OS LIVROS APÓCRIFOS E APOCALÍPTICOS


 SIGNIFICADO DA PALAVRA APÓCRIFO.

 O que significa Apócrifo? 

A palavra apócrifo: Do grego apokrypha, escondido, nome usado pelos escritores eclesiásticos para determinar,

1) Tópicos confidenciais ou enigmáticos; 2) de origem desconhecida, falsa ou duvidosa; 3) escritos não reconhecidos como canónicos.

A palavra grega apókryfos usada no seu sentido original em três textos bíblicos como se referindo a coisas cuidadosamente ocultas’. (Marcos 4.22; Lucas 8.17; Colossenses 2.3) Conforme aplicada a escritos, referia-se originalmente àqueles que não eram lidos em público, portanto, ‘ocultos’ de outros. Mais tarde, contudo, a palavra assumiu o sentido de espúrio ou não-canônico, e atualmente é usada mais comumente para referir-se aos escritos adicionais declarados pela Igreja Católica Romana, no Concílio de Trento (1546 depois de Cristo), como fazendo parte do cânon da Bíblia.

    Os escritores católicos se referem a tais livros como deuterocanônicos, que significa “do segundo (ou posterior) cânon”, para diferenciá-los dos protocanônicos.

Uma das principais razões pelas quais os evangélicos rejeitam os Apócrifos é devido à grande quantidade de heresias apresentadas por esses livros. Fora isso. Existem também lendas absurdas e fictícias, bem como graves erros históricos e geográficos, que desqualificam os Apócrifos como palavra de Deus. A seguir, faremos um resumo de cada livro e depois mostraremos os seus graves erros.

Com o nome de "apócrifos" designamos, normalmente, os livros que a Vulgata Latina contém, mas que não estão incluídos no Velho Testamento Hebraico. A presença de tais livros na Vulgata, exceção feita a 2º Esdras, deve-se à tradução grega da Septuaginta, fonte da versão latina destes livros. Diz-se comumente que este evento demonstra que os judeus de Alexandria, fluentes na língua grega, lhes conferiram plena canonicidade, e que a Igreja primitiva adotou sem reservas a Bíblia Grega. Nada de certo, porém. Estes livros têm origem na Palestina e são escritos principalmente em hebraico ou aramaico. Embora populares tanto na Palestina como na Dispersão, é provável que não estivessem no mesmo plano que os outros livros canônicos em todas as regiões. O termo "apócrifo" pode significar "estranho" ou "externo". No entanto, esse significado não é rigoroso, uma vez que a palavra grega apocryphos significa "escondido" e era aplicada aos livros que se mantinham ocultos do público, destinados a ser consultados apenas por um grupo restrito uma classe privilegiada. Não há nada de ultrajante no termo, uma vez que os livros, pelo contrário, possuíam um valor específico, embora nem todos o compreendessem. Parece que assim se denominavam as obras dos videntes judeus do século II antes de Cristo., até ao século um, da era cristã, e que, publicados com os nomes até então, os heróis e profetas de Israel permaneceram ocultos. Sendo assim, nem todo o público conhecia a existência de tais livros. Em 2º Esdras 14 conta-se como Esdras ditou a cinco escribas noventa e quatro livros, vinte e quatro dos quais eram os livros do Velho Testamento (os Profetas Menores formavam um só livro), e nos setenta restantes "encontravam-se a origem da compreensão, a fonte da sabedoria e a torrente da ciência" (2º Esdras 14.46-47). Do exposto se infere que estes livros eram mais conceituados que o Velho Testamento, e que os apócrifos eram em muito maior número do que os que compreendem a atual coleção. Tratava-se talvez de livros apocalípticos como o próprio livro 2º Esdras. Orígenes utilizou o termo "apócrifo" para referir-se às obras apocalípticas, ao passo que considerava a coleção de "apócrifos" como canónica. De qualquer forma, parece que os apócrifos, no sentido de livros estranhos, englobavam inicialmente todos os livros sagrados não incluídos no Cânon, não incluídos no Cânon. Desses, uns eram mais populares que outros, e naturalmente os mais populares é que chegaram até nós através da Vulgata Latina. No entanto, os livros chamados "pseudepígrafos" (ou seja, livros publicados com o nome de um autor antigo) também foram considerados de valor especial, e podemos incluí-los no mesmo grupo dos "apócrifos".

Livros Apócrifos do Antigo Testamento-Lista e Características

    1º livro. Esdras (3º Esdras, na Vulgata). Começa com uma narrativa da grande festa da páscoa observada pelo rei Josias, a queda de Jerusalém e o exílio; então alude ao retorno, à reconstrução do templo e às reformas sob Esdras. A obra parece estar baseada em segundas Crônicas, Esdras e Neemias, mas não foi terminada. Provavelmente é uma recensão separada, independente da Septuaginta Em termos gerais, foi redigida em grego de melhor qualidade do que o da Septuaginta. Está incluída a história dos três jovens na corte de Dario 1º (capitulos. 3:1-4.42). Data: entre 150 e 50 antes de Cristo.

      2º livro.1º Esdras (4º Esdras, na Vulgata). Também se chama Apocalipse de Esdras. Foi escrito originalmente em aramaico, e então traduzido para o grego. Ambas as versões desapareceram, havendo cópias em latim, siríaco, etíope e outras línguas antigas, traduzidas da versão grega, com a possível exceção do siríaco, que pode ter sido traduzido diretamente do aramaico. A versão latina contém algumas adições cristãos: capitulos. 1 e 2 (de cerca de 150 d.C.) e capitulos. 15 e 16 (de cerca de 250 depois de Cristo ). Os capitulos. 3 ao 14, o original Apocalipse de Esdras, que consistia de seis visões, aborda o problema do mal e dos sofrimentos de Israel, em resultado à destruição de Jerusalém em 70 depois de Cristo e não à destruição mais antiga, de 586 ante de Cristo. O advento do Messias haveria de pôr fim a esse período de sofrimentos. Data: 90 depois de Cristo.

