DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

 

Categorização da Teologia por Charles Ryrie

É importante destacar que a teologia pode ser categorizada de diversas maneiras, e Charles Ryrie (2004. p.15-16.), identifica três tipos principais: 

[a] Por época, como teologia patrística, medieval, reformada e contemporânea;

[b] Por ponto de vista, como teologia arminiana, calvinista, barthiana e da libertação; 

[c] Por ênfase, como teologia histórica, bíblica, sistemática, apologética e exegética.

Divisão Clássica da Teologia

A divisão clássica da teologia geralmente se baseia no tipo de teologia por ênfase, organizando os assuntos para facilitar seu estudo e compreensão. Nessa perspectiva, a teologia é dividida em cinco partes principais: teologia exegética, teologia histórica, teologia dogmática, teologia bíblica e teologia sistemática. Embora outros autores possam propor diferentes divisões, isso não invalida a abordagem clássica, apenas oferece diferentes perspectivas de observação.

Classificação Segundo Myer Pearlman

Myer Pearlman (2004. p.10-11), seguindo o modelo clássico, classifica a teologia da seguinte maneira:

1.   Teologia exegética: Este ramo procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras, utilizando conhecimento das línguas originais em que foram escritas.

2.   Teologia histórica: Traça a história do desenvolvimento da interpretação doutrinária, envolvendo o estudo da história da igreja.

3.   Teologia dogmática: Estuda as verdades fundamentais da fé conforme apresentadas nos credos da igreja.

4.   Teologia bíblica: Mapeia o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a abordagem de cada escritor em relação às doutrinas importantes.

5.   Teologia sistemática: Agrupa os ensinamentos bíblicos sobre Deus e o homem em tópicos, de acordo com um sistema definido. Por exemplo, os textos sagrados relacionados com a natureza e a obra de Cristo são agrupados sob o título "Doutrina de Cristo".

Teologia Exegética: Buscando o Verdadeiro Significado das Escrituras.

A teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras, utilizando princípios de interpretação formal para compreender o sentido dos textos. O termo "exegese" vem do grego, significando "guiar para fora" ou "explicar". Na linguagem técnica, a exegese se refere à interpretação específica de um texto, enquanto os princípios gerais aplicados nessa interpretação são chamados de hermenêutica.

Eisegese versus Exegese: Interpretação Correta versus Distorção.

 Por outro lado, a eisegese é o oposto da exegese. Envolve ler no texto o que alguém deseja encontrar, distorcendo-o para se adequar às próprias ideias do intérprete. Enquanto a exegese é uma prática séria, a eisegese é considerada uma distorção do texto.

Qualificações do Intérprete: Intelecto, Educação e Espiritualidade.

Embora a interpretação da maioria das Escrituras seja relativamente simples, algumas partes podem ser mais complexas. É importante que o intérprete tenha algumas qualificações, como intelecto, educação e espiritualidade. Milton S. Terry enfatizou que um intérprete competente deve ser capaz de perceber claramente o significado do texto, entender a argumentação lógica do autor e discernir entre o conteúdo doutrinário e prático.

Controlando a Imaginação na Interpretação das Escrituras Milton S. Terry enfatiza a importância de controlar a imaginação ao interpretar as Escrituras, pois uma mente excessivamente fértil pode prejudicar a interpretação correta. Ele destaca que o intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a Escritura, aplicando a razão em cada parte dela.

A Natureza Humana da Bíblia e o Chamado à Investigação Terry (1977. Pp.151-158), ressalta que a Bíblia foi escrita em linguagem humana, convidando à investigação e pesquisa, e condenando a crença cega. Portanto, a maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu e capacitar outros a extrair aprendizado das Escrituras, como recomendado pelo apóstolo Paulo a Timóteo. “Ora, é necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24).

Importância da Qualificação Educacional na Interpretação das Escrituras Em relação à qualificação educacional, Terry menciona a importância de adquirir conhecimento sobre os fatos relacionados às Escrituras por meio de estudo e pesquisa. Isso inclui entender a geografia da Palestina e regiões vizinhas, conhecer as histórias gerais e bíblicas para confirmar e complementar a revelação das Escrituras, dominar a cronologia e compreender os sistemas políticos e sociais que influenciaram os eventos descritos na Bíblia. Essa base educacional é crucial para uma interpretação precisa das Escrituras, como também destaca o apóstolo Paulo em suas exortações a TimóteoAté a minha chegada aplica-te à leitura, à exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há em ti...” (1Tm. 4:13, 14).

