Entendendo o Dispensacionalismo:
O
dispensacionalismo é uma abordagem teológica que muitas vezes é mal
compreendida e até mesmo ridicularizada por alguns. No entanto, é importante
reconhecer que o dispensacionalismo tem suas bases na interpretação cuidadosa
das Escrituras e no respeito pelo texto sagrado.
Princípio Fundamental:
Um dos
princípios fundamentais do dispensacionalismo é respeitar o sentido do texto
bíblico dentro do contexto em que foi escrito. Isso significa que os
dispensacionalistas buscam entender e aplicar as Escrituras de acordo com seu
contexto histórico, cultural e literário.
O Milênio como Última Dispensação:
Além
disso, o dispensacionalismo enfatiza a ideia de que o milênio é a última
dispensação antes da eternidade. Isso significa que o milênio, como descrito na
Bíblia, é um período especial que representa a plenitude dos tempos e a
realização das promessas de Deus.
Divergências e Diálogo:
Embora
haja diferentes interpretações sobre o início e o fim da dispensação da Graça,
os dispensacionalistas geralmente concordam que o milênio é um período
único na história da redenção, no qual Cristo reinará sobre a terra por mil
anos.
É
importante reconhecer que o dispensacionalismo é uma abordagem teológica
complexa que requer estudo e reflexão cuidadosa das Escrituras. Embora
possa haver divergências de opinião dentro do próprio dispensacionalismo,
é essencial manter um diálogo respeitoso e buscar uma compreensão mais profunda
das verdades bíblicas.
O Milênio ocorrerá na Terra
De
acordo com a interpretação dispensacionalista, o milênio descrito na Bíblia
ocorrerá na terra, e não no céu. Isso é fundamentado em passagens como 1
Coríntios 6:2, que menciona que os santos julgarão o mundo. Esse julgamento
não se refere apenas a uma avaliação judicial, mas também ao governo e
liderança sobre as nações, semelhante ao que os juízes faziam no livro de
Juízes do Antigo Testamento.
Portanto,
a crença é que a igreja, como o corpo de Cristo, participará desse governo e
liderança durante o milênio, em colaboração com Cristo. Isso sugere que o
milênio não será uma experiência exclusivamente celestial, mas sim uma era
terrena na qual a igreja reinará com Cristo sobre as nações.
Essa
interpretação é parte da visão dispensacionalista sobre os eventos
escatológicos e o papel da igreja na consumação final da história.
O Diabo estará preso durante o Milênio
Vamos começar analisando Apocalipse 20:1-7, onde é descrito que o diabo será aprisionado por mil anos antes do início do milênio. Esse período é essencialmente um reinado literal e universal de Jesus Cristo sobre todas as nações, no qual toda oposição a Deus será neutralizada. Durante o Milênio, Cristo reinará diretamente na terra, estabelecendo uma teocracia completa. Esse período prepara o cenário para o reino eterno, onde se cumprirá a profecia de que todos os joelhos se dobrarão e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor.
Além
disso, durante o Milênio, haverá um governo total de Cristo, onde os
ímpios que já estiverem mortos serão ressuscitados para comparecer diante do
justo Juiz. Qualquer rebelião será prontamente punida, refletindo a autoridade
absoluta de Jesus sobre todos. Esses aspectos são fundamentais para compreender
o papel do Milênio na escatologia bíblica.
Haverá dois tipos de povos no Milênio
Durante
o Milênio, haverá dois grupos distintos na terra. O primeiro grupo será
composto pelos crentes glorificados, formado pelos salvos que foram arrebatados
e aqueles que sobreviveram ao período da tribulação. Esses crentes
glorificados, incluindo os mártires do período da tribulação, governarão
com Cristo durante esse período. Por outro lado, o segundo grupo será
constituído pelos povos naturais, que são aqueles que permanecerão em seus
estados físicos normais. Este grupo incluirá os judeus que sobreviveram ao
período da tribulação, os gentios poupados no julgamento das nações conforme
descrito em Mateus 25, e também aqueles que nascerem durante o Milênio.
É
importante ressaltar que Israel desempenhará um papel central entre esses povos
naturais, pois terá posse de toda a terra prometida, estendendo-se desde o Mediterrâneo.
Este período representa uma era única em que a igreja glorificada
reinará com Cristo, enquanto os povos naturais experimentarão o governo
de Deus de maneira tangível e direta.
