TRONO BRANCO o Julgamento Final

 

Introdução:

O tema do TRONO BRANCO, como descrito nas Escrituras Sagradas, é uma questão de profundo significado teológico e espiritual para os crentes. Trata-se do momento em que a justiça divina é plenamente manifestada, onde todos os seres humanos, desde o início da criação até o fim dos tempos, serão chamados a prestar contas diante de Deus. Este julgamento final é descrito como um evento de tremenda magnitude, onde cada ação, pensamento e intenção serão revelados e avaliados. Neste contexto, a compreensão do trono branco oferece uma visão penetrante da soberania e santidade de Deus, assim como da importância da fé e da responsabilidade moral do ser humano.

TEXTO:

Atos 17.31: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos

Este veredicto está programado para ocorrer após o Milênio, mil anos após o julgamento das nações. Ao contrário do julgamento das nações, que ocorreu na terra, este será realizado nos domínios celestiais onde Deus reside.

Alguns estudiosos consideram que este julgamento é semelhante ao juízo descrito em Apocalipse 20:11-15, ou seja, um julgamento geral de todos os seres humanos diante do Grande Trono de Deus. Uma comparação entre esses dois julgamentos revela que não são idênticos.

Mt 25.31-46

Ap 20.11-15

1 - Nenhuma ressurreição mencionada

2 - Serão julgadas “as nações".

3 - O julgamento realizado na terra (Joel 3.2).

4 - Há classes de julgados: ovelhas, e bodes

5 - Nenhum livro é mencionado,

6 - Ocorrerá antes do Milénio.

 

1 – É mencionada a ressureição.

2 - Serão Julgados “os mortos”

3 – A terra e o céu já fugiram

4 – Há uma só classe – os mortos.

5 – Os livro serão abertos.

6 – Ocorrerá depois do Milênio.

É evidente que um desses julgamentos ocorrerá na terra, enquanto o outro será nas regiões celestiais. O julgamento descrito em Mateus 25 não se refere à Igreja, pois ela estará associada a Cristo nesse julgamento (1 Coríntios 6:2,3).

É importante não se iludir: o Julgamento Final não é uma suposição. É algo já determinado por Deus para que Sua justiça seja completamente reconhecida e exercida em todo o Universo.

Esse reconhecimento se dará:

1. Dos crentes (2 Coríntios 5:10);

2. De Israel (Ezequiel 20:34-38);

3. Das nações (Mateus 25:31-40);

4. Dos anjos (1 Coríntios 6:3).

Provavelmente ocorrerá simultaneamente com a renovação da terra pelo fogo.

Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios. (...) aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pedro 3:7,12-13).

No Julgamento Final, ninguém escapará da justiça divina. Contra ela não há subterfúgios ou brechas legais. Os culpados serão rigorosamente lançados no lago de fogo, onde serão atormentados pelos séculos dos séculos.

 Deus Pai é o juiz de toda a terra (Gênesis 18:25), mas Ele delegou todo o julgamento ao Seu Filho (João 5:22,27; Atos 10:42). Agora, Cristo não atuará mais como advogado.

Referências:

Gêneses 18.25: “Não é possível que mates os bons junto com os maus, como se todos tivessem cometido os mesmos pecados. Não faças isso! Tu és o juiz do mundo inteiro e por isso agirás com justiça.” (Cf., v 26).

E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo, E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem” (Jo 5.22,27).

Mateus 25.32: “E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas.

E nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.” (At 10.42).

Nessa ocasião, os ímpios falecidos de todas as épocas ressuscitarão com seus corpos físicos e imortais, porém marcados pelo peso do pecado. "E não temais aqueles que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo." (Mateus 10:28).

 Esse julgamento será para a aplicação de sentenças, pois o pecador já está condenado desde o momento em que não crê no Filho de Deus como seu Salvador (Advogado). João 3:18 diz: "Quem crê nele [Jesus] não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus."

Quem vai comparecer a este julgamento?

São ressuscitados todos os ímpios que morreram desde o princípio da criação até o fim do Milênio. Eles ressuscitarão em corpos imperecíveis, porém ainda carregados de pecado.

Isso inclui:

- Os que morreram no Dilúvio (Gênesis 7-8; "...e não poupou o mundo antigo, mas guardou a Noé..." - 2 Pedro 2:4).