3º livro.Tobias é uma história curta que combina certo número de motivos populares, como a narrativa de uma viagem a terras distantes, uma expedição de pesca, uma droga maravilhosa, casos de amor, o salvamento de uma jovem aflita, a redescoberta de um tesouro, o encontro com um anjo disfarçado, um caso de exorcismo, costumes de sepultamento, costumes religiosos, ideais teístas e exemplos do cuidado divino pelos Seus. A história oferece-nos uma visão através da qual podemos compreender a piedade e a vida judaicas no início do segundo século antes de Cristo. Data: Cerca de 190•170 antes. Cristo.
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8º livro. Baruque. Uma obra composta, fornecendo alegadas informações sobre o amanuense do profeta Jeremias. O livro combina a confissão 4655 dos pecados de Israel, que produziram a destruição de Jerusalém, em 586 ante de Cristo, com uma seção que louva a sabedoria, juntamente com outra seção acerca da futura salvação de Israel. O livro exibe marcante dependência literária de Jó, Daniel e Isaías. Era amplamente lido pelos judeus que viviam fora de Israel, e tornou-se parte da cerimónia da sinagoga, tendo chegado até ao início da era cristã. Foi inicialmente escrito em hebraico, mas sobrevive numa versão grega. Data: cerca de 150-100 ante de Cristo.

9º livro. Epístola de Jeremias. Muitas vezes, é adicionado como o sexto capítulo do livro de Baruque. Um ataque vergastado contra a idolatria, refletindo os sentimentos de judeus leais em meio ao paganismo. Seu original foi escrito em aramaico, como se fosse uma carta de Jeremias aos judeus exilados na Babilônia (verja Jeremias. 29. 1). Data: cerca de 150. ante de Cristo..

10º  livro. Adições a Daniel. Oração de Azarias, Cântico dos Três Jovens e História de Susana. Todas essas adições aparecem nas Bíblias Grega e latina. A oração de Azarias, que fala sobre o Filho, segue Daniel. 3.23. Na Bíblia grega, Susana antecede o começo do livro de Daniel, mas é o décimo terceiro capítulo de Daniel, na Vulgata Latina. Em algumas publicações e edições, forma um livro separado, totalizando assim catorze livros apócrifos. Bel e o Dragão aparecem no fim do livro de Daniel, na versão grega, mas é o décimo quarto capítulo do mesmo na Vulgata. A oração e o cântico são notáveis exemplos da poesia litúrgica dos Judeus. O Cântico continua sendo usado na adoração cristã como o Benedicite, em duas partes do Livro de Oração. Susana é uma breve história que enfatiza a proteção de Deus aos fiéis. Recomenda que se façam indagações separadas das duas testemunhas requeridas pela lei judaica. Bel e o Dragão narra como foi desmascarada a astúcia de babilônios idólatras, além de ridiculizar a idolatria e a adoração dos cultos. Provavelmente teve um original hebraico talvez do século III ante de Cristo., mas certas porções podem ser do ano 100 ante de Cristo.

11º livro. O Jasão de Manasses. É um típico salmo penitencial judaico, apropriadamente atribuído ao rei Manasses (2º crônicas  33.1-13), mas que, por motivos óbvios, não foi composto por ele. Os livros apócrifos contêm muitos poemas religiosos e muitas orações, servindo de estudo a devoção judaica pré-cristã. Essa obra exemplifica o fato. Não há certeza se foi escrito originalmente em hebraico, mas sobreviveu em grego. Data: século um, Ante de Cristo.

12º  livro. 1º Macabeus. Um relato da guerra de independência dos Macabeus, desde seus primórdios, nos dias de Antíoco IV Epifânio, até o governo de João Hircano (135 a104 Ante de Cristo.), que se tornou sumo sacerdote e governante dos judeus. A narrativa é direta, claramente fundamentada em registos e observações. Há algumas incoerências internas, embora seja exato o bastante para que Josefo se sentisse capaz de usá-la como fonte Informativa em suas Antiguidades. Foi escrito em hebraico, tendo sido traduzido para o grego pouco depois de sua publicação. Data: cerca de 104 Ante de Cristo.

13º  livro. 2º Macabeus. Sumário da obra Jasan de Cirene (cerca de 100 Ante de Cristo.) em cinco livros. Aborda um período histórico bem mais breve que o de 1º Macabeus (quinze, em vez de quarenta). Há pontos paralelos entre os dois livros: 1º Macabeus 1-2;  2º Macabeus 4-7; 1º Macabeus. 3-5; 2º Macabeus 8-10; 1º Macabeus. 6-7 e 2º Macabeus 11-15. O livro lança mão de invenções sobrenaturais muito mais que 1º Macabeus.

O autor interessava-se pelo interesse de Deus pelo templo de Jerusalém. A obra abunda em milagres e lendas sagradas, como o martírio dos sete irmãos, expondo doutrinas a que objetaram os Reformadores protestantes. Isso constituiu uma das razões para a rejeição de todos os livros apócrifos, como a ração de almas encarnadas em favor de almas de falecidos, ou Alma de falecidos em favor de almas encarnadas. A doutrina do purgatório. Também está presente ali, sendo esta a única afirmação clara dessa doutrina, em obras que, pelo menos em certos segmentos da cristandade, são consideradas canónicas e autoritárias. Muitas outras religiões, entretanto, têm exposto uma forma ou trata de purificação após a morte biológica.