Israel será protagonista no Milênio
Durante
o Milênio, Jerusalém assumirá um papel central na administração das leis
e na disseminação da piedade. De acordo com as profecias em Isaías 2:2 e
Miqueias 4, a lei e a palavra de Deus emanarão de Jerusalém,
estabelecendo a piedade como norma entre as nações. Durante esse período, a
impiedade, a incredulidade e a rebelião não serão toleradas, ao contrário do
que ocorre na era atual da graça, onde muitas vezes as pessoas se rebelam
contra Deus.
Os
textos bíblicos são claros em afirmar que qualquer forma de rebelião
será prontamente reprimida, e os pecadores não terão liberdade para pecar
impunemente. Ao contrário das leis favoráveis aos pecadores que existem
atualmente, no Milênio o justo Juiz estará presente para julgar com rigor, não
havendo tolerância ao pecado. Embora Deus nunca force ninguém a servi-Lo,
aqueles que optarem por desobedecer enfrentarão as consequências, conforme
descrito em Deuteronômio 28.
Nesse
contexto de paz e justiça, prevalecerá a autoridade de Cristo, e as nações
desfrutarão de um período de tranquilidade, sem guerras, onde a paz e a justiça
serão características marcantes das transações e relações entre os povos.
Não haverá guerras no Milênio
Conforme
Zacarias 12:10, a Bíblia profetiza que o Espírito de Súplica será
derramado sobre os judeus, trazendo consigo renovação e restauração para toda a
terra. Este versículo sugere uma intervenção divina especial para o povo de
Israel, indicando um período de restauração espiritual e renovação das relações
entre Deus e Seu povo escolhido. Esse derramamento do Espírito de Súplica pode
ser interpretado como um momento de despertar espiritual para os judeus,
marcando uma fase de reconciliação e fortalecimento da fé entre eles. Essa
renovação espiritual não se limitaria apenas aos judeus, mas teria impacto em
toda a humanidade, trazendo bênçãos e restauração para toda a face da terra.
A Terra será renovada no Milênio
A Bíblia
também menciona que um rio fluirá debaixo do templo, o qual irá revitalizar
toda a área ao redor. Inclusive a região do Mar Morto, conhecida como arabá,
tem sido afetada pelo ressecamento, resultando na formação dos bolaines. Isso
ocorreu devido à exploração mineral e extração de água do Jordão e afluentes
menores do Mar Morto. Esses bolaines são pequenos lagos secundários que
passaram a abrigar alguma forma de vida. Embora algumas pessoas considerem isso
como o cumprimento da profecia, na verdade, o verdadeiro cumprimento ocorrerá
no Milênio, quando a região será totalmente revitalizada, com a presença de
peixes no Mar Morto e florestas ao redor. Isso será a prova definitiva
de que a terra está sendo restaurada, e a vida será prolongada como no
princípio.
Haverá um novo Templo no Milênio
Haverá
um novo período, e este será verdadeiramente distinto em todos os aspectos.
Quando menciono "novo", não me refiro apenas à sua sequência
temporal, mas à sua natureza renovada. Ao comparar o Templo de Salomão
com o Templo de Babel, podemos observar que o segundo não alcançou o esplendor
do primeiro. Assim, está claro que haverá um terceiro templo durante o período
relacionado, para que as profecias de Mateus 24:15 se cumpram. Jesus faz
referência a Daniel ao mencionar a abominação da desolação, indicando que o
templo estará de pé durante o período do anticristo. Paulo também aborda esse
tema em 2 Tessalonicenses, e Apocalipse 13 alude indiretamente à
profanação do templo, que será realizada pelo anticristo e pelo falso profeta,
sob o controle de Satanás, conforme descrito em Apocalipse 16:13.
Durante
o Milênio, a cidade de Jerusalém será significativamente
expandida, estendendo-se em todas as direções. Seu território será ampliado, e
dentro desta nova extensão da cidade, conforme explicado por Ezequiel, haverá
outra cidade. Este novo período trará uma renovação e restauração completas em
toda a face da terra, como indicado em Zacarias 12:10, e um rio fluirá
do templo, revitalizando toda a região ao redor, incluindo o Mar Morto. Assim,
o Milênio trará uma transformação total, marcando uma nova era de paz e justiça
sob o reinado de Cristo.