Qualificação Espiritual na Interpretação Bíblica.

A qualificação espiritual é fundamental para a interpretação bíblica. A sabedoria e a aprendizagem são fundamentais, mas sem a orientação do Espírito Santo, que é o autor da Bíblia, tudo se torna incompleto, afirma Terry. Portanto, como o Dr. Loyd Jones ensina, é crucial ter uma abordagem espiritual no texto. O pecado pode cegar nossos olhos e impedir que enxerguemos claramente a vontade de Deus revelada em um texto estudado, mesmo com esforço. O principal objetivo do intérprete deve ser alcançar a verdade, preceito ou doutrina do texto estudado. Não podemos permitir que o texto diga o que queremos ouvir, mas devemos lutar para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta, dizendo: “Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7). (Ibidem).

Introdução à Teologia Histórica

A teologia histórica, também conhecida como história da teologia ou história da doutrina, está intimamente ligada à história da igreja e à teologia cristã. Ela traça o desenvolvimento da interpretação doutrinária ao longo do tempo e envolve o estudo da história da igreja em suas diversas áreas e aspectos.

Natureza Interdisciplinar da Teologia Histórica.

Há debates sobre se a teologia histórica é primordialmente história ou teologia, mas é consenso que ela está estreitamente conectada a ambas as áreas. Enquanto a história da igreja aborda principalmente os eventos, personagens e movimentos ao longo da história da igreja, incluindo sua prática e reflexão sobre missões, liturgia, organização e relacionamento com a sociedade, a teologia histórica se concentra mais especificamente na reflexão e no ensino da igreja ao longo do tempo.

Escopo e Abordagem da Teologia Histórica.

 A teologia histórica pode abordar diversos tópicos, desde a análise de temas doutrinários específicos que receberam definições oficiais da igreja, como a doutrina da Trindade e a doutrina da pessoa de Cristo, até questões mais amplas que ultrapassam os limites da teologia clássica, como questões filosóficas, éticas, políticas e sociais.

Objetivo da Teologia Histórica.

 Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas presente na vida da igreja em cada período histórico, utilizando tanto a história do dogma quanto a história do pensamento cristão em sua elaboração.

A teologia histórica, segundo Alister McGrath (apud MATOS, 2007. p.17 ), é o ramo da investigação teológica que tem como objetivo explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar os fatores que influenciaram sua formulação. Noutras palavras, a história da teologia regista as respostas às principais questões do pensamento cristão e, simultaneamente, procura explicar os elementos que influenciaram a sua formulação das respostas.

Para além de ser um recurso educativo que fornece conhecimento sobre a evolução dos principais temas teológicos, as vantagens e desvantagens das diferentes abordagens e os momentos mais significativos do pensamento cristão em termos de autores e documentos, a história da teologia também é uma ferramenta crítica. Isso porque permite identificar as falhas, as limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, possibilitando seu contínuo aperfeiçoamento.

Teologia Dogmática.

Introdução à Teologia Dogmática.

A Teologia Dogmática, também conhecida como Teologia Sistemática, estuda as verdades fundamentais da fé de acordo com os credos e confissões de fé da igreja. Seu objetivo é estabelecer declarações que orientem a igreja e deem sentido para uma prática religiosa consistente.

O Conceito de Credo na Teologia Dogmática.

O pastor Esequias Soares conceitua o credo como uma interpretação precisa e autorizada das Escrituras, destinada a sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas e proteger o pensamento cristão contra heresias. (SOARES, 2013. p.31).

Funções de um Credo ou Declaração de Fé.

Mark Noll destaca que a construção de um credo ou declaração de fé deve servir pelo menos três funções: servir como declarações autorizadas da fé cristã que incorporam as novas ideias dos reformadores, sem abandonar formas que também possam fornecer instrução regular para os fiéis mais simples; erguer um estandarte ao redor do qual uma comunidade local possa se unir, tornando claras as diferenças com os oponentes; e possibilitar uma reunificação da fé e da prática, visando a unidade e estabelecendo uma norma para disciplinar os desviados.

Teologia Dogmática versus Teologia Sistemática.

Edson Douglas de Oliveira observa que é comum considerar a teologia dogmática como teologia sistemática. Ele define a Dogmática como um discurso da igreja sobre sua fé, uma reflexão teológica feita a partir da igreja sobre questões em que ela crê e que precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada.

Teologia Bíblica

Abordagens da Teologia Bíblica.

