que os dois termos trabalham juntos para definir ou enfatizar o mesmo conceito. No exemplo que você deu, "sacrifício e serviço" em Filipenses 2:17 é um bom exemplo de hendíade.

Em Filipenses 2:17 (NVI), o versículo diz: "E, mesmo que seja oferecido como libação no sacrifício e serviço provenientes da vossa fé, regozijo-me e com todos vós me congratulo." Aqui, "sacrifício e serviço" estão interligados para expressar a ideia de serviço que envolve sacrifício, e vice-versa.

Outro exemplo é "ministério e apostolado" em Atos 1:25, que se refere ao "ministério apostólico". Essa construção linguística é uma maneira de destacar a natureza específica do ministério, enfatizando a sua natureza apostólica.

- Hipérbole: é uma figura de linguagem que consiste no exagero intencional para enfatizar uma ideia. Ela é usada para criar impacto e chamar a atenção do ouvinte ou leitor. Um exemplo disso pode ser encontrado na passagem bíblica Deuteronômio 1:22, onde se diz "até aos céus", indicando um exagero para enfatizar a grandeza ou magnitude de algo. Essa técnica é comumente utilizada na literatura, na poesia e na linguagem cotidiana para transmitir sentimentos e impressões de forma mais intensa.

- Apóstrofe: O apóstrofe é uma figura de linguagem que consiste na invocação de algo ou alguém ausente como se estivesse presente. Um exemplo clássico dessa figura de linguagem é encontrado na Bíblia, mais especificamente no livro de 1Coríntios 15:55, onde se lê: "ó morte, ó inferno". Nesse contexto, o apóstrofe é utilizado para expressar uma emoção intensa, como um chamado direto à morte e ao inferno, como se estivessem presentes e sendo interpelados. Essa figura de linguagem é comumente utilizada na literatura para criar um impacto emocional e dar ênfase ao discurso.

- OnomatopeiaA onomatopeia é uma figura de linguagem em que uma palavra imita o som do objeto que ela representa. Exemplos comuns incluem murmúrio, sussurro, cicio, chiado, tique-taque, entre outros. No livro de Jó 9.26, o verbo "lançar" é um exemplo de onomatopeia no hebraico. O verbo hebraico é יְסַע (yəsaʿ), cuja pronúncia imita o som da águia (ou do falcão peregrino) quando se lança sobre a presa a uma velocidade elevadíssima. Outro exemplo é o termo hebraico para "botija", em Jeremias 19.1 e 10, que é בַּקְבֻּק (baqbuq), cuja pronúncia imita o som de água gorgolejando de uma botija. Jeremias também empregou esse termo como uma paranomásia, pois, no versículo 7, a palavra para "ruína" ou "arruinarei", conforme se encontra na NVI, é בָּקַק (baqaq), cujo som é semelhante ao da palavra que tem o significado de botija.

Às vezes, duas figuras de linguagem se misturam. Quando Miquéias escreveu: "prestai atenção, ó terra..." (1.2), ele usou uma apóstrofe, referindo-se à terra como se estivesse presente, e uma personificação, atribuindo-lhe o sentido humano da audição. Essas mesmas duas figuras de linguagem aparecem em Salmos 114.5: "Que tens, ó mar...?".

- OxímoroUm oxímoro é uma figura de linguagem que consiste na combinação de termos opostos ou contraditórios para criar um efeito poético ou retórico. Aqui estão alguns exemplos de oxímoros na Bíblia:

"Silêncio eloquente": Esta expressão combina "silêncio", que normalmente denota ausência de som ou comunicação, com "eloquente", que sugere expressão fluente e persuasiva. A ideia é que o silêncio pode ser tão poderoso e expressivo quanto as palavras.

"Covarde valentia": Aqui, "covarde" e "valentia" são termos que se opõem, pois "covarde" denota medo ou falta de coragem, enquanto "valentia" sugere bravura e audácia. A combinação dos dois termos cria uma imagem de alguém que age corajosamente de uma maneira que parece covarde.

