O Arrebatamento, a Tribulação e a Segunda Vinda de Cristo num único capítulo

 

Introdução

Muitas pessoas têm dúvidas sobre os eventos escatológicos descritos na Bíblia, incluindo o arrebatamento, a tribulação e o retorno de Cristo em glória. No entanto, a Bíblia fornece uma visão clara e coerente desses eventos, e é importante entender o que ela diz sobre esses temas.

O Arrebatamento, a Tribulação e o Retorno de Cristo em Mateus 24

um relâmpago na nuvens

Em Mateus 24.26-27, Jesus fala sobre o arrebatamento, advertindo que não se deve acreditar em falsas profecias ou em pessoas que afirmem que Ele está aqui ou ali. Em vez disso, Ele virá como um relâmpago, que ilumina o céu de uma extremidade à outra. Aqui, Jesus não está se referindo à claridade do relâmpago, mas sim à sua rapidez e surpresa. Observe que, no verso 26, Ele diz para não procurá-lo, pois Sua vinda será rápida (verso 27).

Em seguida, em Mateus 24.29, Jesus menciona que haverá uma grande tribulação, um período de sofrimento e juízo que precederá o Seu retorno. E então, no verso 30, Ele afirma que aparecerá o sinal do Filho do Homem, e todos os olhos o verão.

Cristo no cavalho e os anjos

Finalmente, em Mateus 24.31, Jesus descreve o momento em que os anjos reunirão todos os Seus escolhidos, os crentes que foram arrebatados e transformados para viver com Ele para sempre.

O Arrebatamento e a Tribulação em 1 Tessalonicenses

 O arrebatamento antecede a tribulação, seguindo uma ordem cronológica. Esse evento marca o fim da era da Igreja, enquanto a tribulação representa um período de julgamento e purificação que ocorrerá posteriormente.

Além disso, é interessante notar a forma como o apóstolo Paulo distingue essas duas realidades em sua linguagem. Ao tratar do arrebatamento, ele afirma: "nós seremos arrebatados" (1 Tessalonicenses 4.17), incluindo-se entre os crentes que participarão desse evento. Em contrapartida, ao referir-se à tribulação, ele declara: "sobre eles sobrevirá destruição repentina" (1 Tessalonicenses 5.3), distanciando-se da experiência e direcionando sua fala aos ímpios que permanecerão.

Esse contraste evidencia que Paulo considerava o arrebatamento como um livramento para os crentes vivos, ao passo que a tribulação recairia sobre aqueles que não foram arrebatados, sendo um período de juízo divino. O arrebatamento é, portanto, um ato de resgate, enquanto a tribulação se configura como um tempo de julgamento.

Dessa forma, a sequência dos acontecimentos torna-se evidente: primeiro ocorre o arrebatamento, seguido pela tribulação. Os salvos serão retirados da Terra, enquanto os ímpios enfrentarão as consequências subsequentes.

Em 1 Tessalonicenses, o apóstolo Paulo explica que o arrebatamento ocorre antes da tribulação. Em 1 Tessalonicenses 4.13-18, Paulo afirma que os crentes serão arrebatados para estar com o Senhor antes da tribulação. Ele usa a primeira pessoa do plural, "nós", ao falar do arrebatamento, indicando que ele próprio e os crentes tessalonicenses estariam entre os que seriam arrebatados.

No entanto, ao falar da tribulação, Paulo muda para a terceira pessoa do plural, "eles", indicando que os crentes não estarão mais presentes na Terra durante esse período.

Outras Passagens Bíblicas que Apoiam o Arrebatamento Pré-Tribulacional.

Além de Mateus 24 e 1 Tessalonicenses, outras passagens bíblicas também apoiam a ideia de que os crentes não passarão pela grande tribulação. Por exemplo:

- 1 Tessalonicenses 1.10: “Paulo afirma que os crentes estão esperando por Jesus, que os livrará da ira que está para vir, referindo-se à tribulação”. danto aqui em 1Ts 1.10 como em Ap 3.10 usa o verbo “da”.