A Teologia Bíblica aborda várias perspectivas e é utilizada de diversas maneiras:

Esclarecimento dos Temas e Ideias da Bíblia Essa abordagem busca determinar o que a Bíblia realmente ensina, sem os pressupostos que podem distorcer interpretações particulares. É uma atividade que pode desafiar as denominações religiosas, cuja existência muitas vezes depende da interpretação seletiva de certos ensinamentos bíblicos.

Articulação da Significação Teológica da Bíblia como um Todo Embora a Bíblia não seja um livro homogêneo, essa abordagem tenta encontrar pontos de conexão e significado teológico em toda a Escritura. Apesar dos desafios, essa tentativa pode gerar insights valiosos.

Construção de um Sistema Teológico Completo Alguns grupos, como os evangélicos fundamentalistas e conservadores, e até mesmo Karl Barth e sua neo-ortodoxia, tentaram desenvolver sistemas teológicos abrangentes baseados exclusivamente na Bíblia como fonte informativa. Essa abordagem pode envolver a rejeição das tradições eclesiásticas em favor de uma interpretação mais direta das Escrituras.

Pressuposto da Concordância entre os Autores Bíblicos Esta abordagem parte do pressuposto de que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de vista fundamentais. Ao estudar as exposições de ideias dos autores bíblicos, busca-se entender exatamente quais eram seus pontos de vista.

A Essência da Teologia Bíblica Segundo Tenney

Segundo Tenney (2008, p.840), "A Teologia Bíblica é o exercício de tentar determinar as declarações de fé da Bíblia de forma sistemática. Esta definição reconhece a Bíblia como um livro de fé, ou seja, ela registra o significado redentor do encontro de Deus com o homem". Este autor também observa que o termo "sistemática" não sugere de forma alguma que as categorias da Teologia Sistemática devem guiar este exercício. Pelo contrário, ele afirma que indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as declarações de fé dos escritores bíblicos individual e coletivamente, de acordo com os padrões de expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, Tenney declara que existe um esforço para apresentar não só uma declaração organizada, mas também uma descrição coesa da fé presente na Bíblia.

Metodologia da Teologia Bíblica.

A metodologia da Teologia Bíblica, segundo Tenney, aborda diversos aspectos, e um deles é a questão da unidade da Bíblia. Essa unidade é desafiadora devido à variedade de gêneros literários e períodos históricos presentes nos livros do Antigo e do Novo Testamentos.

Com a diversidade de material literário, surge a questão da norma para interpretar esses livros. Por exemplo, no Antigo Testamento, deve-se seguir a opinião liberal de que os profetas representam a religião hebraica normativa? No Novo Testamento, a norma deve ser buscada nos sinóticos, nas cartas de Paulo ou nos escritos de João?

No entanto, é razoável afirmar que, apesar da diversidade, existe um testemunho comum da atividade redentora de Deus em benefício da humanidade pecadora. Essa unidade deve estabelecer um elo entre os dois testamentos, especialmente para os cristãos que veem Jesus como o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Essa ideia é apoiada pelas palavras de Jesus e pela compreensão de que o Antigo Testamento apresenta a promessa e o Novo Testamento, seu cumprimento.

Assim, a Teologia Bíblica deve dar atenção ao que liga os livros da Bíblia como uma unidade em termos históricos e teológicos, reconhecendo a diversidade, mas também buscando a coesão e o testemunho comum da obra redentora de Deus ao longo da história da humanidade.

b) A abordagem da história da salvação na Teologia Bíblica destaca a importância dos eventos históricos como veículos da revelação de Deus e como elementos-chave na compreensão da fé judaico-cristã. Essa perspectiva reconhece que a história não é apenas uma sucessão de eventos aleatórios, mas sim o contexto no qual Deus se revela e age em prol da salvação da humanidade.

Os eventos históricos descritos na Bíblia, desde a Criação até o estabelecimento da igreja, são vistos como manifestações da atividade redentora de Deus em favor de seu povo. Esses eventos não são meras coincidências, mas sim ações intencionais de um Deus vivo que demonstra sua natureza redentora ao longo da história.

A expressão alemã "Die Heilsgeschichte", ou "história da salvação", enfatiza que a história é o meio pelo qual Deus revela e realiza seu plano de salvação para a humanidade. Essa história da salvação destaca a intervenção de Deus em diferentes momentos da história para resgatar e sustentar seu povo redimido.

A centralidade da história na fé judaico-cristã é destacada por diversos teólogos do Antigo e do Novo Testamentos, que reconhecem que a história é o contexto no qual a revelação de Deus se desenrola e se torna compreensível para seu povo.