"Inocente culpa": Nesta expressão, "inocente" e "culpa" são opostos diretos, pois "inocente" sugere falta de culpa ou responsabilidade, enquanto "culpa" denota responsabilidade por um erro ou crime. O oxímoro destaca a ironia de alguém ser considerado culpado quando na verdade é inocente.

"Cópia original": Aqui, "cópia" geralmente denota uma reprodução ou duplicata de algo, enquanto "original" sugere autenticidade e singularidade. A combinação dos dois termos cria uma imagem paradoxal, destacando uma aparente contradição entre ser uma cópia e ser original.

"Dores de parto da morte" (Atos 2:24): Nesta expressão, "dores de parto" e "morte" são experiências opostas, sendo que as dores de parto geralmente estão associadas ao nascimento, enquanto a morte é o fim da vida. A combinação destes termos destaca a intensidade da dor e sofrimento experimentados por Jesus antes de sua morte.

"Glória na infâmia" (Filipenses 3:19): Aqui, "glória" geralmente denota honra ou reconhecimento, enquanto "infâmia" sugere desonra ou má reputação. A combinação destes termos destaca a ironia de alguém se orgulhar de algo que deveria ser motivo de vergonha.

"Sacrifícios vivos" (Romanos 12:1): Nesta expressão, "sacrifícios" sugere renúncia ou abnegação, enquanto "vivos" denota vitalidade ou existência. A combinação destes termos destaca a ideia de oferecer a própria vida como um sacrifício vivo, estando plenamente vivo enquanto se dedica ao serviço de Deus.

- Personificação: A personificação, também chamada de prosopopeia, é uma figura de linguagem que envolve atribuir características humanas a seres inanimados ou abstratos. Um exemplo clássico desse recurso é encontrado na passagem bíblica de Lucas 7.55, onde é mencionado "filhos da sabedoria", personificando a própria sabedoria. Nesse caso, a sabedoria é tratada como se fosse uma entidade capaz de gerar descendentes, atribuindo-lhe características humanas, como a capacidade de procriar. Essa figura de linguagem é frequentemente utilizada na literatura e na poesia para dar vida e expressividade a conceitos e objetos, tornando-os mais próximos da experiência humana.

- Pleonasmo: Um pleonasmo é uma figura de linguagem que envolve a repetição desnecessária de palavras ou termos semelhantes, resultando em redundância. Aqui estão alguns exemplos de pleonasmo na Bíblia:

Jó 42:5: "Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi" - Neste verso, Jó está expressando sua compreensão de que agora ele realmente conhece a Deus, enfatizando a profundidade de sua experiência. No entanto, a repetição das palavras "ouvir" e "ouvidos" é redundante na língua culta.

Atos 2:30: "Deus lhe havia jurado com juramento" - Este é outro exemplo de pleonasmo, onde a repetição da palavra "juramento" é redundante na língua culta. Uma tradução mais fluida pode simplificar para "Deus lhe havia jurado..."

Mateus 2:10: "Alegrem-se com grande e intenso júbilo" - Aqui, a expressão "grande e intenso" é redundante, já que ambos os termos transmitem a ideia de uma grande alegria. Uma forma mais concisa poderia ser "alegraram-se com grande júbilo".

Outros exemplos comuns: Expressões como "ele respondeu e disse" e "elevou os olhos e viu" também são consideradas pleonasmos, já que a ação de responder geralmente implica falar, e a ação de levantar os olhos geralmente implica ver.

Esses exemplos ilustram como o pleonasmo pode ocorrer na linguagem bíblica, muitas vezes refletindo o estilo poético e a ênfase característica de muitos textos sagrados.

-  Eufemismo: O eufemismo consiste em substituir uma expressão desagradável ou injuriosa por outra mais suave ou inócua. Um exemplo disso é quando falamos sobre a morte utilizando termos como "passou para o outro lado", "bateu as botas" ou "foi para uma melhor". Na Bíblia, a morte dos cristãos é descrita como um adormecimento, como mencionado em Atos 7:60 e 1 Tessalonicenses 4.13-15. Essa prática de suavizar termos desagradáveis ou dolorosos é comum em diversas culturas e contextos, visando amenizar o impacto emocional de certas situações.