- Apocalipse 3.10: “Jesus promete que os crentes serão guardados da hora da provação que está para vir sobre o mundo inteiro, referindo-se à tribulação”.

Observe o texto que este escrito: “da hora e não na hora”. Se a passagem de Apocalipse 3.10 estivesse escrita com "na hora" em vez de "da hora", a diferença seria sutil, mas significativa.

Com "na hora", a expressão seria:

"Porque guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei na hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam na terra."

Nesse caso, "na hora" indicaria que a proteção ou guarda de Deus ocorreria exatamente no momento em que a provação ou julgamento estivesse acontecendo. Em outras palavras, a proteção seria fornecida durante a própria hora da provação.

Já com "da hora", a expressão indica que a proteção ou guarda de Deus ocorreria antes da provação ou julgamento, ou seja, que os crentes seriam guardados da própria hora da provação.

Portanto, a diferença entre "na hora" e "da hora" é que:

- "Na hora" indica proteção durante a própria hora da provação.

- "Da hora" indica proteção antes da própria hora da provação.

“Na ira” indica proteção durante a própria hora da que está para vir.

“Da ira” indica proteção antes da própria hora da que está para vir.

 Escolha da expressão "da hora" em Apocalipse 3.10 sugere que a proteção de Deus é fornecida antes da provação, e que os crentes são guardados da própria hora da provação.

Conclusão

Em resumo, a Bíblia descreve os eventos escatológicos de forma clara e coerente. O arrebatamento, a tribulação e o retorno de Cristo em glória são eventos distintos que ocorrerão em uma sequência específica. Os crentes serão arrebatados antes da tribulação, e então Jesus retornará em glória para estabelecer o Seu reino na terra. É importante entender esses eventos para que possamos viver com esperança e expectativa da volta de Jesus.

A Importância da Preparação Espiritual para o Ministério

 INTRODOÇÃO:

    Ao estudarmos a chamada ministerial na Bíblia, é fundamental compreendermos que ela não ocorre de maneira automática ou imediata. A escolha para o ministério exige preparo, como podemos observar na história de Davi. Ele foi ungido para ser rei, mas não assumiu o trono imediatamente (1 Samuel 16:1-13). O tempo de espera serviu como um período de formação e amadurecimento, onde Davi teve a oportunidade de enfrentar desafios que o moldariam para o futuro papel que deveria desempenhar.

    Durante esse período, Davi enfrentou diversas provações, como a luta contra o gigante Golias, que não apenas testou sua coragem, mas também fortaleceu sua fé em Deus. Além disso, ele viveu momentos de sofrimento e perseguição, especialmente sob a liderança de Saul, o rei que o precedeu. Esses momentos de adversidade foram cruciais para que Davi desenvolvesse características essenciais para um líder, como resiliência, dependência de Deus e empatia.

    Assim, o processo de preparação para o ministério é uma jornada que abrange não apenas a aquisição de conhecimento e habilidades, mas também o desenvolvimento do caráter e da espiritualidade. Cada chamada é única e exige paciência e prontidão para ouvir a direção divina. Assim como Davi, muitos são chamados, mas poucos estão preparados para aceitar os desafios que vêm com essa responsabilidade.

    Portanto, devemos estar cientes de que a chamada ministerial é um convite para um serviço frutífero e abençoado, que requer uma disposição constante para aprender e crescer. O tempo de espera, longe de ser um período de estagnação, é uma oportunidade para nos tornarmos mais parecidos com Cristo, servindo como instrumentos de Sua vontade no mundo.

O Exemplo dos Discípulos

    Demaneira semelhante, os discípulos de Jesus também passaram por um processo dedesenvolvimento espiritual. Eles foram escolhidos por Cristo Lucas 6:12-13, mas isso não significava que estavam prontos para a missão. Em João 20:22, após aressurreição, Jesus soprou sobre eles e disse: "Recebam o EspíritoSanto". Essa passagem é significativa, pois simboliza não apenas um ato detransferência de poder, mas também um momento crucial de capacitaçãopara que pudessem cumprir o chamado divino que lhes foi confiado. No entanto, mesmo com essa experiência transcendente, ainda enfrentaram dificuldadese incertezas.

