Pesquisa do IBGE mostra que os brasileiros estão adiando o casamento e se divorciando em idades mais jovens. Confira os dados.


 

 Figura 1 Jeremy Wong

Panorama Geral dos Casamentos no Brasil

    De acordo com os dados das Estatísticas do Registro Civil de 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade dos casamentos que terminam em divórcio no Brasil não duram mais de dez anos. O levantamento mostra que 47,7% dos casais se divorciam com menos de 10 anos de união, representando um aumento de 10,3 pontos percentuais em comparação com 2010, quando 37,4% dos casais se separavam no mesmo período.

    A mais recente Pesquisa de Estatísticas do Registro Civil, publicada pelo IBGE em 27 de abril de 2024 e referente ao ano de 2022, é um importante instrumento para acompanhar a evolução populacional brasileira. Os dados coletados servem como parâmetro para a implementação de políticas públicas e fornecem uma análise detalhada das transformações nos aspectos sociais ao longo do tempo. A pesquisa engloba informações sobre nascimentos, casamentos civis, divórcios e óbitos..

Tendências nos Casamentos Brasileiros

     Os dados do IBGE oferecem um panorama dos casamentos no país. Em 2022, foram registrados 970.041 casamentos, um aumento de 4% em relação ao ano anterior. Esse crescimento confirma uma recuperação pós-pandemia, porém o número ainda está abaixo da média de 1.076.280 registrada entre 2015 e 2019. Dentre esses casamentos, 11.022 foram entre pessoas do mesmo sexo, representando um aumento de 20% em comparação com 2021.

Impacto da Legislação e Mudanças Sociais

     Klivia Brayner de Oliveira, gerente da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, observa que os dados são um reflexo das transformações na sociedade e na legislação. Desde 2013, a resolução do CNJ proíbe que os cartórios impeçam o casamento ou união estável de pessoas do mesmo sexo. Antes disso, alguns cartórios permitiam enquanto outros se recusavam. Com a resolução, os cartórios não puderam mais recusar, e as informações sobre esses casamentos passaram a ser coletadas. Oliveira observa que as pessoas que desejam formalizar seus relacionamentos agora encontram apoio na legislação, e a tendência é que o número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo continue crescendo nos próximos anos.

Figura 1 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estatísticas do Registro Civil 2022. 

Figura 2 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estatísticas do Registro Civil 2022.


Figura 3 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estatísticas do Registro Civil 2022.

Transformações nos Padrões de Divórcio

De acordo com a pesquisa, a duração média dos casamentos no país diminuiu de 15,9 anos em 2010 para 13,8 anos em 2022. Entre os casais heterossexuais, a idade média dos cônjuges aumentou significativamente. Em 2010, os casamentos tinham uma média de idade de 29 anos para os homens e 26 anos para as mulheres, mas agora a média subiu para 31 anos para os homens e 29 anos para as mulheres.

O aumento da idade média dos noivos coincide com outro dado interessante da pesquisa: o número de cônjuges que se casaram solteiros, embora ainda seja a maioria (69% do total em 2022), teve uma queda e agora está bem abaixo dos 86,7% de 2010 e 78,2% de 2012. Por outro lado, em 2002, os noivos que já eram divorciados ou viúvos representavam apenas 12,8% do total, mas esse número subiu para 21,4% em 2012 e agora alcança 30,4% em 2022 - nestes casos, as mulheres têm uma idade média de 41 anos e os homens de 45.


Figura 4 Infográfico mostra dados de registros de casamentos, de acordo com pesquisa do IBGE — Foto: Editoria de Arte

Novos padrões nos divórcios brasileiros

 Os dados mostram que o número de divórcios registrados no Brasil em 2022 foi de 420.039, um aumento de 8,6% em relação a 2021. Observa-se também que está aumentando a idade média dos cônjuges no momento do divórcio - os homens tinham em média 44 anos (antes era 42) e as mulheres 41 anos (antes era 39).

 Outro ponto relevante é que cresceu a porcentagem de divórcios ocorridos após menos de 10 anos de casamento, passando de 37,4% em 2010 para 47,7% em 2022. Os demais divórcios aconteceram após 10 a 19 anos (25,9%) e 20 anos ou mais (26,4%) de matrimônio.

 

Cerca de 33% dos divórcios não são consensuais, sendo que a maioria dos pedidos parte das mulheres (60%). Em relação ao regime de bens, 90,6% são com comunhão parcial, 5,1% com comunhão universal e 4,3% em separação total.

 Por fim, 47% dos casais que se divorciam têm filhos menores de idade, 29,4% não têm filhos, 15,8% possuem filhos maiores e 7,2% têm filhos de idades diferentes. Esses dados refletem as mudanças na legislação sobre guarda compartilhada desde 2014.


Figura 5 Casais divorciados com filhos — Foto: Editoria de Arte

 Mudanças na guarda de filhos nos divórcios

 Dados mostram que houve uma significativa mudança na forma como a guarda dos filhos é determinada nos divórcios no Brasil. Em 2014, em 85,1% dos casos as crianças ficavam com a mãe após a separação. Porém, esse número caiu drasticamente, chegando a apenas 50,3% em 2022.

 Em contrapartida, a porcentagem de casos de guarda compartilhada entre os pais cresceu ano a ano. Em 2014, essa modalidade representava apenas 7,5% dos divórcios, mas atingiu 37,8% em 2022.

 Segundo a pesquisadora, essas mudanças refletem facilidades legais para o divórcio atualmente, podendo ser realizado até mesmo em cartório se houver consenso entre o casal e não envolver questões relacionadas aos filhos. Além disso, a priorização da guarda compartilhada pela Justiça tem contribuído para essa transição, dividindo de forma mais equitativa as responsabilidades parentais após a separação.

 Priorização da Guarda Compartilhada

Esse cenário indica uma tendência de maior corresponsabilidade dos pais em relação aos cuidados com os filhos, mesmo após o fim do casamento.



Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/03/27/brasileiros-estao-se-casando-mais-tarde-e-se-divorciando-mais-cedo-aponta-pesquisa-do-ibge-veja-numeros.ghtml








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