Autor desconhecido informa que extraiu grande parte de seu de uma obra em cinco volumes de Jason de Cirene. Por essa razão, o escritor ficou conhecido como o epitomista. Ele mesmo nos proveu o prólogo (2.19-32), o epílogo (15.37-39), e talvez a carta aos judeus egípcios (1.1-2.18). A obra de Jason parece ter sido escrita em grego. Data: cerca de 100 Ante de Cristo.

Com 2º Macabeus termina a coletânea ordinariamente chamada livros apócrifos Ainda outros livros dessa natureza foram usados em alguns segmentos da Igreja antiga, como segue:

3º  Macabeus. Aceito no cânon das Igrejas orientais. O livro era também chamado Ptolemaica. Sua narrativa envolve o reinado de Ptolomeu Filopater, que reinou entre 222 e 205 a.C. De acordo com relato, ficou irado diante da recusa dos judeus por não o admitirem no Santo dos Santos, no templo de Jerusalém, e retomou a Alexandria com sentimentos assassinos no coração, em busca de vingança. Porém, uma intervenção divina lhe frustrou o plano. Aparentemente foi escrito em grego. Data: de 1º século ante de Cristo a 1º depois de Cristo.

 4º Macabeus. Esse livro é incluído em algumas listas do cânon do Antigo Testamento. Trata-se de uma obra filosófica que aborda a questão: a razão devota é senhora de si mesma? Seu conteúdo é essencialmente um catálogo de mártires judeus, baseado quase inteiramente em " Macabeus. 6.18-7:42, mas com a adição de detalhes sanguinários. A filosofia do mesmo é estóica, e o estilo é retórico. Seu original aparentemente foi escrito em grego. Data século 1 depois de Cristo.

Lendas, Erros E Heresias.

1. Narrativas Fantasiosas e Inverossímeis: Tobias 6.1-4

   - No relato de Tobias 6.1-4, é apresentada uma narrativa que inclui elementos fictícios e extraordinários, como a presença de um peixe monstruoso no rio Tigre, pronto para devorar o personagem. Esses aspectos fantasiosos levantam questionamentos sobre a veracidade do relato.

2. Equívocos Históricos e Geográficos nos Apócrifos

   - Os Apócrifos são criticados por conterem erros históricos, geográficos e cronológicos, o que coloca em xeque a inerrância das Escrituras. Exemplos desses equívocos incluem informações imprecisas sobre figuras como Senaqueribe e eventos como a tomada de Nínive. Esses erros comprometem a confiabilidade da Palavra de Deus.

3. Promoção de Práticas Mágicas como Método de Exorcismo

   a) Em Tobias 6.5-9, é sugerido o uso de partes de um peixe para realizar exorcismos, envolvendo práticas que se assemelham a rituais de feitiçaria.
   b) Esse ensinamento contradiz a abordagem bíblica sobre enfrentar demônios, que se baseia no poder do nome de Jesus, não em métodos mágicos.
   c) A ideia de um anjo instruir métodos semelhantes à magia é questionável e incompatível com a abordagem bíblica de combate espiritual.
   d) Satanás não pode ser expulso por práticas enganosas de feitiçaria, sendo a autoridade do nome de Jesus o método eficaz (Mt 12.26; Mc 16.17; At 16.18).

4. Ensino de que Esmolas e Boas Obras Redimem Pecados

   a) Passagens como Tobias 12.8, 9 e Eclesiástico 3.33 sugerem que esmolas e boas obras têm o poder de apagar pecados e conceder vida eterna.
   b) Esse ensinamento contradiz a doutrina cristã fundamental de que a salvação é pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, não por méritos humanos.
   c) A salvação por obras compromete a eficácia do sacrifício vicário de Cristo, conforme destacado em versículos como Hebreus 12.22 e 1 Pedro 1.18,19.

5. Perdão dos Pecados Através de Orações

   a) Eclesiástico 3.4 sugere que o perdão dos pecados é obtido por meio de orações frequentes, indicando uma abordagem que contradiz a visão bíblica da salvação.
   b) A Bíblia enfatiza que o perdão dos pecados não é alcançado por meio de orações, mas sim pela fé em Cristo, reconhecendo o sacrifício expiatório.
   c) Passagens como Provérbios 28.13, 1 João 1.9 e 1 João 2.1,2 destacam a necessidade de confissão e arrependimento baseados na fé em Cristo para obter o perdão.

6. Oração pelos Mortos e a Doutrina do Purgatório

a) Em 2 Macabeus 12.43-46, é mencionado o envio de uma oferta para Jerusalém, destinada a sacrifícios pelos pecados dos mortos. Este texto é utilizado pela Igreja Católica Romana como base para a doutrina do purgatório.
b) Essa doutrina, que contradiz a Bíblia, sugere que orações podem oferecer uma segunda chance de salvação após a morte, indo contra passagens como Lucas 1.30-35, Salmo 51.5 e Romanos 3.23.
c) A ideia de um lugar intermediário e a possibilidade de mudar o destino após a morte são consideradas heréticas e satânicas, desviando-se do princípio da redenção exclusiva pelo sangue de Cristo.