    Umexemplo claro disso está em João 21:3-17, quando Pedro e outros discípulosdecidiram voltar à pesca, simbolizando uma tentação de retornar à vida antiga. Essa decisão revela a fragilidade da fé humana, que apesar de testemunhar milagres e ensinamentos diretos de Jesus, ainda sucumbiam ao medo e à insegurança diante do desconhecido. A pesca à noite, sem resultados, retrata a nostalgia do passado e a luta interna que todos enfrentamos ao longo de nossas jornadas espirituais.

    Jesus teve que aparecer novamente para reafirmar sua missão e restaurá-los, mostrando que mesmo em nossos momentos de dúvida e desânimo, sempre há uma oportunidade de renovação. Ao questionar Pedro três vezes se ele o amava, Jesus não apenas reafirma a importância do amor incondicional como fundamento de seu ministério, mas também oferece uma segunda chance, um convite a não desistir e a continuar seu caminho na pregação e no testemunho do evangelho. Esse episódio ilustra não apenas a paciência e a compaixão de Cristo, mas também a necessidade constante da conexão e dependência espiritual em nossa jornada de fé. Cada um de nós enfrenta desafios, e é no reencontro com Cristo que encontramos a força para seguir em frente, revigorados e comprometidos com nossa missão.

    Foi somente em Atos 2, com o revestimento do poder do Espírito Santo no dia de Pentecostes, que os discípulos se tornaram verdadeiramente capacitados para a obra. Antes desse evento transformador, os discípulos enfrentavam medos, dúvidas e até mesmo deserções, como evidenciado nas contas dos momentos de fraqueza que tiveram. No entanto, a descida do Espírito Santo fez com que cada um deles se tornasse um instrumento poderoso nas mãos de Deus. A partir desse momento, não vemos mais relatos de fracasso ou deserção entre eles. Essa mudança radical nos discípulos ressalta a importância da presença do Espírito Santo em nossas vidas. Isso nos ensina que, para ser um obreiro eficaz, é essencial estar cheio do Espírito Santo, pois é Ele quem nos dá sabedoria, força e coragem para enfrentar os desafios do ministério.

    Além disso, a experiência de Pentecostes não foi apenas um evento isolado, mas um marco que redefiniu a missão da Igreja. Os apóstolos, agora revestidos do poder divino, começaram a pregar com ousadia e clareza, resultando na conversão de milhares de pessoas, (Atos 3.1-10; 5.1-11; 5.17-26; 12.1-19; 14.8-10). Isso nos leva a refletir sobre a importância da oração e da busca por uma vida cheia do Espírito, pois, sem essa conexão, somos suscetíveis a falhas e limitações humanas.

    Portanto, cada crença se torna um chamado para buscar incessantemente o enchimento do Espírito Santo, garantindo que possamos cumprir a missão que nos foi confiada com eficácia e dedicação. Que possamos, assim como os apóstolos, encontrar em Deus a nossa fonte de força e inspiração, permitindo que Sua vontade prevaleça em nossas vidas e nas vidas daqueles a quem servimos.

A Escolha de Obreiros na Igreja Primitiva

    Em Atos 13:1-3, vemos a separação de Paulo e Barnabé para o ministério, um momento crucial que destaca a importância do processo de escolha dos líderes na igreja primitiva. Essa escolha não foi feita de forma aleatória; ao contrário, foi o resultado de intensas orações, jejuns e da confirmação do Espírito Santo. Esse princípio de discernimento divino é reforçado nas cartas de Paulo a Timóteo (1 Timóteo 4:14; 2 Timóteo 1:6), onde ele instrui Timóteo a buscar homens cheios do Espírito para assumir a liderança da igreja. Isso indica que, para Paulo, a liderança não é apenas uma questão de habilidade ou carisma, mas uma responsabilidade espiritual que requer uma conexão íntima e genuína com Deus.