No Milênio, Jesus reinará de modo
presencial
Fica
claro, então, que o próprio Senhor Jesus estará pessoalmente reinando na
terra. Embora isso possa ser difícil de entender para nós hoje, a palavra de
Deus é clara. O Mestre Antônio Gilberto costumava dizer que o mais
difícil de acontecer foi Deus se tornar homem e habitar entre nós, e o
Deus-homem morrer em nosso lugar. Jesus morreu em nosso lugar para que Deus não
morresse, mas o Deus-homem, no sentido de que Jesus, ao se tornar homem, nunca
deixou de ser Deus. Ele entregou sua vida por nós. Assim, se o Verbo que se fez
carne habitou entre nós e chegou ao ponto de morrer em nosso lugar, isso é
muito mais difícil de acreditar do que o fato de que ele reinará pessoalmente
na terra, conforme as profecias afirmam.
Sempre
cito, e vou citar novamente, Romanos 8:18, onde Paulo diz que as
aflições do tempo presente não se comparam com a glória que há de ser revelada
em nós. Tudo o que acontece após o arrebatamento é um mistério para nós. A
Bíblia descreve os eventos que ocorrerão, mas como perceberemos isso e como nos
sentiremos é algo em outra dimensão. No caso do Milênio, onde a igreja
estará reinando com Cristo e já estará glorificada, será uma experiência
completamente nova. Cristo reinará literalmente na terra, mas não há nenhuma
referência clara de que ele será visto por todos os povos naturais. Jesus
estará reinando em poder, e sua presença será manifestada de maneiras que ainda
não podemos compreender totalmente.
É
claro, pois a Bíblia diz que quando ele vier em glória para o seu reino.
Portanto, se Jesus estiver em glória, é difícil para as pessoas em corpos
naturais contemplarem Jesus em sua glória, a menos que ele queira se revelar a
elas. Apenas o Todo-Poderoso detém controle sobre o seu próprio poder. Então,
se Jesus quiser diminuir sua glória para que as pessoas possam vê-lo, somente
ele tem esse poder. Durante o Milênio, se ele desejar se apresentar aos
povos naturais e falar com eles diretamente, ele poderá fazer isso. No entanto,
na condição de glória, somente a igreja glorificada poderá vê-lo. A Bíblia
afirma que nós o veremos como ele é (1 João 3). Os povos naturais, se
Jesus estiver se apresentando com sua glória, não poderão olhar para ele.
Portanto, penso que, considerando a analogia da Bíblia, somente a igreja
glorificada verá Jesus como ele é. Os povos naturais terão conhecimento de que
Jesus está reinando e terão contato com as leis que emanam de Jerusalém, mas
não poderão vê-lo em sua glória, a menos que ele escolha limitar sua própria
glória, como fez aos discípulos após a ressurreição. Em alguns casos, eles nem
o reconheceram até que ele se revelou a eles e então desapareceu de sua vista.
Se ele quiser fazer isso, ele pode, mas se estiver em glória, acredito que os
povos naturais não terão a possibilidade de vê-lo.
Haverá sacrifícios no Templo do Milênio
Então,
haverá uma nova forma de adoração, especialmente significativa para os judeus,
pois Deus fez uma aliança com Abraão e outra com Israel. Essa aliança começa
com Abraão e tem suas ramificações, sendo a principal a aliança abraâmica.
Além disso, há a aliança davídica, a nova aliança mencionada em Jeremias e a
aliança mosaica, que é condicional. No entanto, a aliança davídica está ligada
à aliança abraâmica e é incondicional. O que Deus prometeu ali será
cumprido, e é por isso que haverá a preservação de um remanescente. Deus sempre
preserva aqueles que obedecem, mesmo que apenas um pequeno grupo obedeça. Deus
começará o Milênio com esse pequeno grupo, o remanescente israelita que
entrará no Milênio. Claro, ao longo dos mil anos, muitas coisas
acontecerão, incluindo nascimentos e outras mudanças. O próprio povo de Israel,
como povo natural, se multiplicará, assim como todos os outros povos.
Apresentei essas informações para que você entenda que o Milênio será
algo diferente do que é hoje.
Então,
durante o Milênio, haverá povos naturais, mas eles estarão sob o governo
literal de Cristo, que reinará na terra. A própria Terra será abençoada como
nunca antes, e Israel, em particular, será muito mais abençoado, pois Jerusalém
será a sede do governo milenial. A Bíblia menciona em Ezequiel sobre ofertas
sacrificiais, o que pode gerar dúvidas, pois alguém pode perguntar: "Se
Cristo já morreu de uma vez por todas, por que haveria sacrifícios?".