- Os que morreram na destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 18).

- Faraó e seu exército (Êxodo 14).

- Todos os que estão no tormento do inferno sairão (Lucas 16:23; Apocalipse 20:13: "E o mar entregou os mortos que nele estavam; e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles estavam; e foram julgados, cada um de acordo com o que haviam feito.").

As Escrituras ensinam que todos serão julgados. Vejamos algumas passagens que tratam desse assunto:

E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e foram abertos livros. Ainda outro livro foi aberto, que é o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros. O mar entregou os mortos que nele estavam, e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles estavam; e cada um foi julgado de acordo com o que tinha feito (Apocalipse 20:12-13).

- Os anjos caídos (2 Pedro 2:4-10; Judas 6):

Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, oitavo pregoeiro da justiça, trazendo o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; e condenou à subversão as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; e livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis (porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo suas obras injustas); assim sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia de juízo, para serem castigados; e principalmente aos que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia, e desprezam as dominações; atrevidos, não receando blasfemar das dignidades. (2 Pedro 2:4-10).

"E os anjos que não guardaram a sua origem, mas deixaram a sua própria habitação, reservou debaixo da escuridão e em prisões eternas até o juízo daquele grande dia." (Judas 6).

- Satanás:

"E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre." (Apocalipse 20:10). Isso sugere que ele será lançado antes do julgamento das nações.

- Todos os crentes estarão presentes, assentados com Cristo no trono:

"Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?" (1 Coríntios 6:3).

Não serão julgados (João 5:24; Romanos 8:1), mas julgarão os ímpios (1 Coríntios 5:2).

Observação: Existem diferentes interpretações sobre a participação dos fiéis no julgamento final. Alguns acreditam que os fiéis ressuscitarão com um corpo incorruptível e julgarão junto com Jesus, enquanto outros acreditam que serão transformados em um corpo incorruptível e participarão do julgamento de diferentes maneiras. A Bíblia não oferece uma clara definição sobre esse aspecto.

3- Como se processará este julgamento?

A lei pela qual todos serão julgados é a palavra de Deus.

 

O julgamento será individual e baseado no registro das obras de cada pessoa nos livros de Deus, conforme Apocalipse 20:12.

Haverá registros detalhados no julgamento final: "... abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida..." (Apocalipse 20:12).Alguns desses livros devem ser:

O Livro dos vivos, - isto é, que é como uma certidão de nascimento espiritual.

Êxodo 32:32 (ARA) menciona a solicitação de Moisés para ser apagado do livro de Deus, referindo-se à sua vida sendo registrada por Deus. Salmo 139:16 destaca como Deus registra todas as coisas desde o início da vida de uma pessoa. Deus prometeu apagar do Livro da Vida aqueles que pecarem contra Ele (Êxodo 32:33). Esse livro, mencionado por Davi, representa o plano divino para nossas vidas, mas ressalta que podemos alterá-lo por meio de nossas escolhas (Deuteronômio 28:1; Josué 24:15; 1 Reis 18:21; Hebreus 4:7), demonstrando o livre-arbítrio concedido por Deus.

O Livro das Lágrimas, simbolicamente representando o registro das aflições e tristezas humanas.

O Salmo 56:8 expressa a preocupação de que Deus tenha registrado todas as lágrimas derramadas. De acordo com a crença rabínica citada por Lamartine Posella, há um livro onde todas as lágrimas humanas são registradas, limitadas por Deus para cada indivíduo.

O Livro da Natureza, que revela o poder e a glória de Deus através de Suas obras.

Romanos 1:20 declara que desde a criação do mundo, a natureza evidencia a existência de Deus. O Salmo 19:1-4 também destaca como a criação testemunha a grandiosidade de Deus. O livro da natureza será aberto como testemunho contra aqueles que distorceram e violaram as leis naturais e morais estabelecidas por Deus, como mencionado pelo Pr. Alexandre Augusto. Essa abertura do livro da natureza será acompanhada pelo livro da consciência, revelando as impurezas e transgressões cometidas pelos homens:

É triste de imaginar o homossexualismo, o lesbianismo, o adultério, a fornicação, até mesmo o pedofelismo, tudo isso, está até mesmo dentro das igrejas. Crentes falsos que vão encarar o Juiz. Este será o livro da natureza, que o homem deturpou, segundo as impurezas da carne. Por isso creio que o livro da natureza será aberto para mostrar para os homens que até mesmo se deitaram com animais que Jeová abomina o pecado. Já está decretado, homens abomináveis, impuros, imorais, serão condenados pelo decreto do Livro Da Natureza. Por isso o livro da Consciência estará na mesa do justo Juiz. Então se abrirá o livro Consciência”. (Pereira, 2009)[1]. Você por está-se perguntado: mas, nesses textos não se fala de livro. Respondo: como se pode uma lei se não no livro. Segundo o Dicionário vinde “livro” representa a revelação dos propósitos e conselhos de Deus relativos ao mundo. (VINDE, 2002)[2].

O Livro da Consciência, que testifica as ações e pensamentos humanos.

 Romanos 2:15 fala sobre a obra da lei escrita nos corações humanos, que testemunha suas consciências e pensamentos, acusando ou defendendo. O Pr. Alexandre Augusto destaca como esse livro revela as mentes cauterizadas daqueles que praticaram o mal, assim como a consciência deturpada daqueles que, mesmo dentro das igrejas, não reconhecem o mal em suas vidas.

Mais uma vez deixo o comentário do Pr. Alexandres.

Vejo aqui aqueles que realmente tiveram suas mentes cauterizadas por este mundo, que somente praticaram o mal, somente fizeram o mal, nunca tendo consciência do que faziam, preferiram dar comidas aos seus animais a alimentarem um andarilho, tiveram uma falsa vida de moralismo, pessoas que deram ouvidos as muitas vezes que o Espírito Santo lhe chamava para virem para o Reino de Deus. Estes dirão, eu reconheço que Deus existe, quando se abrir o livro da Redenção, dirão, eu não fui homossexual, quando se abrir o livro da natureza, mas serão condenados pelo livro da consciência, mentes cheias do pecado. O que dizer dos cristãos, que vivendo dentro das igrejas possuem mentes deturpadas, não conseguem ter consciência do mal em suas vidas. Por isso o livro da Consciência estará na mesa do justo Juiz”. (Pereira, 2009).

O Livro dos Atos dos Homens, que registra todas as palavras e ações.

 O Livro dos Atos dos Homens é um registro que contém todas as palavras e ações realizadas pelas pessoas. De acordo com Mateus 12:36, as pessoas serão responsáveis por cada palavra ociosa proferida no Dia do Juízo. Esse livro tem o propósito de registrar as obras humanas, servindo como um testemunho das ações e palavras de cada indivíduo. Assim, ele é um símbolo da responsabilidade e prestação de contas que cada pessoa terá diante de Deus.

O Livro da Lei (Pentateuco), que revela o conhecimento do pecado.

Romanos 2:12 ensina que aqueles que pecaram sem a lei também perecerão, enquanto os que pecaram sob a lei serão julgados por ela. A Lei mostra o pecado, como declarado em Romanos 3:20. Deuteronômio 31:26 instrui a colocar o Livro da Lei ao lado da Arca da Aliança como testemunha contra o povo. Ensinar os mandamentos de Deus aos filhos é uma responsabilidade dos pais, como indicado em Deuteronômio 11:19, para que possam ser salvos do pecado e conduzidos ao conhecimento de Deus.

O Livro do Evangelho, que revela a verdade e o julgamento justo.

O Livro do Evangelho revela a verdade e o julgamento justo, conforme mencionado em Romanos 2:16. Neste versículo, é dito que Deus julgará os segredos dos homens por meio de Jesus Cristo, de acordo com o Evangelho. Isso significa que o Evangelho servirá como base para o julgamento justo de Deus.

Além disso, o texto destaca que mesmo aqueles que não conhecem explicitamente o Evangelho podem ser salvos se reconhecerem a existência de Deus e O temerem, como observado em Romanos 2:14. Isso ressalta a importância da fé e do temor a Deus como elementos fundamentais para a salvação, independentemente do conhecimento explícito do Evangelho.

Por fim, é enfatizado que o juízo de Deus é conforme a verdade e a justiça, como afirmado em Apocalipse 16:7. Isso reforça a ideia de que o julgamento divino é baseado em princípios éticos e morais, garantindo a equidade e a justiça para todos.