    Outro exemplo significativo que ilustra esse princípio de liderança é encontrado em Atos 1, quando Matias foi escolhido para substituir Judas. O apóstolo Pedro fez questão de especificar que o escolhido deveria ser uma pessoa que já estivesse entre eles por um longo período e possuísse experiência com Cristo. Este detalhe revela que o critério para a liderança sempre envolveu maturidade espiritual e um preparo adequado. Somente aqueles que passaram por um processo de formação e desenvolvimento espiritual têm a capacidade de liderar efetivamente e guiar os outros na fé.

    Esses exemplos sublinham que, na liderança da igreja, a escolha de homens e mulheres dedicados, experientes e guiados pelo Espírito Santo é fundamental. A liderança não pode ser vista simplesmente como uma função administrativa, mas deve ser entendida como uma vocação divina, que exige compromisso, responsabilidade e uma vida marcada por devoção e espiritualidade. A busca por líderes preparados é uma prática que deve continuar a ser valorizada nas comunidades cristãs, assegurando que aqueles que lideram estejam alinhados com a vontade de Deus e aptos a guiar o povo na jornada de fé.

A Importância do Conhecimento Bíblico

    Além da plenitude do Espírito Santo, o obreiro também precisa de conhecimento bíblico. Paulo, ao instruir Timóteo, enfatiza a importância de ensinar homens fiéis e capacitados (2 Timóteo 2:2). Isso demonstra que a liderança na igreja deve ser formada por pessoas bem preparadas tanto espiritualmente quanto intelectualmente. A formação teológica é essencial para que os líderes possam interpretar corretamente a Palavra de Deus e aplicar seus ensinamentos na prática diária da comunidade.

    Estudar a Bíblia não é apenas um requisito, mas um compromisso com o crescimento espiritual e a responsabilidade de guiar outros na fé. Os obreiros devem estar atentos às necessidades da igreja e às questões contemporâneas, proporcionando uma visão fundamentada nas Escrituras que possa responder aos desafios do mundo atual. A combinação de fervor espiritual e conhecimento sólido é o que torna a liderança verdadeiramente eficaz e relevante, possibilitando que a mensagem do Evangelho seja proclamada com clareza e autoridade.

    Através desse entendimento, os líderes não apenas edificarão sua própria vida espiritual, mas também promoverão o crescimento dos membros da igreja, capacitando-os a se tornarem multiplicadores da fé. Portanto, uma formação adequada e contínua é crucial para que a igreja possa cumprir sua missão de evangelização e transformação social, sendo um reflexo do amor e da sabedoria de Deus no mundo.

A Chamada Ministerial e a Diferença de Funções

    Cristo escolheu os doze apóstolos para uma missão específica, designando-os como líderes que deveriam disseminar seus ensinamentos e guiar os primeiros seguidores. No entanto, é importante ressaltar que a igreja primitiva não era limitada apenas aos doze apóstolos, e a organização e estrutura da comunidade cristã eram mais abrangentes. Além dos apóstolos, outras funções essenciais surgiram, como diáconos, presbíteros e bispos, os quais foram instituídos pelos próprios apóstolos para atender às necessidades crescentes da congregação.

    Essas funções desempenhavam papéis distintos, sendo os diáconos encarregados de cuidar das questões práticas, garantindo que as necessidades sociais, como a distribuição de alimentos, fossem atendidas. Os presbíteros, por sua vez, eram responsáveis pela supervisão espiritual e liderança da comunidade, enquanto os bispos exerciam uma função de supervisão maior, garantindo a continuidade da fé e a boa prática ministerial.

    O critério fundamental para a escolha desses líderes era que fossem homens de boa reputação e cheios do Espírito Santo, como evidenciado em Atos 6:3. Esse princípio ainda é pertinente nos dias de hoje, pois enfatiza a importância de líderes que não apenas possuam habilidades e competências, mas que também sejam íntegros, espiritualmente maduros e comprometidos com os valores do evangelho.