Entendemos, pela analogia geral da Bíblia, que esses sacrifícios serão
principalmente um memorial do sacrifício de Cristo. No entanto, discordo dessa
interpretação, porque em Ezequiel está claro que Deus perdoará os pecados.
Alguns afirmam equivocadamente que as pessoas do Antigo Testamento eram
perdoadas por meio das obras da lei ou dos sacrifícios de animais. No entanto,
a salvação sempre foi pela graça, e os sacrifícios eram apenas figuras ou
representações do sacrifício de Jesus. Quando lemos em Apocalipse 13:8 que
Jesus é o Cordeiro de Deus morto desde a fundação do mundo, isso significa que
desde o momento em que Deus criou o mundo e colocou o primeiro casal, Adão e
Eva, todos os sacrifícios de animais realizados tinham como propósito
simbolizar o sacrifício futuro de Jesus.
No caso do Cordeiro, como vemos em Isaías 53, é
um símbolo. A diferença entre tipo e símbolo é clara: o tipo tem uma
representação específica, um antítipo. O tipo só existe por causa do antítipo.
O Cordeiro Pascal é um tipo de Cristo, que é o antítipo do Cordeiro
Pascal. O símbolo é mais geral. O Cordeiro simboliza Jesus, pois como
mencionado em Isaías, ele é descrito como um Cordeiro mudo. Se observarmos um
Cordeiro ou uma ovelha sendo tosquiada, veremos que ela permanece em silêncio
total, mesmo quando está prestes a ser morta. Essa característica faz do
Cordeiro uma representação de Jesus. Quanto ao sacrifício de animais no futuro,
como mencionado nas profecias bíblicas, embora seja difícil de entender, não
cabe a nós questionar. Se está na profecia bíblica, devemos aguardar para ver.
Não devemos relativizar ou tentar explicar de forma mais leve só porque não
conseguimos entender completamente. Algumas pessoas tendem a alegorizar ou dar
explicações simplificadas aos textos sagrados quando algo não faz sentido para
elas. No entanto, o sacrifício de animais no templo pode ser entendido como um
memorial, assim como a ceia do Senhor é um memorial.
Hoje
em dia, não participamos mais do ritual de sacrifício de animais, mas ao comer
o pão e beber o cálice, estamos realizando esses atos em memória do sacrifício
que Jesus fez pelos israelitas. Essa prática tem uma grande importância dentro
da tradição judaica. Durante o Milênio, conforme mencionado na Bíblia,
haverá sacrifício de animais. No entanto, isso não será para fins de salvação
em si, embora o texto indique que haverá perdão. É importante ressaltar que o
perdão não é concedido por causa do sacrifício em si, mas é um memorial da obra
que Jesus realizaria. No Antigo Testamento, durante o Yom Kipur, ou Dia
da Expiação, o perdão não era concedido devido aos sacrifícios de animais, mas
sim pela graça de Deus. Esses sacrifícios eram apenas uma representação do
perdão que viria por meio da obra de Jesus. No Milênio, mesmo com a prática do
sacrifício animal, a salvação continua sendo pela graça. É essencial reconhecer
e entender as profecias bíblicas, mesmo que algumas delas sejam difíceis de
compreender. Não podemos simplesmente alegorizar o que está claramente descrito
como literal nas Escrituras, apenas porque não conseguimos compreender
completamente.
O
contexto de Ezequiel é bastante claro e não permite interpretações
alegóricas. É explicitamente afirmado que Israel habitará em sua própria terra
e que haverá a reconstrução do templo. As profecias detalham com clareza os
eventos que ocorrerão durante esse período. Portanto, não temos permissão para
simplificar ou reinterpretar essas profecias de acordo com nossa conveniência.
Muitos
tentam simplificar ou reinterpretar passagens proféticas, especialmente aquelas
relacionadas ao Milênio, como se não fossem literais. Por exemplo, há debates
sobre a duração de mil anos mencionada no Apocalipse, ou sobre a
natureza das ressurreições. No entanto, tais tentativas de reinterpretar o
texto sagrado geralmente carecem de base sólida e parecem ser motivadas pela
vontade de alterar a mensagem original das Escrituras.