-   ElipseElipse é a omissão de uma ou mais palavras que, ao faltar, deixa a estrutura gramatical incompleta. Às vezes, um adjetivo ligado a um substantivo substitui ambos. Em português, "a capital" significa "a cidade capital". "Os doze" representa "os doze apóstolos" (1 Co 15:5). Em 2 Timóteo 4:18, temos, literalmente: "O Senhor [...] me preservará para o seu reino celestial". A ideia é que o Senhor preservaria Paulo e o conduziria para o seu reino celestial. As palavras "me levará" precisam ser introduzidas pelo leitor para completar a estrutura gramatical da frase.

- Antropopatismo: Na passagem de Jeremias 15:6, o profeta descreve Deus como tendo "dor no coração", atribuindo a Ele um sentimento humano de tristeza e sofrimento. Essa linguagem antropomórfica é comum na Bíblia, onde Deus é descrito usando características humanas para que as pessoas possam entender melhor Suas ações e emoções. No entanto, é importante ressaltar que essa linguagem não deve ser interpretada literalmente, mas sim como uma forma de expressar a compaixão e o cuidado de Deus pelo Seu povo. Deus é transcendente e não está sujeito às mesmas limitações e emoções humanas, mas Sua compaixão e amor são representados por meio dessas metáforas.

- Antropomorfismo: Atribuição de características físicas humanas a Deus. Por exemplo, Jeremias 1:19 descreve Deus como colocando "sua mão" sobre o profeta. Essa figura de linguagem é comum em textos religiosos e serve para facilitar a compreensão e a comunicação de conceitos divinos para os seres humanos, que têm uma compreensão limitada do divino. O uso do antropomorfismo permite que as pessoas se identifiquem e se relacionem com Deus de uma maneira mais tangível, mesmo que seja por meio de metáforas e simbolismos.

-  ZoomorfismoO zoomorfismo é uma forma de atribuir características animais a Deus ou a outras entidades. É uma maneira expressiva e original de destacar certos atos e qualidades do Senhor. Um exemplo disso é quando o salmista disse: "[Deus] Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas estarás seguro..." (SI 91:4). Essa imagem evoca a ideia de pintinhos ou passarinhos protegidos debaixo das asas da galinha ou do pássaro-mãe.

Outro exemplo é quando Jó descreveu o que considerou ser a ira de Deus contra ele, ao dizer: "[Deus] contra mim rangeu os dentes..." (Jó 16:9). Nesse caso, a imagem transmitida é a de um ser divino expressando sua ira de forma semelhante a um animal, no caso, rangendo os dentes.

Essas figuras de linguagem são poderosas formas de expressar a relação entre o divino e o humano, utilizando elementos da natureza e do reino animal para ilustrar aspectos da divindade.

-   Zeugma: O zeugma é uma figura de linguagem em que um verbo ou outro termo relacionado é compartilhado por dois ou mais elementos, geralmente substantivos ou frases, em uma construção sintática onde normalmente apenas um desses elementos seria exigido logicamente pelo verbo. Essa figura cria uma economia de palavras e, muitas vezes, um efeito estilístico ou humorístico.

Em Lucas 1:64, a expressão "Sua boca se abriu e sua língua" ilustra o zeugma. O verbo "abriu" normalmente seria seguido por apenas um substantivo, como "boca", pois é a parte do corpo que fisicamente se abre. No entanto, a língua também está sendo mencionada aqui, e embora não seja algo que se "abre" da mesma forma que a boca, o zeugma permite que o verbo seja compartilhado por ambos os elementos. Em português, a expressão "Sua boca se abriu e sua língua" pode parecer incompleta ou estranha, então adicionamos a palavra "desimpedida" para tornar a frase mais fluente e compreensível, como mencionado na tradução em português.