    Entretanto, a tradição pentecostal se fundamenta na crença de que a experiência do batismo no Espírito Santo é essencial para um obreiro que deseja exercer sua vocação com plena autoridade e eficácia. Isso não se trata apenas de um rito ou uma formalidade, mas de uma transformação espiritual que empodera o líder a cumprir sua missão com fervor e convicção. Assim, na busca por líderes adequados, é crucial que as igrejas considerem a necessidade de experiências espirituais profundas e autênticas, alinhadas à missão de Cristo e à edificação da comunidade de fé. A ênfase em líderes cheios do Espírito Santo não é apenas uma questão de doutrina, mas uma necessidade pastoral que visa cultivar um ambiente onde a presença de Deus é manifesta e o ministério é eficaz.

O Fenômeno das Línguas e o Batismo no Espírito Santo

    No Antigo Testamento, não há registros do fenômeno de falar em línguas. Esse dom se manifestou apenas após a vinda de Cristo, conforme predito por João Batista (João 1:33). É interessante notar que a manifestação de línguas no Novo Testamento foi um sinal da presença e do poder do Espírito Santo entre os crentes, simbolizando a nova era que se iniciava com a obra redentora de Cristo. Contudo, embora o dom de línguas seja uma evidência do batismo no Espírito Santo, é crucial entender que nem todos que falam em línguas hoje estão, de fato, cheios do Espírito.

    Infelizmente, há um uso indevido desse dom em alguns contextos, o que pode levar a distorções e confusões dentro da comunidade cristã. Esse contexto de abuso destaca ainda mais a importância de buscar uma experiência sincera e genuína com Deus. É fundamental que os praticantes busquem não apenas a manifestação exterior do dom, mas uma transformação interior que reflete o caráter de Cristo. A verdadeira edificação da igreja e o crescimento espiritual pessoal dependem de uma relação autêntica com o Espírito Santo, que nos guia e nos fortalece para viver em conformidade com a vontade de Deus, promovendo unidade e amor entre os irmãos.

Conclusão

A chamada para o ministério não é apenas uma escolha humana, mas um processo que envolve a preparação espiritual e o amadurecimento. Os exemplos bíblicos mostram que ser separado para a obra de Deus requer tempo, conhecimento e, principalmente, a plenitude do Espírito Santo. Que cada obreiro busque essa preparação para cumprir sua missão de maneira eficaz e fiel ao chamado divino.

 

Jesus concedendo o ministério de apostolado aos discípulos antes de serem batizados com o Espírito Santo


Por que hoje não se consagra alguém para o ministério se ele não for batizado com o Espírito Santo? Se Jesus separou seus discípulos para a missão antes de serem batizados (Lucas 6.12-13), por que essa exigência agora?

RESPOSTA:

É interessante quando lemos esse texto isoladamente. Podemos chegar a essa conclusão e imaginar exatamente o que você mencionou. No entanto, quando analisamos outros textos e não nos baseamos apenas nesse, podemos descobrir aspectos importantes que devem ser observados. 

A escolha ministerial não é consequência de um ato isolado, mas um processo. Vemos isso no exemplo de Davi: ele foi escolhido para ser rei, mas não foi coroado imediatamente, como registrado em 1 Samuel 16:1-13. 

Da mesma forma, os discípulos não foram imediatamente capacitados para a missão. Observe que eles foram escolhidos, mas nem todos demonstraram compromisso prático, como vemos em João 6:66-71. Este processo de preparação exigiu tempo, ensinamentos e experiências vividas ao lado de Jesus. Em Atos 1:21-26, a escolha de Matias para substituir Judas ilustra este princípio. Pedro salientou que o escolhido deveria ser alguém que já os acompanhava há bastante tempo e que tivesse conhecimento do ministério desde o batismo de Jesus por João até ao dia da sua ascensão. Assim, fica claro que o compromisso com a missão não se limita à escolha inicial, mas requer um desenvolvimento contínuo e uma entrega genuína aos propósitos divinos. Concluímos, portanto, que não basta imitar o ato de Jesus ao chamar os doze apóstolos sem considerar o contexto e os critérios espirituais envolvidos. 