Com
base em tudo isso que foi exposto, é evidente que durante o Milênio, a terra
estará sob condições diferentes, e haverá uma manifestação da soberania divina
de maneira tangível.
Haverá uma nova ordem mundial no Milênio
No
atual contexto, o termo "novo normal" é frequentemente utilizado para
descrever mudanças e adaptações decorrentes de diversos acontecimentos,
incluindo pandemias e transformações sociais. No entanto, também se fala em uma
"nova era", envolvendo uma gama de conceitos que muitas vezes se
contrapõem aos princípios da fé cristã.
No
entanto, quando nos referimos ao Milênio, estamos falando de uma verdadeira
transformação positiva e duradoura. Durante esse período, haverá uma nova ordem
mundial, caracterizada pela paz genuína e pela soberania de Cristo. Enquanto o
diabo tenta distorcer esses conceitos, usando termos como "novo
normal" e "nova ordem mundial" para promover sua agenda, é
importante lembrar que a verdadeira manifestação dessas ideias ocorrerá somente
quando Cristo estiver reinando.
Quanto
à questão da saúde durante o Milênio, é importante entender que haverá
dois grupos distintos de pessoas: a igreja glorificada e os povos naturais. A
igreja glorificada, conforme descrito em 1 Coríntios 15, estará revestida da
incorruptibilidade e imortalidade, livres de dor, tristeza e morte. Por outro
lado, os povos naturais, embora vivendo sob o reinado de Cristo, ainda terão
corpos sujeitos aos efeitos do pecado. Esses corpos não serão glorificados e,
portanto, estarão sujeitos aos problemas de saúde comuns à condição humana.
Assim,
enquanto o "novo normal" e a "nova era" do mundo atual
podem ser distorcidos por agendas contrárias à fé, o verdadeiro novo normal e a
nova era serão estabelecidos apenas durante o reinado de Cristo no Milênio,
trazendo paz e justiça verdadeiras para toda a humanidade.
Embora
os corpos dos povos naturais durante o Milênio possam estar sujeitos aos
efeitos do pecado, incluindo doenças e enfermidades, é importante reconhecer
que a vida humana nesse período será abençoada de maneira especial pela
presença e soberania de Cristo. Embora permaneçam sujeitos às limitações e
fraquezas inerentes à condição humana, a influência restauradora do reinado de
Cristo e as bênçãos divinas sobre a terra contribuirão para mitigar os efeitos
negativos do pecado.
É
fundamental compreender que, apesar de estarem sob a mesma condição humana que
experimentamos hoje, os povos naturais do Milênio desfrutarão de um ambiente de
paz, justiça e harmonia, decorrente da presença direta de Cristo reinando sobre
a terra. Portanto, embora possam enfrentar desafios e dificuldades, a vida
durante o Milênio será marcada por uma nova era de bênçãos e restauração,
refletindo os propósitos redentores de Deus para toda a humanidade.
Haverá longevidade no Milênio
Os
textos bíblicos em Isaías 65 e Zacarias 8, indicam claramente que
durante o Milênio a vida humana será prolongada, assim como no princípio da
história, como registrado em Gênesis. Vemos exemplos como o de Adão, que viveu
séculos, e Noé, além de outros homens que alcançaram longevidade. Essa longevidade
pressupõe uma condição especial de saúde, que era presente mesmo após a entrada
do pecado no mundo.
É
importante notar que, apesar dos avanços na medicina atualmente, a longevidade
registrada na Bíblia, como no caso de Matusalém, não se deve apenas aos
recursos médicos disponíveis. Naquele tempo, as pessoas viviam em condições
especiais que Deus permitia, mesmo sem os avanços tecnológicos atuais.
Acredita-se que no Milênio essa condição especial será restaurada, e pode-se
até inferir que haverá vantagens adicionais em relação ao primeiro período da
história humana.
No Milênio,
haverá vários fatores que contribuirão para a longevidade e para uma melhor
qualidade de vida. Entre esses fatores estão as bênçãos especiais de Deus sobre
a terra, uma vez que o próprio Senhor Jesus estará reinando pessoalmente. Além
disso, é esperada uma redução do efeito do pecado, embora as pessoas ainda
estejam sujeitas ao germe do pecado que passou a todos os homens.