Portanto, para que a Teologia Bíblica seja válida em sua metodologia, é fundamental que ela aborde e mostre essa história da salvação, reconhecendo-a como um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico e como parte integrante da revelação de Deus de si mesmo aos seres humanos

c) A abordagem que considera Cristo como a chave das Escrituras ressalta a importância central de Cristo na interpretação e compreensão tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos. Essa perspectiva afirma que é através de Cristo que as Escrituras são verdadeiramente entendidas e cumpridas.

Sem o Novo Testamento, o Antigo Testamento é visto como incompleto, pois apresenta uma promessa sem o seu cumprimento. A vinda de Cristo é vista como o ponto culminante da história da redenção, dando sentido pleno às promessas feitas no Antigo Testamento.

A igreja primitiva valorizava as Escrituras do Antigo Testamento não apenas porque Jesus não as repudiou, mas também porque elas forneciam a base para entender a história sagrada de Israel e sua relação com Cristo. Três eventos em particular, registrados em Lucas-Atos, (Lc 24.13-35), são destacados como demonstrações da centralidade de Cristo na interpretação das Escrituras: o caminho de Emaús, a defesa de Estêvão. (At 7), e o encontro de Filipe (At 8.26-39) com o eunuco etíope. “Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v.35).

Esses eventos mostram como Cristo é o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel, e como Ele é a chave para entender a relação entre o Antigo e o Novo Testamentos. Isso levanta questões hermenêuticas importantes, como a busca por figuras e a tipologia histórica que reconheça a unidade da fé dos santos do Antigo Testamento, enquanto mantém a equação entre promessa e cumprimento.

A tarefa da Teologia Bíblica é, portanto, precisa e crucial nesse ponto, pois busca explorar e elucidar a relação entre Cristo e as Escrituras, reconhecendo-o como o cumprimento das promessas e o ponto de referência para a interpretação bíblica.

d] Confessional e Kerigmático: A Bíblia não é apenas um registro de eventos históricos, mas também uma declaração de fé. A Teologia Bíblica reconhece que algumas passagens bíblicas são declarações de fé antes de serem declarações teológicas. Ela também busca destacar os elementos confessionais e kerigmáticos da Bíblia, mostrando como eles são essenciais para uma compreensão verdadeiramente bíblica das Escrituras. Além disso, a Teologia Bíblica presta atenção às entrelinhas e às inferências teológicas que podem ser extraídas das passagens bíblicas, mesmo quando elas não são explicitamente teológicas.

A abordagem confessional e kerigmática da Teologia Bíblica enfatiza que a Bíblia não é apenas um registro histórico, mas também uma declaração de fé no Deus que age em prol da salvação da humanidade. Esta abordagem reconhece que muitas declarações bíblicas não devem ser simplesmente entendidas como proposições teológicas, mas como expressões de fé que transcendem a análise racional e lógica.

Dualidade da Bíblia: Confessional e Kerigmática.

A Bíblia tem uma vertente confessional e kerigmática. Não se resume apenas ao registo de eventos e factos relacionados a um antigo povo, mas é também uma profunda declaração de fé num Deus que agiu em prol da salvação. Judeus e cristãos "confessam" Deus como Salvador e pregam, através das Escrituras, que ele é o Salvador da humanidade, em particular através de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento.

Em termos metodológicos, essa perspectiva destaca três pontos importantes:

1.   Natureza confessional das Escrituras: As Escrituras contêm elementos confessionais e kerigmáticos, ou seja, declarações de fé e proclamações da mensagem central do evangelho. Esses elementos devem ser evidentes na sistematização do pensamento bíblico. Embora algumas abordagens possam tentar interpretar a Bíblia apenas com base em abstrações filosóficas ou teológicas, a verdadeira Teologia Bíblica reconhece e incorpora a natureza confessional do material bíblico.

2.   Leitura nas entrelinhas: É importante ler nas entrelinhas das Escrituras para extrair não apenas o significado explícito, mas também a mensagem subjacente e implícita. Por exemplo, embora as cartas de Paulo frequentemente tratem de questões locais, elas também expressam uma posição teológica geral que precisa ser discernida e relacionada ao conjunto do pensamento paulino e ao Novo Testamento como um todo.

3.   Estudo definitivo da Bíblia: A Teologia Bíblica é um estudo abrangente da Bíblia que busca demonstrar a revelação de Deus por meio de Cristo e seu propósito de redimir a humanidade pecadora. Essa abordagem é auxiliada por outras disciplinas bíblicas e se esforça para desenvolver sistemas de interpretação que estejam fundamentados nas próprias Escrituras.

