Estudo sobre os Termos Geena, Sheol, Inferno, Shellhead, Qever e Mnemeion

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Introdução

A interpretação e tradução de termos bíblicos do hebraico e do grego para outras línguas têm gerado debates significativos entre teólogos e estudiosos da Bíblia. Um exemplo notável é a palavra "geena", frequentemente traduzida como "inferno" no Novo Testamento. Este estudo visa esclarecer o significado de "geena", sua origem e os contextos em que é utilizada na Bíblia, abordando também as diferenças entre "geena" e outros termos relacionados a lugares dos mortos, como "sheol" e "hádes".

Origem e Significado de "Geena"

A palavra "geena" tem suas raízes no hebraico "Gehinom", que significa "Vale dos Filhos de Hinom". Este vale, localizado a sudoeste de Jerusalém, é mencionado em várias passagens do Antigo Testamento, como Josué 15:8; 18:16 e Jeremias 19:2. Durante um período de grande apostasia em Judá, reis como Manassés usaram este local para sacrificar crianças ao deus Moloque (2 Crônicas 33:6; Jeremias 7:31-32; 32:35). O rei Josias, em uma reforma religiosa, pôs fim a essas práticas abomináveis, como relatado em 2 Reis 23:10.

No período do profeta Jeremias, o Vale de Hinom tornou-se um símbolo do juízo divino, um local associado ao castigo e à destruição. Esse simbolismo foi levado ao Novo Testamento e é mencionado 12 vezes, incluindo passagens em Mateus (5:22, 29-30; 10:28; 18:9; 23:15, 33), Marcos (9:43-47), Lucas (12:5) e Tiago (3:6).

"Geena" e a Tradução como "Inferno"

A tradução de "geena" como "inferno" no Novo Testamento pode causar confusão devido às diferenças de significado entre esses termos. A palavra "inferno" tem sua origem no latim "ínferos" ou "infernos", que significa regiões inferiores. No contexto bíblico latino, "inferno" foi utilizado para traduzir termos como "sheol" e "hádes", além de "geena". Esta falta de distinção entre os termos originais hebraicos e gregos pode alterar significativamente a interpretação dos textos bíblicos.

Diferenças Entre "Geena", "Sheol" e "Hádes"

  • Geena: Um lugar específico associado ao julgamento e punição final, usado no Novo Testamento para simbolizar o destino final dos ímpios.
  • Sheol: Um termo hebraico usado no Antigo Testamento para descrever o lugar dos mortos, sem conotações específicas de punição ou recompensa.
  • Hádes: O equivalente grego de "sheol", também referindo-se ao lugar dos mortos, mas com nuances adicionais no contexto da mitologia grega.

Outros Termos Relacionados à Sepultura

Além de "sheol" e "hádes", a Bíblia utiliza outros termos para descrever a sepultura:

  • Qever: Um termo hebraico que se refere diretamente ao túmulo ou cova.
  • Mnemeion: A palavra grega para sepulcro, usada 67 vezes no Novo Testamento, referindo-se ao local de enterro físico.

Exemplo Bíblico

Em Atos 2:27, Pedro cita um salmo de Davi: "Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu santo veja corrupção" Salmos 49:15. Aqui, "sheol" é usado no contexto de não abandonar a alma na morte, mostrando que, biblicamente, "sheol" não é meramente a sepultura física, mas um estado intermediário dos mortos.

Conclusão

A palavra "geena" e o termo "inferno" no contexto bíblico. Enquanto "geena" está ligado a um vale específico com significados históricos de julgamento divino, "inferno" é mais abrangente e carrega consigo diferentes associações de punição eterna. Compreender essa diferença é fundamental para uma interpretação precisa das Escrituras, evitando assim a confusão entre conceitos teológicos distintos. Além disso, a distinção entre "geena", "sheol" e "hádes" possibilita uma leitura mais fiel aos contextos originais das escrituras, enriquecendo assim o entendimento das passagens bíblicas.


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