 Outro aspecto interessante é que, após a ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos e soprou sobre eles, concedendo-lhes o Espírito Santo, conforme João 20:22. No entanto, mesmo com essa experiência, eles fracassaram em alguns momentos. Isso é evidenciado em João 21:3-17, quando Pedro convida os discípulos a voltarem à pesca, demonstrando um desejo de retomar a vida secular. Mas Jesus os reorienta para a missão. 

Ao chegarmos a Atos 2, vemos que os discípulos foram revestidos de poder, e, a partir desse ponto, não encontramos mais registros de desistência ou fracasso ministerial. Pelo contrário, todas as escolhas ministeriais posteriores foram de pessoas cheias do Espírito Santo. 

Essa ênfase na preparação espiritual é fundamental para entendermos o chamado ao ministério. Em Atos 13:1-3, vemos que Paulo e Barnabé foram escolhidos enquanto estavam cheios do Espírito Santo. Além disso, quando Paulo escreve a Timóteo (1 Timóteo 4:14; 2 Timóteo 1:6), ele o instrui a buscar homens espiritualmente maduros para o ministério. 

Com base nessas referências, compreendemos que um obreiro deve ser cheio do Espírito Santo antes de ser separado para a obra. Portanto, ele deve buscar a presença de Deus, além de possuir conhecimento bíblico. 

O chamado dos doze foi específico, e mesmo assim, eles precisaram ser preparados. Em Mateus 10, Jesus os enviou em missão, mas, mais tarde, encontramos os discípulos tentando expulsar um demônio e não conseguindo (Mateus 17:14-21; Marcos 9.17-29). Isso demonstra que apenas receber autoridade momentânea não basta; é necessária uma vida de preparo espiritual. Jesus explicou que certos desafios exigem jejum e oração, reforçando a necessidade de uma preparação contínua. 

Além disso, o termo "apóstolo" foi uma escolha específica para aquele grupo. Outros ofícios, como presbítero, diácono e bispo, foram instituídos posteriormente pelos próprios apóstolos, e sempre havia o requisito de serem homens cheios do Espírito Santo. 

Porém, há igrejas que não exigem o batismo com o Espírito Santo para o ministério (como algumas neopentecostais). Nossa visão é que um líder mais preparado espiritualmente é um líder melhor, assim como um homem com mais conhecimento e experiência tem maior capacidade de ensino. 

Outro ponto relevante é que, no Antigo Testamento, não havia o fenômeno do falar em línguas. Esse dom só surgiu após a vinda de Cristo. João 1:33 nos ensina que Jesus é quem batiza com o Espírito Santo

Pode estar a pensar que devemos espelhar-nos em Cristo, o que é, sem dúvida, correto. Contudo, é fundamental aprofundar a compreensão sobre as razões que o levaram a agir de determinadas formas, a quem Ele direcionava as suas ações e qual era o propósito maior por detrás de cada gesto ou ensinamento.

Vale lembrar que Cristo não instituiu diretamente diáconos, presbíteros, evangelistas ou bispos. Foram os apóstolos que organizaram essas funções, sempre exigindo que fossem homens cheios do Espírito Santo

Conclusão:

Na Assembleia de Deus, seguimos esse princípio. No entanto, hoje, há um desafio: o dom de línguas nem sempre é um sinal confiável de alguém cheio do Espírito Santo. Infelizmente, muitos brincam com esse dom, e o respeito que havia no passado tem-se perdido. É essencial que a igreja volte a enfatizar a verdadeira essência do Espírito Santo, promovendo ensinamentos sólidos e discernimento espiritual. O foco deve estar na edificação da fé e na busca genuína por uma vida transformada, em vez de manifestações exteriores que possam ser mal interpretadas ou usadas de forma leviana.