A Bíblia, que servirá como a palavra de julgamento.

João 12:47-48 indica que aqueles que ouvirem as palavras de Jesus e não crerem serão julgados por Sua palavra no último Dia. Isso é corroborado por Deuteronômio 18:19. A presença do Livro da Vida nesse momento servirá para mostrar aos descrentes que seus nomes não estão nele, como mencionado em Mateus 7:22-23.

O Livro da Vida, onde estão registrados os nomes dos salvos.

Daniel 12:1 descreve um tempo de angústia, no qual o povo de Deus será salvo, aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida. Lucas 10:20 e Filipenses 4:3 também fazem referência a esse livro. Aqueles cujos nomes não são encontrados no Livro da Vida serão lançados no lago de fogo, como declarado em Apocalipse 20:15.

Qual será a sentença?

a) Vida eterna no lago de fogo:

- Mateus 25:41 adverte sobre o destino dos ímpios, que serão lançados no fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos.

- Marcos 9:45-46 descreve o terrível destino daqueles que são lançados no inferno, onde o fogo nunca se apaga e o tormento é eterno.

- Apocalipse 2:11 menciona a segunda morte como o destino daqueles que não vencerem, indicando um estado de separação eterna de Deus.

- Apocalipse 20:6 destaca a bem-aventurança daqueles que participam da primeira ressurreição, pois não serão afetados pela segunda morte.

- Apocalipse 20:14 e 21:8 descrevem o destino dos ímpios no lago de fogo, que é a segunda morte, um lugar de tormento eterno para os incrédulos, assassinos, fornicadores, feiticeiros, entre outros.

b) Vida eterna na nova terra e no novo céu:

- Mateus 25:34 promete aos justos a herança do Reino preparado desde a fundação do mundo. Este é o destino dos benditos de Deus.

Conclusão:

Em suma, o julgamento do trono branco representa o culminar da história humana, onde a justiça divina é plenamente estabelecida. É um momento de prestação de contas individual e universal, onde cada ser humano é confrontado com suas ações e escolhas diante do Deus Todo-Poderoso. Para os crentes, este evento é uma lembrança solene da importância da fé, do arrependimento e da vida de retidão diante de Deus. Ao mesmo tempo, é uma chamada para ação e reflexão, incentivando todos a viverem de acordo com os princípios do amor, da justiça e da verdade. Que possamos nos preparar diligentemente para este dia, confiando na graça de Deus e buscando viver em conformidade com a Sua vontade, para que possamos comparecer diante do trono branco com confiança e esperança.



[1] Pereira, Pr. Alexandre Augusto. OS SETE LIVROS DO JUÍZO FINAL. Disponível em: 09 de Marco de 2009, <https://www.webartigos.com/artigos/os-sete-livros-do-juizo-final/15311> Disponível em: 17 Fer., 2020.

[2] VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR, William.  Dicionário Vine.2. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2003.

UMA MENSAGEM IMPORTANTE DOS TODOS DOS 144 MIL

 

Então, ouvi o número dos que foram selados, que era de cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel…” “Olhei, e eis o cristo em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o seu nome e o nome do seu Pai

 

Apocalipse 7.

Muita controvérsia tem cercado estes versículos. Vamos ver o que os comentaristas bíblicos têm a dizer:

Stanley M. Horton.

De acordo com o relato de Horton em seu livro "Apocalipse - As Coisas que Brevemente Devem Acontecer", tem havido considerável controvérsia em torno dos 144.000 mencionados nas Escrituras. Alguns interpretam esses santos como sendo os próprios descendentes das doze tribos de Israel, como descrito no sétimo capítulo do livro de Apocalipse. Outros, por sua vez, propõem que sejam crentes fiéis e consagrados, provenientes de diversas épocas e lugares. Há também os que defendem que o número 144.000 não deve ser interpretado literalmente, mas sim como um símbolo da plenitude dos seguidores de Cristo, demonstrando amor, fidelidade e devoção ao serviço cristão ao longo da história.