7. Doutrina do Purgatório: Uma Invenção Herética

a) A doutrina do purgatório, desenvolvida pela Igreja Católica Romana, propõe que, mesmo após a morte, os indivíduos têm uma segunda oportunidade de alcançar a salvação. Isso contradiz claramente passagens como Lucas 1.30-35, Salmo 51.5 e Romanos 3.23.
b) A doutrina do purgatório é vista como uma heresia satânica, desviando-se da compreensão bíblica de que a salvação é possível apenas através da graça de Deus e da obra redentora de Cristo (João 14.6; Efésios 2.8-9).
c) Após a morte, o destino eterno de cada pessoa é selado, conforme evidenciado em passagens como Mateus 7.13, 13 e Lucas 16.26. Não há espaço para mudanças após a morte, refutando a ideia do purgatório.

Alusões no Novo Testamento e Influências Posteriores

1. O Novo Testamento faz referências e alusões a eventos e pensamentos presentes nos apócrifos, como evidenciado em Hebreus 11.35.
2. A versão dos Setenta (Septuaginta) é frequentemente citada no Novo Testamento, incluindo os livros apócrifos, indicando sua influência e aceitação pelos autores bíblicos.
3. Os manuscritos mais antigos da Bíblia, como Aleph (-), A e B, incluem os livros apócrifos, indicando que faziam parte da Bíblia cristã original.
4. Registros da arte cristã primitiva refletem o uso dos apócrifos, especialmente nas catacumbas, onde histórias dos fiéis intertestamentários eram representadas.
5. Pais da igreja, como Agostinho, tiveram papel crucial na aceitação dos apócrifos, influenciando concílios e estabelecendo sua categorização como canônicos no Concílio de Trento (1546).
6. Apesar da Reforma, algumas Bíblias protestantes ainda incluíam os apócrifos, e igrejas anglicanas continuam a lê-los regularmente nos cultos públicos.
7. A comunidade do Mar Morto também possuía manuscritos apócrifos, indicando que esses livros eram conhecidos e usados por judeus palestinos antes de Jesus.

Essa extensa tradição, porém, é questionada por aqueles que defendem um cânone mais restrito, como o cânone palestino, que exclui os livros apócrifos do Antigo Testamento.

Livros Perdidos da Bíblia e Pseudepígrafos

O título "Livros Perdidos da Bíblia" é muitas vezes inadequado quando se refere a obras que não foram incluídas no cânon bíblico. Embora alguns desses livros tenham tido importância e servido como fonte informativa para alguns trechos bíblicos, não são considerados livros bíblicos. Além disso, algumas epístolas paulinas podem ter se perdido, como indicado em Colossenses 4.16.
Durante os séculos II e III, muitos escritos espúrios e heréticos surgiram, conhecidos como pseudepígrafos. Eusébio os descreveu como "totalmente absurdos e ímpios", embora nem tudo neles seja falso. Alguns desses escritos derivaram de tradições religiosas, possivelmente com raízes em alguma verdade.

Natureza dos Pseudepígrafos:

Esses livros eram frequentemente atribuídos a autores bíblicos, embora nenhum pai da igreja, cânon ou concílio os tenha declarado canônicos. Para os cristãos, eles têm principalmente interesse histórico, pois contêm ensinos heréticos com erros gnósticos, docéticos e monofisitas. Os gnósticos afirmavam ter conhecimento especial dos mistérios divinos, negando a encarnação de Cristo. Os docetas aceitavam a divindade de Cristo, mas negavam sua humanidade. Os monofisitas ascéticos ensinavam que Cristo tinha apenas uma natureza, uma fusão do divino com o humano.
Esses livros eram acatados por seitas heréticas, mas a corrente principal do cristianismo os considerava espúrios e ímpios, seguindo a visão de Eusébio.

Número de Pseudepígrafos:

O número exato desses livros é difícil de determinar. No século XIX, Fótio listou cerca de 280 obras, mas desde então, muitas outras surgiram. Alguns dos pseudepígrafos mais importantes incluem:

  1. Evangelhos usados por Lucas: Documentos perdidos que foram fontes informativas para o Evangelho de Lucas (Lucas 1.1).
  2. Epístola aos Laodicenses: Mencionada em Colossenses 4.16, mas não preservada.
  3. Pseudepígrafos do Antigo Testamento: Apresentavam fantasias religiosas e curiosidade para descobrir mistérios não revelados nos livros canônicos, revelando uma tendência mórbida para apoiar idiossincrasias doutrinárias através de fraudes aparentemente piedosas.

Esses pseudepígrafos, embora contenham alguma fantasia, devem ser avaliados com uma abordagem crítica para separar qualquer resquício de verdade que possa estar presente em meio às narrativas fantasiosas.


EVANGELHOS

  1. Evangelho de Tomé (século I):

    • Descrição: Visão gnóstica dos supostos milagres da infância de Jesus.
  2. Evangelho dos Ebionitas (século II):

    • Descrição: Tentativa gnóstico-cristã de manter práticas do Antigo Testamento.
  3. Evangelho de Pedra (século II):

    • Descrição: Falsificação docética e gnóstica.
  4. Proto-Evangelho de Tiago (século II):

    • Descrição: Narrativa de Maria sobre o massacre dos meninos por Herodes.
  5. Evangelho dos Egípcios (século II):

    • Descrição: Ensinamento ascético contra casamento, carne e vinho.
  6. Evangelho Árabe da Infância (?):

    • Descrição: Registra milagres de Jesus na infância, no Egito, e a visita dos magos de Zoroastro.
  7. Evangelho de Nicodemos (séculos II ou V):

    • Conteúdo: Atos de Pilatos e a Descida de Jesus.
  8. Evangelho do Carpinteiro José (século IV):

    • Descrição: Escrito de uma seita monofisista que glorificava José.
  9. História do Carpinteiro José (século V):

    • Descrição: Versão monofisista da vida de José.
  10. Passamento de Maria (século II):

    • Conteúdo: Relata a assunção corporal de Maria e mostra estágios progressivos da adoração de Maria.
  11. Evangelho da Natividade de Maria (século VI):

    • Descrição: Promove a adoração de Maria, base da Lenda de Ouro no século XIII sobre a vida dos santos.
  12. Evangelho de um Pseudo-Mateus (século V):

    • Conteúdo: Narrativa sobre a visita de Jesus ao Egito e alguns milagres do final de sua infância.