É
importante mencionar que haverá mudanças climáticas e uma redução na influência
maligna, já que Satanás estará preso e a ação dos demônios será anulada. Com o
príncipe dos demônios fora de ação, muitos males que ocorrem hoje não serão
presentes durante o Milênio. Além disso, espera-se melhores condições de vida,
incluindo melhor nutrição e saúde.
Com
essas condições favoráveis, é provável que haja um aumento na longevidade e na
taxa de natalidade, enquanto os óbitos serão reduzidos. Esses aspectos são
destacados por estudiosos como o mestre Antônio Gilberto em seu livro,
que fornece informações ricas sobre o Milênio.
É extraordinário que o mestre Antônio
Gilberto afirme que no Milênio apenas aqueles que cometeram pecados
dignos de morte morrerão, incluindo aqueles que forem afetados por
enfermidades, mas somente os desobedientes. Essa afirmação é baseada na
analogia geral da Bíblia, embora não seja uma conclusão definitiva. Isaías 65
também lança luz sobre esse assunto.
Essa
posição resolveria um problema levantado por muitas pessoas sobre quando os
crentes ressuscitarão, uma vez que a Bíblia só menciona uma ressurreição antes
do início do Milênio, mencionada no Apocalipse 20. Se os justos viverem
durante todo o Milênio, não haveria necessidade de uma nova ressurreição,
exceto a ressurreição dos ímpios no final do período milenar.
Entretanto,
ainda surgirá um desafio, pois a Bíblia indica que haverá sobreviventes
rebeldes mesmo durante o Milênio, pois Satanás será solto no final do período e
enganará muitas pessoas, que se rebelarão contra Deus. Essas pessoas não terão
passado pelo Milênio na condição de santas e só se rebelarão após o período
milenar.
É
evidente que essas pessoas já tinham uma inclinação e estavam seguindo um
caminho errado antes mesmo de se rebelarem no final do Milênio.
Portanto, é crucial confrontar essas diferentes posições e entender que há
aspectos que não podem ser completamente esclarecidos no momento presente.
O que
podemos afirmar com certeza é que o Milênio ocorrerá, povos naturais
habitarão a Terra e haverá morte durante esse período, como claramente descrito
em Isaías 65. Como mencionado pelo mestre Antônio Jorge, a morte será uma
consequência do pecado, e é importante reconhecer que os povos naturais poderão
sofrer enfermidades e morte, embora as bênçãos de Deus, a longevidade, a saúde
plena e outras condições favoráveis possam reduzir significativamente esses
eventos.
A
profecia sobre a saúde das nações mediante a árvore da vida também é relevante
nesse contexto, sugerindo que as condições de saúde durante o Milênio serão
muito favoráveis e que será difícil para as pessoas morrerem de enfermidades.
Não haverá árvore da vida no Milênio
A
profecia sobre a saúde das nações mediante a árvore da vida, mencionada em Apocalipse
22:2, não se refere ao Milênio, mas sim ao estado eterno que ocorrerá após
o Milênio, quando Deus restaurará todas as coisas. Nesse estado eterno, não
haverá doenças, dores ou morte. Então, surge a questão sobre por que as nações
precisariam comer da árvore da vida para ter saúde, já que o próprio estado
eterno será um estado de glorificação.
Embora
essa seja uma questão que pode não ter uma resposta definitiva, é interessante
observar como teólogos, como o mestre Antônio Gilberto, abordam esse assunto.
Ele era conhecido por sua comunhão íntima com Deus e sua capacidade de lançar
luz sobre questões complexas. Embora algumas de suas ideias possam ser
consideradas sugestões e não afirmações dogmáticas, ele sempre abordava esses
temas com humildade e respeito pela Palavra de Deus. Seu livro "O
Calendário da Profecia" é uma fonte valiosa de insights sobre o
Milênio e a eternidade, oferecendo uma perspectiva única e enriquecedora sobre
esses assuntos.
Essa
interpretação proposta pelo mestre Antônio Gilberto levanta algumas
questões intrigantes. Ele sugere que a passagem de Apocalipse 22 se refere aos
sobreviventes do Milênio, que não serão glorificados como a igreja e, portanto,
precisarão comer da árvore da vida para viver para sempre. No entanto, isso cria
um dilema, pois se eles deixarem de comer da árvore da vida, deixarão de viver
eternamente. Isso levanta a questão de por que Deus manteria duas classes de
pessoas na eternidade, especialmente quando a Bíblia afirma claramente que não
haverá morte para nenhum grupo de salvos.