Independentemente da interpretação adotada, é claro que Jesus conhece aqueles que Lhe pertencem. Os seguidores castos do Cordeiro são descritos como aqueles que não se contaminaram com mulheres, representando uma pureza espiritual e moral. Eles seguiram o Cordeiro em sua jornada e foram redimidos dentre os homens como primícias para Deus e para o Cordeiro. Sua integridade é destacada pela ausência de engano em suas palavras e pela sua irrepreensibilidade diante do trono de Deus.

Os 144.000 mantiveram-se separados do mundo e da igreja apóstata, seguindo fielmente a Cristo e demonstrando completa dedicação a Ele. A mensagem central é que esses seguidores são identificados como fiéis a Cristo, independentemente de sua origem étnica ou geográfica. Seja interpretado literalmente como descendentes das tribos de Israel ou simbolicamente como representantes de todos os crentes fiéis, os 144.000 são vistos como exemplos de devoção e fidelidade em meio à tribulação.[1]

Segundo Michael Wilcock, a identidade dos 144.000 selados mencionados no versículo 4 e a multidão inumerável do versículo 9 é mais simples do que parece à primeira vista. O versículo 3 esclarece que os selados são os servos do Senhor, e não há razão para limitar isso de alguma forma. Todos os servos de Deus, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, todos os que creem, são selados. Portanto, se somos servos de Deus, a mensagem se aplica a nós, assim como a qualquer outro, e também somos selados.

Mas então surge a questão: como podem os 144.000 serem descritos como israelitas? Wilcock ressalta que muitas teorias fantásticas têm surgido em torno desses versículos. No entanto, é essencial lembrar que somos servos de Deus e fomos selados. Se somos identificados como os 144.000, embora haja milhões de pessoas como nós, o valor provavelmente é simbólico, representando uma figura estilizada típica do Apocalipse. O número 144.000 é mais provavelmente um símbolo do que uma estatística literal. Portanto, ao nos encontrarmos descritos como os 144.000 israelitas, mesmo que a maioria de nós seja de origem gentílica, isso se alinha perfeitamente com os ensinamentos do Novo Testamento, que atribuem à igreja cristã os títulos e privilégios de Israel.

No comentário sobre Apocalipse 7:14, Leon Morris apresenta uma análise da evidência bíblica que merece ser citada integralmente. Ele destaca que a igreja pode ser identificada como "as doze tribos" (referência encontrada em Tiago 1:1, Mateus 19:28 e Lucas 22:30), sugerindo que essa é provavelmente a ideia por trás de cartas enviadas à "Dispersão" (1 Pedro 1:1). Morris observa que o cristão é apresentado como o verdadeiro judeu (Romanos 2:29), enquanto a igreja é referida como o "Israel de Deus" (Gálatas 6:16). Ele ressalta que as descrições do Israel antigo são acumuladas e aplicadas à igreja (1 Pedro 2:9, Efésios 1:11, 14). Morris também menciona que a igreja é chamada de "povo exclusivamente seu" (Tito 2:14), sendo considerada a possessão de Cristo, "descendentes de Abraão" (Gálatas 3:29) e da "circuncisão" (Filipenses 3:3).

Além disso, ele aborda a ideia de que a existência de um Israel "segundo a carne" (1 Coríntios 10:18) implica na existência de um Israel "segundo o Espírito". No Apocalipse, João menciona aqueles "que a si mesmos se declaram judeus, e não são, sendo antes sinagoga de Satanás" (Apocalipse 2:9, Efésios 3:9). Morris conclui sua análise destacando que João considera a Nova Jerusalém como o lar espiritual dos cristãos (Apocalipse 21:2), e nos portões desta cidade estão inscritos os nomes das doze tribos (Apocalipse 21:12). Essa citação de Morris evidencia como a identidade e os privilégios do povo de Israel são atribuídos à igreja cristã no Novo Testamento.

Se analisarmos os números que temos, perceberemos que eles representam de forma mais próxima e ordenada a contribuição de 12.000 de cada uma das tribos, tanto grandes quanto pequenas. No entanto, a ordem em que as tribos são listadas não é encontrada em nenhum outro lugar da Bíblia. Uma das tribos, Dã, é completamente omitida e sua ausência é compensada pela inclusão de um dos filhos de José, bem como do próprio José. Isso sugere que a descrição dos selados é estilizada, como seria de se esperar se fosse um "diagrama" da igreja. Como em todo diagrama, um aspecto é sacrificado para esclarecer outro, assim como a projeção de um mapa sacrifica a verdadeira distância para mostrar a totalidade de uma área, ou vice-versa.