13-21. Evangelho dos Doze, de Barnabé, de Bartolomeu, dos Hebreus (v. "Apócrifos"), de Marcião, de André, de Matias, de Pedro, de Filipe. - Descrição: Diversos evangelhos apócrifos atribuídos a diferentes apóstolos.

Esses evangelhos, não incluídos no cânon bíblico, oferecem visões diversas sobre a vida de Jesus e eventos associados, refletindo as interpretações e crenças de diferentes comunidades cristãs ao longo dos séculos

  1. Atos de Pedro (século II):

    • Conteúdo: Contém a lenda da crucificação de Pedro de cabeça para baixo.
  2. Atos de João (século II):

    • Influência: Reflete ensinos gnósticos e docéticos.
  3. Atos de André (?):

    • História: Narrativa gnóstica da prisão e morte de André.
  4. Atos de Tomé (?):

    • Conteúdo: Missão e martírio de Tomé na Índia.
  5. Atos de Paulo:

    • Características: Apresenta Paulo com características físicas específicas.

6-8. Atos de Matias, de Filipe, de Tadeu:

  • Conteúdo: Diversas narrativas relacionadas a esses apóstolos.

Epístolas:

  1. Carta atribuída a nosso Senhor:

    • Conteúdo: Suposto registro da resposta de Jesus a um pedido de cura.
  2. Carta Perdida aos Coríntios (séculos II-III):

    • Descrição: Falsificação baseada em 1Coríntios 5.9.
  3. (Seis) Cartas de Paulo a Sêneca (século II):

    • Características: Falsificação recomendando o cristianismo para os discípulos de Sêneca.
  4. Carta de Paulo aos Laodicenses:

    • Descrição: Falsificação baseada em Colossenses 4.16.

Apocalipses:

  1. Apocalipse de Pedro:

    • Detalhes: Também relacionado em "Apócrifos".
  2. Apocalipse de Paulo:

  3. Apocalipse de Tomé:

  4. Apocalipse de Estêvão:

  5. Segundo Apocalipse de Tiago:

  6. Apocalipse de Messos:

  7. Apocalipse de Dositeu:

    • Origem: Obras coptas do século III de cunho gnóstico, descobertas em Nag-Hammadi, Egito, em 1946.

Esses textos, muitos dos quais foram descartados pela tradição cristã, oferecem visões variadas e, em alguns casos, lendárias dos eventos e personagens do Novo Testamento, refletindo interpretações distintas e influências culturais ao longo do tempo.

OUTRAS OBRAS


Outras Obras e Livros Questionados: Breve Análise

  1. Livro Secreto de João:

    • Origem: Parte dos textos de Nag-Hammadi (1946).
    • Características: Desconhecido até 1946, reflete visões específicas.
  2. Tradições de Matias:

    • Origem: Texto de Nag-Hammadi.
    • Significado: Oferece visões particulares e tradições associadas a Matias.
  3. Diálogo do Salvador:

    • Origem: Também parte dos textos de Nag-Hammadi.
    • Características: Inclui diálogos atribuídos a Jesus, apresentando perspectivas distintas.

Essas obras, descobertas em Nag-Hammadi em 1946, fornecem uma visão adicional sobre as interpretações e tradições relacionadas a figuras do Novo Testamento. A falta de reconhecimento generalizado se deve à sua natureza especulativa e ao fato de não terem sido incorporadas ao cânon oficial.

Livros Questionados - Antilegomena:

Definição: Livros cuja autenticidade foi questionada por alguns pais da igreja, ainda não obtendo reconhecimento universal até o século IV.

  1. Hebreus:

    • Questões: Anonimato do autor, falta de identificação como apóstolo.
    • Resolução: Adoção gradual no cânon, aceitação após influência de Jerônimo e Agostinho.
  2. Tiago:

    • Desafios: Questões sobre autenticidade e ensino aparentemente conflitante com Paulo.
    • Resolução: Aceitação após esforços de Orígenes, Eusébio, Jerônimo e Agostinho.
  3. Segunda Carta de Pedro:

    • Desafios: Dessemelhança de estilo com a Primeira Carta de Pedro.
    • Resolução: Aceitação com base em razões linguísticas e históricas, apesar das diferenças.

Observações sobre os Antilegomena:

  • Aceitação Gradual: A falta de comunicação entre Oriente e Ocidente contribuiu para a aceitação gradual desses livros.
  • Crença Original: Apesar das dúvidas iniciais, esses livros eram considerados autênticos por comunidades apostólicas e subapostólicas.
  • Problemas Particulares: Cada livro enfrentou questionamentos específicos, como anonimato, conflitos aparentes de ensino e diferenças de estilo.

Esses livros, conhecidos como antilegomena, foram, no entanto, aceitos integralmente no cânon do Novo Testamento após o século IV, uma vez superadas as dúvidas iniciais. Sua presença no cânon reflete a compreensão de sua autoridade divina e inspiração

A Defesa e Aceitação dos Livros Questionados: Análise Final

Segunda Carta de Pedro:

  • William F. Albright: Datação anterior a 80 d.C., similaridades com Qumran, reforçando origem apostólica.
  • Papiro Bodmer: Descoberta recente (século III), testemunhando respeito entre cristãos coptas por 2Pedro.