Essa
interpretação pode parecer contraditória com a ideia de uma única classe de
salvos desfrutando da vida eterna sem morte. Além disso, sugere a possibilidade
de morte mesmo na eternidade, o que não condiz com as promessas bíblicas de
vida eterna e imortalidade para os salvos. Portanto, essa posição pode ser
questionada à luz das escrituras e da coerência teológica.
Nesse
contexto, os teólogos começam a adentrar no campo da filosofia, ao comparar as
folhas da Árvore da Vida a "vitaminas sobrenaturais". Essa analogia
sugere que as vitaminas não são tomadas para curar doenças, uma vez que não
haverá doenças no céu, mas sim para promover a saúde em geral. A vida celestial
será completamente energizada, e, segundo essa perspectiva, todos os salvos
precisarão se alimentar da Árvore da Vida para alcançar uma condição cada vez
melhor e progredir.
Stanley
Horton oferece uma perspectiva que parece mais alinhada com a
analogia geral da Bíblia. Ele sugere que não haverá duas classes de
pessoas na eternidade, mas que todos estarão no mesmo estado quando Deus criar
novos céus e nova Terra. Nesse estado renovado, todos os salvos, incluindo
aqueles provenientes do Milênio, serão glorificados e farão parte de um único
povo de Deus. Essa visão elimina a necessidade de duas categorias distintas de
salvos e sugere uma unidade entre todos os redimidos.
Quanto
à explicação de Mark Hitchcock sobre a cura, ele aponta para a origem do
termo grego "terapia", que deu origem à nossa palavra
"terapia" e "terapêutica". Segundo ele, as folhas da árvore
da vida representam uma espécie de terapia ou cura para as nações. Isso sugere
que, mesmo na eternidade, haverá uma provisão divina para a saúde e o bem-estar
das pessoas, simbolizada pelas folhas da árvore da vida. Essa interpretação
destaca a continuidade do cuidado de Deus para com Seu povo ao longo de toda a
eternidade.
Contudo,
diante dessas considerações, é importante adotar uma postura de espera e
observação. O tempo presente e suas aflições não podem ser comparados à glória
que será revelada. A profecia mencionada em Apocalipse 22:2 sobre as
folhas da Árvore da Vida sendo para a saúde das nações não se refere ao
Milênio, mas sim à eternidade. Aqui reside o problema da interpretação.
Para
esclarecer, aqueles que participam do Milênio são a igreja glorificada e os
povos naturais. A igreja glorificada já está em um estado inalterável de
glorificação, enquanto os povos naturais requerem uma explicação mais
detalhada.
Os
povos mencionados são aqueles provenientes do período da Grande Tribulação. São
pessoas que, em teoria, foram salvos durante esse tempo, como indicado em Mateus
25, onde Jesus se refere a eles como "benditos de meu Pai, possuí por
herança". É importante ressaltar que o termo "benditos de meu
Pai" não seria aplicado aos ímpios. Portanto, pressupõe-se que esses povos
foram poupados e absolvidos durante o julgamento das nações, que ocorre após o
período da Grande Tribulação e antes do início do Milênio.
Esses
povos entram no Milênio com o status de salvos, pois receberam a salvação. No
entanto, é relevante destacar que a salvação é um conceito complexo, pois
implica uma jornada espiritual contínua. Embora os crentes tenham o Espírito
Santo habitando neles e tenham a certeza da filiação divina, não se adere à
doutrina de uma vez salvo, salvo para sempre. Textos claros, como os
encontrados em Hebreus, enfatizam a necessidade de perseverar na fé. Assim, a
salvação é mantida através da fidelidade e do compromisso contínuo com Deus, e
não apenas por uma doutrina de preservação da salvação.
Com
certeza, essa doutrina é fundamentada nas palavras de Jesus registradas em João
10, versículos 27 e 28. Nesse trecho, Jesus afirma claramente que suas
ovelhas ouvem sua voz, ele as conhece e elas o seguem. Ele promete dar-lhes a
vida eterna e garante que nenhuma delas será perdida ou arrebatada de sua mão.
Essa declaração enfatiza a segurança daqueles que pertencem a Jesus: uma vez
que estão em suas mãos, nada nem ninguém pode separá-los dele. O diabo não tem
poder sobre aqueles que estão nas mãos de Jesus. Portanto, é verdade
que, uma vez salvos, permanecemos seguros na proteção e no cuidado de nosso
Senhor.