Então, o que podemos dizer sobre a multidão inumerável mencionada no versículo 9? Qual é a relação entre ela e os 144.000? Na verdade, são a mesma coisa. Pois qualquer que sejam as pessoas vestidas com vestes brancas, elas são certamente servos de Deus. E se são servos, estão selados (versículo 3), e se estão selados, fazem parte dos 144.000 (v.4). Mas como pode ser isso? Como pode um número limitado, todos israelitas, ser ao mesmo tempo uma multidão inumerável de todas as nações? Mais uma vez, precisamos nos colocar na posição de João. Ele ouviu uma voz celestial declarando o resultado do censo divino sobre o povo de Deus. No Antigo Testamento, e de forma significativa na primeira vinda de Cristo (Lucas 2:1-7), o povo foi convocado para um "recenseamento". Aqui temos o censo feito pelo próprio Deus. O total pode ser simbólico, mas ainda é um número. Se Deus pode contar os fios de cabelo das nossas cabeças (Mateus 10:30), contar as próprias cabeças não estaria além do seu alcance. "O Senhor conhece os que lhe pertencem" (2 Timóteo 2:19), e o que João ouviu foi a declaração divina desse total simbolicamente representado por "144.000". O que ele viu, por outro lado, foi que esse total definido e conhecido por Deus é, do ponto de vista humano, inumerável. Da perspectiva de Deus, todos eles são "Israel", seu povo; da nossa perspectiva, eles vêm de todas as nações debaixo dos céus.

Neste trecho, ocorre uma mudança de foco no palco celestial, conforme diferentes grupos de personagens assumem o centro das atenções. Depois de testemunharmos a presença dos anjos, dos anciãos e dos seres viventes nos capítulos 4 e 5, somos apresentados aos cavaleiros do capítulo 6. Estes, por sua vez, dão lugar aos quatro anjos que controlam os quatro ventos em 7:1-10. Agora, em 7:11-12, voltamos ao encontro daqueles com quem a cena havia iniciado: o povo de Deus, cuja redenção final é garantida pelo fato de estarem selados.

Neste momento, eles são representados não pelo mártir debaixo do altar, como visto em 6:9ss, nem pelos 144.000, como em 7:4,9, mas novamente pelos vinte e quatro anciãos, introduzidos pela primeira vez em 4:4. O mundo criado por Deus, cuja redenção também depende da dos cristãos selados, é representado pelos quatro seres viventes, inicialmente vistos em 4:6. Por fim, as miríades de espectadores angélicos, mencionadas pela primeira vez em 5:11, surgem novamente.

Este panorama celestial reflete uma adoração completa a Deus, em reconhecimento por tudo o que Ele realiza através dos séculos. É uma expressão de louvor e reconhecimento pela soberania divina e pela redenção que Ele concede tanto aos seres humanos quanto à criação como um todo.

"E assim, com anjos e arcanjos, e com toda a companhia dos céus nós louvamos e magnificamos teu nome glorioso, a Ti celebramos e dizemos: Santo, Santo, Santo, Deus dos exércitos, os céus e a terra es­tão cheios da tua glória. Glória seja dada a ti, ó Deus altíssimo." Amém.[2]

Beale.

Beale interpreta o número dos 144.000 como representando o total dos mártires. Ele sugere que este número é completo durante o intervalo entre o julgamento iminente (6:17) e a cena que precede a abertura do sétimo selo, quando todo o céu fica em silêncio para que Deus possa ouvir as orações dos santos e finalmente vingar o sangue dos mártires (8:1, 3-5). Essa interpretação enfatiza a ideia de que os mártires são uma parte crucial da história da redenção e que seu número é completado antes que o juízo final seja executado.[3]

Earl.

Segundo Earl D. Radmacher e Ronald B. Allen, antes que os juízos fossem desatados, Deus preparou os 144 mil de Seus servos para serem selados na fronte. Esses selos representam posse ou autoridade, indicando que os crentes estão sob a proteção e preservação divinas durante a tribulação. A identificação deles como servos declarados indica que são regenerados pela fé em Cristo e confessam sua fé abertamente.