Primeira e Segunda Cartas de João:

  • Identificação do Escritor: Anonimato nas cartas, identificação como "o presbítero".
  • Defesa: Aceitação por Policarpo, Irineu, presença no Cânon muratório e Antiga latina.
  • Conexão com João: Similaridade de estilo e mensagem com 1João, indicando autoria comum.

Judas:

  • Desafios: Contestação por referências a Enoque e possível alusão à Assunção de Moisés.
  • Defesa: Aceitação por Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cânon muratório.
  • Explicação para Citações: Comparação com Paulo citando poetas não-cristãos, sem implicar autoridade divina.

Apocalipse:

  • Antilegomena: Questionado no início do século IV, principalmente devido à doutrina milenarista.
  • Aceitação Inicial: Reconhecido por autores do Didachê, pastor, Papias e Irineu.
  • Controvérsia e Defesa: Debate prolongado até o século IV, com influência negativa de montanistas.
  • Intervenção de Defensores: Atanásio, Jerônimo e Agostinho defendem o Apocalipse contra oposição.
  • Resultado: Aceitação final no cânon sagrado após evidências de uso inadequado por seitas heréticas.

Conclusão Geral:

  • Motivos Iniciais da Oposição: Falta de comunicação e interpretações equivocadas.
  • Aceitação Definitiva: Revelação da verdade, conhecimento ampliado, reconhecimento pela comunidade cristã primitiva.

II. A DOUTRINA DOS LIVROS APÓCRIFOS


1. Doutrina de Deus:

  • Transcendência: Tendência em destacar a transcendência de Deus, evitando mencionar diretamente seu nome.
  • Perífrases: Uso de expressões como "Céu" em vez de mencionar Deus diretamente, como observado em 1 Macabeus.
  • Doutrina dos Anjos: Ênfase na atuação dos anjos para evitar a necessidade de intervenção direta de Deus nos assuntos terrenos.
  • Soberania de Deus: Desenvolvimento da doutrina da soberania divina, com predestinação precisa e reconhecimento da liberdade humana.
  • Relações com os Homens: Apesar da transcendência, reconhecimento da Paternidade divina e relações de Deus com os homens.

2. Infalibilidade da Escritura:

  • Inerrância e Infalibilidade: Afirmação de que a Bíblia não contém erros, sendo correta em tudo o que declara.
  • Autoridade da Escritura: Necessidade de reconhecer a autoridade última da Escritura para manter a cosmovisão cristã.
  • Desafio para os Críticos: Críticos devem justificar sua cosmovisão pessoal contra argumentos dos crentes em favor da veracidade da fé cristã.
  • Unidade da Escritura: Necessidade de aceitar a Bíblia como unidade, não separando aspectos espirituais de históricos.
  • Autoridade Última: Rejeição da autoridade última da Escritura implica uma mudança na afiliação ao cristianismo.

3. Livros Apócrifos:

  • Apócrifos Propriamente Ditos: Breve descrição de alguns livros apócrifos, como 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Descanso de Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, Daniel (com apêndices), Or. Manassés, e 1 Macabeus.
  • Variedade de Gêneros: Inclusão de narrativas históricas, apocalípticas, românticas e orações nos apócrifos.
  • Combate à Heresia: Alguns livros, como Baruque e Daniel (apêndices), destinam-se a combater a heresia.
  • Contexto de Produção: Indicação de períodos aproximados de produção dos apócrifos, situando-os entre os séculos III A.C. e I A.C.

Há quem suponha que o autor é contemporâneo dos acontecimentos que relata. O 2 Macabeus continua o anterior e expõe, num estilo primoroso, as façanhas de Judas Macabeu.

SÉRIE - AS MULHERES NA BÍBLIA-A esposa de Hadade, irmã de Tafnes

 


A esposa de Hadade, irmã de Tafnes, que era esposa do rei Faraó no tempo de Davi e mãe de Genubate, que foi criado com a rainha Tafnes - 1 Reis 11:20.

A personagem mencionada em 1 Reis 11:20, como a esposa de Hadade, irmã de Tafnes, desempenha um papel interessante em um contexto histórico e político complexo. A passagem faz parte da narrativa que descreve as relações de Salomão com outras nações, em especial com o reino de Edom.

    Hadade, o edomita, viveu no exílio desde a infância por causa 
das hostilidades entre Israel e Edom. Quando Davi conquistou Edom, Hadade foi enviado ao Egito, onde encontrou refúgio sob a proteção do faraó. A passagem menciona que a esposa de Hadade era irmã de Tafnes, que por sua vez era esposa do rei Faraó na época de Davi.

Esses detalhes revelam uma complexa teia de relações e alianças políticas na região durante esse período. O casamento entre Hadade e a irmã de Tafnes não apenas solidifica as conexões entre Edom e o Egito, mas também destaca o papel das mulheres nesse contexto político. 

A esposa de Hadade e sua conexão com Tafnes, que era a esposa do faraó, sugerem que as mulheres desempenhavam papéis estratégicos nas relações diplomáticas e nas alianças entre as nações. Em uma sociedade muitas vezes dominada por narrativas centradas em homens e suas conquistas, a menção dessas mulheres ressalta a influência significativa que elas podem ter tido nos bastidores da política da época.

A criação de Genubate, filho de Hadade e da esposa mencionada, com a rainha Tafnes indica uma dinâmica mais próxima entre as famílias edomita e egípcia. A presença de Genubate sendo criado com a rainha sugere uma espécie de união de famílias ou um gesto de hospitalidade e cooperação entre as duas nações.