O
autor de Hebreus é enfático ao alertar os irmãos sobre a possibilidade
de terem um coração mau e incrédulo, que os levaria ao afastamento do Deus
vivo. Este ensinamento ressalta a importância da vigilância espiritual e da
comunhão diária com Deus para evitar o distanciamento progressivo Dele, como
ocorreu com o povo de Israel, conforme mencionado em Isaías 63:10, onde
o Espírito Santo é descrito como tendo se tornado inimigo do povo de Deus. Isso
não significa que o Espírito Santo seja verdadeiramente um inimigo, mas sim que
Ele rejeita a rebelião e a desobediência.
A
exortação presente em Hebreus 3:12-13 destaca a necessidade de
encorajamento e comunhão entre os irmãos, para evitar que alguém se endureça
pelo engano do pecado. Isso evidencia que, mesmo os salvos, podem sucumbir à
tentação e à dureza de coração, se não estiverem alertas e fortalecidos espiritualmente.
No
contexto do Milênio, os salvos e as conversões continuarão a existir,
pois os povos naturais provenientes do período da tribulação serão formados.
Esses povos, apesar de estarem em um ambiente de paz e prosperidade na Terra,
ainda enfrentarão as tentações provenientes de sua natureza caída, demonstrando
que a carne continua sendo um inimigo a ser dominado. Assim, o Milênio não será
um período de perfeição absoluta, mas sim uma fase em que os desafios
espirituais persistirão, exigindo a vigilância e a fidelidade dos redimidos.
Haverá conversões no Milênio
De
acordo com Mateus 25:31-46, aqueles que entram no período do Milênio são
descritos como salvos, mas é enfatizado que eles devem perseverar e servir a Deus.
Este conceito reflete a necessidade contínua de seguir a paz com todos e buscar
a santificação, sem a qual ninguém verá ao Senhor. Assim, a salvação não é um
evento único e estático, mas sim um processo contínuo que requer compromisso e
fidelidade ao Senhor.
Durante
o Milênio, haverá nascimentos e crescimento espiritual daqueles que
nascerem neste período. Eles também precisarão se converter e aceitar Jesus
como seu Salvador pessoal, pois não existe uma garantia automática de salvação
apenas por ser filho de pais crentes. Portanto, o conceito de filho de
"peixinho é peixinho" ou "leãozinho é leãozinho" não se
aplica espiritualmente, pois cada indivíduo deve pessoalmente crer,
arrepender-se e entregar-se a Jesus.
Alguns
praticam o batismo na infância como uma expressão de fé e uma maneira de
receber a bênção da salvação, embora essa prática não seja explicitamente
respaldada pela Escritura. A Bíblia ensina que aqueles que creem
e são batizados serão salvos, mas também ressalta a importância da decisão
pessoal de crer. Aqueles que não tiveram a oportunidade de entender e aceitar o
Evangelho durante suas vidas serão tratados de maneira especial pela graça de Deus.
Conclusão
A
justiça de Deus é evidente em seu tratamento para com todos os indivíduos,
incluindo aqueles que morrem em tenra idade e não tiveram a oportunidade de
compreender plenamente o Evangelho. A Bíblia é clara sobre os tipos de
comportamentos que são condenados, e Deus não condenará ao inferno aqueles que
não tiveram chance de escolher ou praticar o mal conscientemente.
Durante
o Milênio, haverá oportunidades para conversão e crescimento espiritual,
tanto para aqueles que nasceram durante esse período quanto para os que já
estão presentes. A salvação continua sendo alcançada pela fé em Cristo e
pelo arrependimento dos pecados. Portanto, não existe salvação
automática, e cada indivíduo deve pessoalmente se arrepender e crer em Jesus
como seu Salvador para ser salvo.
Bibliografia
Hitchcock,
M. (2019). Recompensas celestiais : vivendo com a eternidade à vista
(1ª ed.). (D. Körber, Trad.) Porto Alegre: Chamada da Meia-Noite.
Horton, S. (2016). Teologia Sistemática - Uma
Perspectiva Pentecostal (18ª ed.). RJ: CPAD.
Silva, A. G. (2007). o Calendario das Profecias
(22a ed.). Rio de Janeiro,: Publicadora das Assembléias de Deus.
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