DESVENDANDO O MISTÉRIO DO VERSO 9 DO CAPÍTULO 5 DE 1 TESSALONICENSES

Texto: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (1 Ts 5.9).

Contextualizando a "Ira de Deus"

Segundo a passagem bíblica, a "ira de Deus" refere-se ao julgamento e condenação divina que recai sobre os pecados e a rebelião humana. Segundo dicionário da Bíblia Almeida “A ira de Deus é a sua reação contra o pecado(Kachel & Zimmer, 2005, p. 174).

Alguns pontos importantes sobre a ira de Deus mencionada nesta passagem:

1. Deus não nos destinou à ira - Ou seja, a intenção de Deus não é que os seus filhos experimentem a sua ira e condenação “do fogo eterno”, mas sim a salvação “Viver com Ele, Eternamente”.

2. A ira de Deus é a consequência do pecado - A Bíblia ensina que o pecado e a desobediência a Deus atraem o juízo e a ira divina sobre o pecador.

3. Jesus nos liberta da ira de Deus “isto, é, Condenação Eterna” - Através da sua morte na cruz, Jesus tomou sobre si o castigo que nós merecíamos, livrando-nos assim da condenação da ira de Deus.

4. A salvação nos preserva da ira vindoura - Ao crermos em Jesus, recebemos a salvação e seremos preservados do juízo final de Deus “Trono Branco” sobre o pecado e a maldade.

Portanto, a "ira de Deus" refere-se ao seu justo julgamento sobre o pecado, do qual fomos libertos pela graça de Deus em Jesus Cristo.

Como ressalta o rodapé da Bíblia Anotada LTT, o verso 1:  “Acordado ou dormindo, se chegar ao dia do Arrebatamento. Deus assegurará sua salvação, esteja ele fisicamente morto ou vivo (quer este vivo esteja, então, vivendo em “santificação e vigilância”, ou em “negligência e mesmo pecado”)”. (LTT, 2022.). Na Bíblia Dake, ao comentar sobre o verso 9, é mencionado que... "Deus não destinou os cristãos a passarem pela [...] ira do inferno eterno, mas os destinou a serem libertos por meio do arrebatamento, para que, quer vivamos, quer morramos, vivamos com Ele para sempre (v. 9.10; 4.13-18)" (DAKE, 2010).

Interpretando o Contexto Completo

No entanto, onde há muita confusão é que os versículos anteriores falam sobre a tribulação "dia do Senhor". É um versículo no qual os me-tribulacionistas se apoiam, vv 2,3, ao alegar que Cristo vem na metade da tribulação.

Quando lemos os versículos anteriores do capítulo 5, como por exemplo, o versículo 1 ao 6, Paulo está alegando para os cristãos que nós não vamos ser pegos de surpresa no dia da ira do Senhor, porque andamos na luz e não na escuridão. No verso 6, na linguagem de hoje, ele diz: "Por isso, não vamos ficar dormindo como os outros", referindo-se à pessoa que não tem Cristo e não está atenta à sua vinda, enquanto nós, que temos Cristo, estamos atentos. Como disse William Hendriksen (1900/1982): “É em razão dessas trevas que os descrentes não são sóbrios nem vigilantes (portanto, não se acham preparados). (HENDRIKSEN, 2001, p. 146).

Após o arrebatamento, as pessoas vão pensar que estão em paz e que o mundo todo estará em paz, então começam a dizer: "Tudo está claro e seguro, está tudo bem". Os crentes afirmam que, após serem arrebatados para os céus, virá a grande tribulação. E, então, estaremos vivendo em paz. Como relata Marshall (1934-2015), "A fraseologia ecoa passagens do Antigo Testamento, tais como Jr 6.14; 8.11; Ez 13.10 e Mq 3.5, que falam da atividade de falsos profetas que asseguravam ao povo que nada tinha a temer, apesar da podridão moral que caracterizava a sociedade." (MARSHALL, 1984, p. 162). É nesse momento que se cumpre o que Paulo diz no verso 2: "o dia do Senhor virá para eles de surpresa como ladrão".

No verso 8, Paulo enfatiza que estamos em perfeito juízo e devemos usar a nossa fé, amor e esperar por essa salvação.

Conforme salientou Goodman (apud McNair, 1985, p. 451):

O dia do Senhor é sempre um dia de juízo e ira (veja-se Joel 2.11 e 2 Pedro 3.10 [...] Este 'dia do Senhor' é uma expressão empregada para destacar o fato de que vem o tempo quando 'o dia do homem' (1 Co 4.3) terminará, isto é, o período em que ao homem é permitido fazer a própria vontade, sem ser levado a um juízo imediato.

Como também relata no rodapé da Bíblia de Estudo de Genebra “A "ira", nesse contexto, evidentemente é a condenação e a punição que sobrevirão no "dia da ira"(Rm 2.5). (SPROUL & MATHISON).

Então, como mencionei no início, o verso 9 fala sobre a salvação eterna, mas o verso 2 fala sobre o juízo de Deus que será a grande tribulação.

A igreja, porém, não partilha essa situação do mundo, mantendo-se fortemente distinta dela. “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse dia vos apanhe como ladrão.” Afinal, sua marca é justamente, cf. 1Ts 1.10, “ser servos da gleba de Deus, do vivo e real, e aguardar seu Filho a partir dos céus”. Como seria possível ficar totalmente surpreso com a “chegada” de alguém já aguardado há muito tempo com ardente alegria!