A passagem também pode ser interpretada à luz das complexidades da política internacional e da diplomacia, onde alianças matrimoniais eram frequentemente utilizadas para consolidar poder e garantir paz entre as nações. As relações familiares e os casamentos entre membros de diferentes casas reais eram estratégias comuns para fortalecer vínculos e prevenir conflito.

Em resumo, a esposa de Hadade, irmã de Tafnes, é uma personagem que, embora mencionada brevemente na Escritura, oferece uma visão intrigante sobre as dinâmicas políticas e familiares na região durante o reinado de Salomão. Sua presença destaca a importância das mulheres nas relações diplomáticas e nos arranjos políticos da época, ampliando nossa compreensão das complexidades históricas e culturais presentes nesse contexto bíblico.







SÉRIE - AS MULHERES NA BÍBLIA - A mulher de Naamã

 


A mulher de Naamã, cujo nome não é mencionado na Bíblia, mas que aparece após uma jovem em Israel dizer que havia um Deus que poderia curar seu marido - 2 Reis 5:2.

A mulher de Naamã, cujo nome não é especificamente mencionado na Bíblia, é uma figura notável que desempenha um papel crucial na narrativa registrada em 2 Reis 5:2. Essa passagem oferece uma visão rica de fé, cura e ação divina na vida de um comandante sírio.

A história começa com uma jovem israelita que é capturada e torna-se serva na casa de Naamã. Ela compartilha a notícia de um profeta em Israel, Eliseu, que possui o poder de curar lepra. Ao ouvir isso, a esposa de Naamã decide agir, buscando a cura para seu marido.

O fato de que o nome da esposa não é especificado é emblemático do papel que ela desempenha na narrativa - ela é uma representação mais ampla das ações e da fé daqueles que buscam a intervenção divina. A decisão dela de agir em resposta à informação da jovem serva reflete uma confiança implícita em Deus, mesmo que ela pertença a uma cultura estrangeira e, provavelmente, adorasse deidades diferentes.

Quando Naamã vai ao encontro do profeta Eliseu, é a esposa que se destaca como um exemplo de paciência e encorajamento. Ela o incentiva a seguir as instruções de Eliseu, mesmo quando as instruções parecem simples e até mesmo estranhas. A fé dela se destaca quando, eventualmente, Naamã é curado após seguir as instruções de mergulhar sete vezes no rio Jordão.

Essa história oferece diversas lições teológicas. Primeiramente, ela destaca a universalidade do poder de Deus. Mesmo fora da comunidade de fé israelita, Deus está disposto a manifestar Seu poder curativo. A fé da esposa de Naamã e a obediência de Naamã são recompensadas pela cura milagrosa.

Além disso, a narrativa enfatiza a importância da fé simples e obediente. A esposa de Naamã, ao agir com base na informação que recebe, demonstra uma confiança em Deus que transcende as barreiras culturais e religiosas. Sua disposição de seguir as orientações divinas, mesmo quando parecem contraintuitivas, ressalta a necessidade de obediência e confiança nas promessas de Deus.

Em resumo, embora o nome da esposa de Naamã não seja mencionado na Bíblia, sua história é uma expressão poderosa de fé, ação e curadivina. Ela representa aqueles que, mesmo fora dos limites geográficos eculturais do povo de Deus, podem encontrar a manifestação do poder divino aoconfiar e obedecer às Suas instruções.








SÉRIE - AS MULHERES NA BÍBLIA- A filha de Bezelai

 


A filha de Bezelai, ao se casar com um homem de Galaad, decidiu manter seu próprio sobrenome em vez de assumir o sobrenome do marido - Esdras 2:61-62. 

    A Filha de Bezelai, mencionada em Esdras 2:61-62, destaca-se por sua escolha de reter seu próprio sobrenome após o casamento, uma prática incomum na cultura da época. Embora a passagem seja breve, ela lança luz sobre questões culturais, sociais e possivelmente até mesmo teológicas dentro do contexto da restauração pós-exílio em Israel. 

    A prática comum na cultura bíblica era que, ao se casar, a mulher adotasse o sobrenome do marido, tornando-se parte integral de sua família e linhagem. No entanto, a Filha de Bezelai toma uma decisão diferente, mantendo seu próprio sobrenome, que é derivado de seu pai. Essa escolha pode indicar uma variedade de considerações.

     Primeiramente, pode sugerir uma forte identidade pessoal e uma conexão significativa com sua própria linhagem e herança familiar. A manutenção do sobrenome de seu pai pode expressar um desejo de preservar sua própria identidade e história dentro da comunidade restaurada. Além disso, essa escolha pode ter implicações teológicas e sociais. 

    A ênfase na genealogia e na linhagem em muitas passagens bíblicas reflete a importância dada à continuidade e à preservação da história do povo de Deus. Ao manter seu sobrenome, a Filha de Bezelai pode estar indicando sua contribuição contínua para a narrativa da redenção e restauração de Israel. Essa decisão também pode ter raízes em considerações legais ou sociais específicas da época. 

    Em um contexto pós-exílio, onde questões de identidade e pertencimento eram particularmente sensíveis, a Filha de Bezelai pode ter escolhido manter seu sobrenome como uma expressão de autonomia e preservação de sua herança familiar. O texto em Esdras não oferece detalhes específicos sobre as motivações da Filha de Bezelai, mas essa breve menção é rica em implicações.]

     Ela destaca a complexidade da interseção entre identidade individual, herança familiar, práticas culturais e contexto histórico. A escolha dela pode ter sido uma afirmação consciente de sua própria identidade e uma contribuição única para a reconstrução da comunidade após o exílio. Em última análise, a Filha de Bezelai, ao reter seu próprio sobrenome, transcende as convenções sociais de sua época, lançando luz sobre a diversidade de experiências e escolhas dentro da comunidade de restauração em Israel. 