-  Pergunta retórica: Uma pergunta retórica é uma figura de linguagem que não espera uma resposta direta, mas sim pretende provocar reflexão ou reforçar uma ideia. Geralmente, é utilizada para enfatizar um ponto de vista, transmitir uma mensagem ou fazer uma declaração de forma mais dramática. Vejamos alguns exemplos de perguntas retóricas na Bíblia:

Deus para Abraão - Gênesis 18:14: "Acaso para Deus há cousa demasiadamente difícil?" Essa pergunta retórica destaca o poder e a soberania de Deus.

Deus para Jeremias - Jeremias 32:27: "... acaso haveria cousa demasiadamente maravilhosa para mim?” Essa pergunta retórica enfatiza a força e o domínio de Deus. de realizar milagres e intervenções sobrenaturais.

Paulo em Romanos - Romanos 8:31: "... Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Essa pergunta retórica enfatiza a segurança e a proteção que os cristãos têm em Deus.

Jesus para as multidões - Mateus 26:55: "... Saístes com espadas e cacetes para prender-me, como a um salteador?” Essa pergunta retórica enfatiza a injustiça da prisão de Jesus ao contrastá-lo com um criminoso.

Jesus sobre dar boas dádivas - Lucas 11:11-12: "Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [...] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião?” Essas perguntas retóricas destacam a bondade e a generosidade de Deus em oposição à maldade humana.

-   ParadoxoUm paradoxo é uma afirmação que parece contraditória ou absurda à primeira vista, mas que, na verdade, contém uma verdade profunda. Aqui está um exemplo de paradoxo na Bíblia:

"Quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á" (Marcos 8:35): Este é um paradoxo porque, geralmente, quando alguém perde algo, não o salva ao mesmo tempo. No entanto, Jesus está enfatizando que aqueles que estão dispostos a sacrificar suas vidas por Ele e pelo evangelho experimentarão uma vida mais plena e significativa. Perder a vida para o mundo pode levar à salvação espiritual e à vida eterna em Cristo. Este paradoxo reflete a ideia de que, ao renunciarmos aos nossos próprios desejos e nos entregarmos a Cristo, encontramos verdadeira vida e propósito.

"Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos" (Mateus 20:16): Este paradoxo é encontrado na parábola dos trabalhadores na vinha, onde aqueles que foram contratados por último aqueles que trabalharam o dia inteiro receberam o mesmo pagamento. Jesus usa essa frase para ilustrar como o Reino dos Céus opera de maneiras que frequentemente desafiam as normas sociais e expectativas humanas.

"Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará" (Marcos 8:35): Neste paradoxo, Jesus está ensinando que aqueles que estão dispostos a renunciar aos seus próprios desejos e conforto terão uma vida mais plena e eterna. É uma inversão das expectativas humanas sobre a busca da felicidade e realização pessoal.

"Porque, quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Coríntios 12:10): O apóstolo Paulo expressa esse paradoxo ao falar sobre sua própria fraqueza e dependência de Deus. Ele reconhece que é na fraqueza humana que a força de Deus é mais evidente, mostrando que o poder de Deus se manifesta de maneiras que vão além da compreensão humana.

- Paronomásia: é o uso de palavras semelhantes para criar diferentes significados. Ela é às vezes chamada de "jogo de palavras" ou "trocadilho". Por exemplo, Jesus disse a alguém: "... Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Mt 8.22), usando "mortos" com dois sentidos diferentes. Em 2 Samuel 7, a palavra "casa" é usada para se referir a um templo e à dinastia de Davi. Miquéias também usou jogos de palavras, como em Miquéias 1.10-15, quando falou aos moradores de Bete-Le-Afra. Isaías usou palavras de sons parecidos para criar impacto verbal em Isaías 5.7. No Novo Testamento, os autores também usaram aliteração, como em Lucas 21.11 e Romanos 1.29. Em Filipenses 2.15, a aliteração das palavras gregas "irrepreensíveis", "sinceros" e "inculpáveis" acrescenta impacto ao texto. Em 1 Coríntios 15.58, a aliteração de "trabalho" e "vão" também é usada para enfatizar a mensagem.


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