Teologia Sistemática

A Teologia Sistemática é uma disciplina que se diferencia da Teologia Bíblica em sua abordagem e escopo. Enquanto a Teologia Bíblica se concentra na análise dos textos bíblicos individualmente e em sua progressão ao longo da história, a Teologia Sistemática tem como objetivo principal a sistematização e organização das doutrinas da fé cristã em um conjunto coerente.

Três Aspectos Fundamentais da Teologia Sistemática.

Os três aspectos importantes na verificação do conceito da teologia sistemática, de acordo com Alln Myatt  e Frank Ferreira (2002. p.13-14), são os seguintes:

[a] Exposição coerente: A Teologia Sistemática busca apresentar uma compreensão coerente das doutrinas da Bíblia, examinando o que a Bíblia inteira diz sobre cada doutrina e como essas doutrinas se relacionam logicamente entre si. Isso envolve construir uma cosmovisão que abarque todas as áreas da vida que são influenciadas pela mensagem bíblica, tornando a Teologia Sistemática uma disciplina compreensiva.

[b] Base nas Escrituras: A Teologia Sistemática se baseia exclusivamente nas Escrituras como sua autoridade final. Ela evita especulações não fundamentadas e se limita ao que está claramente declarado na Bíblia. Os teólogos são incentivados a reconhecer quando estão se aventurando em especulações e a não atribuir a essas especulações a mesma autoridade que atribuem à Palavra de Deus.

[c] Alvo prático: Embora lide com questões abstratas e complexas, a Teologia Sistemática sempre tem como objetivo mostrar como suas conclusões afetam a vida cotidiana das pessoas. Ela busca conectar suas reflexões teóricas com a prática da fé e a vida diária dos crentes. A verdadeira teologia é aquela que não é apenas teórica, mas que tem em mente as necessidades das pessoas que estão nas igrejas, buscando ajudá-las a conhecer, obedecer e amar a Deus de maneira mais profunda e significativa.

Em suma, a Teologia Sistemática procura oferecer uma exposição coerente das doutrinas bíblicas, fundamentada nas Escrituras e com um alvo prático que visa impactar positivamente a vida das pessoas e sua relação com Deus.

Esses são os principais ramos da Teologia Sistemática, que abordam diferentes aspectos da fé cristã:

a) Teologia Própria: Este ramo trata do estudo de Deus, explorando sua natureza, atributos e obra. É centrado na compreensão da pessoa de Deus e de sua relação com o mundo e com os seres humanos.

b) Hamartiologia: A Hamartiologia é o estudo do pecado, investigando sua natureza, origem e consequências. Examina a condição pecaminosa da humanidade e sua necessidade de redenção.

c) Soteriologia: A Soteriologia é o estudo da salvação, enfocando como Deus salva os pecadores e os reconcilia consigo mesmo. Analisa os meios e os efeitos da redenção proporcionada por Cristo.

d) Paracletologia: Este ramo trata do Espírito Santo, explorando sua pessoa, obra e papel na vida da igreja e dos crentes. Examina a atividade do Espírito Santo na santificação, orientação e capacitação dos crentes.

e) Escatologia: A Escatologia é o estudo das últimas coisas, incluindo temas como a segunda vinda de Cristo, o juízo final, o destino dos crentes e dos incrédulos, e a consumação do reino de Deus.

f) Angelologia: Este ramo trata dos anjos, explorando sua natureza, origem, atividade e papel na execução dos propósitos divinos. Examina as diferentes categorias de anjos e seu relacionamento com os seres humanos.

g) Antropologia: A investigação sobre a natureza humana - Mateus 19.4: “Ele respondeu: ‘Não lestes que, no princípio, o Criador os fez homem e mulher’”.

h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo - Mateus 1.18: “O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José e, antes de coabitarem, concebeu pelo Espírito Santo”.

i) Bibliologia: A análise da Bíblia - 2 Timóteo  3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça”.

Esses ramos da Teologia Sistemática são fundamentais para uma compreensão abrangente da fé cristã, abordando diferentes aspectos da revelação divina e sua aplicação na vida dos crentes.

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BIBLIOGRAFIA

McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. 

 MYATT, Allan e FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002.

RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.

SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé - Breve guia histórico do cristianismo. Recife: Bereia, 2013. 

TERRY, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977.

TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

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