    Essa decisão singular não apenas destaca sua individualidade, mas também ressoa como um testemunho da riqueza e complexidade da experiência humana na busca pela fidelidade a Deus em meio às mudanças culturais e históricas.







SÉRIE - AS MULHERES NA BÍBLIA-A esposa de Hezrom e filha de Maquir, irmã de Gileade

 


A esposa de Hezrom, filha de Maquir e irmã de Gileade, teve um filho chamado Segube - 1 Crônicas 2:21. A esposa de Hezrom e filha de Maquir, mencionada em 1 Crônicas 2:21, é uma personagem cuja brevidade na Escritura não diminui a sua importância nas linhagens e genealogias bíblicas. 

    Embora o texto não forneça detalhes substanciais sobre sua vida, podemos extrair algumas reflexões significativas. A genealogia, muitas vezes negligenciada em sua riqueza, é uma parte crucial da Escritura, conectando gerações e revelando a fidelidade de Deus ao longo do tempo. 

    Neste caso, a mulher em questão é uma parte essencial da linhagem de Judá, uma das tribos mais destacadas de Israel. O fato de ser identificada como a esposa de Hezrom, filho de Peres, sugere que ela faz parte da linhagem messiânica, que culmina na genealogia de Jesus Cristo conforme apresentada em Mateus 1:3. Este é um lembrete da continuidade do plano divino desde os patriarcas até o cumprimento das promessas messiânicas. 

    A conexão familiar também destaca a importância da unidade e continuidade na narrativa bíblica. As relações familiares servem como fios que tecem a história do povo de Deus. A esposa de Hezrom não é apenas uma figura isolada, mas parte de uma rede complexa de parentesco que contribui para o desenvolvimento da história de Israel. A menção de que ela é a filha de Maquir e irmã de Gileade pode indicar uma posição de destaque ou influência em sua família. Maquir é uma figura notável, filho de Manassés e neto de José, enquanto Gileade, seu irmão, deu nome a uma região importante. 

    Esses antecedentes sugerem que a esposa de Hezrom faz parte de uma linhagem respeitada e envolvida em eventos significativos na história de Israel. O nome do filho, Segube, embora mencionado brevemente, também faz parte da genealogia que preserva a história e a herança do povo de Deus. 

    Cada nome nestas genealogias representa uma vida, uma história e um papel na realização do plano divino. Em resumo, a esposa de Hezrom, filha de Maquir e irmã de Gileade, pode não ter uma narrativa extensa, mas sua inclusão nas genealogias destaca sua importância na história de Israel. 

    Ela representa a continuidade das promessas divinas, a unidade familiar e a participação em uma linhagem que eventualmente leva ao nascimento de Jesus Cristo. Sua presença destaca como mesmo as figuras aparentemente menores na Escritura desempenham papéis cruciais no grande plano de Deus para a redenção da humanidade.








SÉRIE - AS MULHERES NA BÍBLIA- A Filha de Herodias, que, aconselhada por sua mãe

 


A Filha de Herodias, que, aconselhada por sua mãe, pediu a cabeça de João Batista - Marcos 6:14-29. A história da filha de Herodias, cujo nome não é especificamente mencionado nos Evangelhos, mas que é frequentemente identificada como Salomé, é registrada em Marcos 6:14-29. 

    Essa história revela eventos dramáticos e morais complexos no contexto do Novo Testamento. A filha de Herodias é apresentada como uma figura jovem que desempenha um papel crucial na execução de João Batista. O relato começa com Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia, ouvindo falar sobre Jesus e ficando perturbado, temendo que Jesus fosse João Batista ressuscitado. 

    O texto destaca a influência negativa de Herodias sobre sua filha. A mãe instiga a filha a pedir a cabeça de João Batista como recompensa durante uma festa em homenagem ao aniversário de Herodes. A jovem, seduzida pela orientação materna, apresenta o pedido a Herodes, que, relutantemente, concorda devido ao juramento feito diante de seus convidados. Essa passagem traz à tona várias considerações teológicas e éticas. Em primeiro lugar, evidencia a influência negativa que relações e escolhas podem exercer sobre a vida das pessoas. 

    A filha de Herodias torna-se uma ilustração da vulnerabilidade e influência do ambiente ao seu redor, especialmente da influência dos pais. Em segundo lugar, a história destaca a percepção equivocada e o conflito interno de Herodes. Ele reconhece a retidão de João Batista e, ao mesmo tempo, cede à pressão social e às más escolhas, culminando na execução de um homem justo. Essa tensão moral reflete a complexidade dos dilemas éticos que muitas vezes enfrentamos na vida. Além disso, a narrativa serve como um alerta contra o abuso de autoridade e o desrespeito à vida. 

    A decapitação de João Batista é um ato cruel motivado pela vingança e pela ambição, destacando as consequências devastadoras das decisões tomadas por Herodes e sua família. A presença da filha de Herodias na história também destaca a importância da responsabilidade individual. Embora influenciada pela mãe, a jovem tem sua própria responsabilidade moral nas escolhas que faz. Isso ressalta a necessidade de discernimento pessoal e resistência contra influências negativas.
    
     Em resumo, a filha de Herodias na narrativa de Marcos 6:14-29 é uma figura complexa que, apesar de seu papel secundário, destaca questões éticas, influências familiares e as consequências de decisões morais equivocadas. Essa história serve como um lembrete sobre a importância da integridade pessoal, discernimento moral e da busca pela retidão em meio às pressões e influências do mundo ao nosso redor.