Conclusão:

Os versos 1-9 de 1 Tessalonicenses capítulo 5 falam sobre a importância de estarmos vigilantes e alerta para o retorno de Jesus Cristo. Paulo enfatiza que não devemos ser pegos de surpresa, como aqueles que estão dormindo, mas sim devemos estar sóbrios e vigilantes. Ele também destaca a importância da fé, do amor e da esperança como armaduras espirituais para nos proteger. Em resumo, esses versos nos exortam a viver uma vida de santidade, amor e esperança, enquanto aguardamos a volta de Cristo.

Pré-Tribulacionistas e Pós-Tribulacionistas:

Os pré-tribulacionistas acreditam que os versos 1-9 de 1 Tessalonicenses capítulo 5 apoiam a sua crença de que a igreja será arrebatada antes da grande tribulação. Eles argumentam que o apóstolo Paulo está a falar sobre a ira vindoura e que os crentes não estão destinados à ira, mas à salvação. Portanto, interpretam estes versos como uma evidência de que a igreja será arrebatada antes do período de tribulação descrito na Bíblia.

Os pro-tribulacionistas. Conforme ressaltou Keith Sharp, a Bíblia usa os termos "arrebatados" que no grego é, (harpazo), "vinda"  que no grego é,(parousia) e "manifestação" que no grego é,  (epiphaneia), segundo ele  "arrebatados", "vinda"  e "manifestação" ocorrerá de forma intercambiável para descrever a segunda vinda de Cristo. O Senhor irá destruir o ímpio "pela manifestação (epiphaneia) de sua vinda (parousia)" (2  Tessalonicenses 2.8). Ressalta o mesmo que esta "vinda" (parousia) ocorrerá simultaneamente ao arrebatamento dos santos ( 1 Tessalonicenses 4.15,17). Jesus não retornará uma terceira ou quarta vez; haverá apenas a segunda vinda. (Sharp, 2004).

Considerações Finais:

Resposta: Para relatar conforme argumenta Keith Sharp, teremos que eliminar a Grande Tribulação e o Milênio. No entanto, a Bíblia deixa claro que haverá tribulação e milênio, e não de forma figurada, mas sim literal. Apocalipse 20.6 “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos.” Se existe primeira ressurreição, é porque tem outras,  se vai reina por mil anos. é porque Milênio é literal.

Apocalipse 20.2 “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.” Apocalipse 20.7-8,10 “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.” verso 10 “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.” no versos 11 ao 13 NTLH, indicante fala de trono branco ressureição e novo céu e terra.

Vi também os mortos, tanto os importantes como os humildes, que estavam de pé diante do trono. Foram abertos livros, e também foi aberto outro livro, o Livro da Vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que cada um havia feito, conforme estava escrito nos livros. 13  Aí o mar entregou os mortos que estavam nele. A morte e o mundo dos mortos também entregaram os que eles tinham em seu poder. E todos foram julgados de acordo com o que cada um tinha feito.

Ainda salientou Keith Sharp: “Estes eventos, o arrebatamento dos cristãos e a segunda vinda de Cristo, não serão separados por 1007 anos (como afirmam os pré-milenaristas, com a "Grande Tribulação de sete anos seguida pelo reinado de 1000"), mas ocorrerão ao mesmo tempo” (Ibid).

Para reafirmar isso, preciso dizer novamente: precisamos considerar a eliminação da Tribulação e do Milênio, mas eles são literais na Bíblia. Quando lemos Mateus 24 versos 27 ao 31

27 Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem. [...] 29 E, logo depois da aflição daqueles dias, [isto é Tribulação] o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. 30 Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. [Está bem claro que depois da tribulação Ele aparecerá e todos o verão]. 31 E ele enviará os seus anjos com forte clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.

Em apenas quatro versículos, conceitualmente, prova que haverá uma primeira venda tão rápida que ninguém verá, e logo depois virá a tribulação e, em seguida, Cristo, que todos verão.

Obras Citadas

DAKE, F. J. (2010). bíblia de estudo dake. (Atos, Ed.) PR.

HENDRIKSEN, W. (2001). Comentário Do Novo Testamento Romanos. (V. G. Martins, Trad.) Clltura Cristã.

Kachel, W., & Zimmer, R. (2005). Dicionário da Bíblia de Almeida (2a ed.). SP: Sociedade Bíblica do Brasil.

LTT, B. (2022.). Bíblia LTT (Anotada) (3ª ed.). RJ: BV FILMS EDITOR.

Marshall, I. H. (1984). I e II TESSALONICENSES Introdução e Comentário (1º ed.). (G. Chown, Trad.) SP: SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA E ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO.

McNair, S. E. (1985). A Bíblia explicada (4ª ed.). Rio de Janeiro: CPAD.

Sharp, K. (16 de Fevereiro de 2004). O arrebatamento. Acesso em 27 de Abril de 2024, disponível em Estudos da Biblia: https://estudosdabiblia.net/2004216.htm

SPROUL, R., & MATHISON, K. (s.d.). Bíblia de Estudo de Genebra. SBB.

 

 


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