Quanto ao número 144 mil, pode ser considerado tanto um número real como um símbolo de totalidade, referindo-se a todos os salvos no Antigo e no Novo Testamento. A inclusão dos filhos de Israel é interpretada de diversas formas, seja como a Igreja, a nova Israel, ou como a nação de Israel, ou ambas.

Na lista das tribos de Israel, Judá está em primeiro lugar por causa de Cristo, o Messias, ser o Leão da tribo de Judá. Dã e Efraim são omitidos devido à idolatria associada a essas tribos no período dos Juízes, enquanto José e seu filho Manassés são incluídos, juntamente com Levi, totalizando 12 tribos.

A grande multidão que louva a Deus e o Cordeiro pela salvação pode representar o fruto evangelístico do trabalho dos 144 mil durante o período de tribulação. Em meio ao julgamento de Deus, Ele ainda se lembra da misericórdia, e as vestes brancas podem representar tanto os crentes vencedores quanto os mártires. As palmas agitadas pela multidão simbolizam a celebração da vitória.[4]

Segundo Robert L. Thomas, os 144 mil são crentes e evangelistas judeus que representam as primícias de Israel, sendo resgatados como nação antes do retorno de Cristo. Ele argumenta que esses 144 mil não são todos os crentes judeus daquela época, mas um grupo específico selecionado para proclamar o evangelho durante o período descrito no Apocalipse.

Thomas rejeita a interpretação de que os 144 mil representam a igreja, apontando que tal identificação é fraca e disputada. Ele argumenta que embora algumas passagens do Novo Testamento sugiram uma identificação entre a igreja e Israel, essa conexão não é clara o suficiente para ser aplicada aqui. Além disso, ele enfatiza que até o ano 160 d.C., não há evidências claras de que a igreja tenha sido chamada de "Israel" nos escritos antigos da igreja.

Portanto, Thomas conclui que não há suporte adequado para identificar os 144 mil como a igreja, e que tentativas de fazer essa conexão carecem de evidências substanciais.

Além das questões anteriormente mencionadas, Thomas também critica a tentativa de identificar os 144 mil como a igreja, porque essa interpretação requer uma abordagem tipológica que força a divisão da igreja em doze tribos para coincidir com a lista apresentada em Apocalipse 7:5-8. No entanto, ele aponta que essa lista apresenta irregularidades que dificultam essa interpretação tipológica. Portanto, Thomas argumenta que essa abordagem é inadequada e não sustentável à luz das inconsistências presentes na lista das tribos de Israel em Apocalipse 7:5-8.

O termo "Israel" deve ser interpretado de acordo com seu uso normal tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, referindo-se aos descendentes físicos de Abraão, Isaac e Jacob. Não há nenhuma razão exegética para não interpretar os números 144.000 e 12.000 literalmente. O fato de haver 12 mil selados de cada tribo dos filhos de Israel reflete o propósito eletivo de Deus. Essa divisão não seria resultado de uma escolha humana aleatória, mas sim de um plano divino.

Apesar de os registros tribais terem sido perdidos quando os romanos saquearam Jerusalém em 70 d.C., Deus sabe quem pertence a cada tribo. Isso também sugere que as chamadas "dez tribos perdidas" na verdade nunca foram perdidas, como indicado em passagens como Apocalipse 21:12, Mateus 19:28, Lucas 22:30 e Tiago 1:1. Ao longo da história, os representantes das dez tribos do norte se misturaram com as duas tribos do sul e foram preservados.

Os nomes tribais específicos listados levantam algumas questões interessantes. Não há uma maneira padrão de listar as doze tribos, como evidenciado pelas diferentes formas de enunciar as tribos no Antigo Testamento. Algumas listas seguem a ordem de nascimento, outras a ordem das bênçãos de Jacó, a ordem de acampamento, a ordem do censo, entre outras. Portanto, a ordem apresentada em Apocalipse 7:5-8 não é necessariamente definitiva ou padronizada.

A omissão de tribos como Dã e Efraim em favor de outras, como Levi e José, sugere uma seleção específica com base em fatores como fidelidade e idolatria. Essa passagem reforça a verdade bíblica de que Deus não abandonou a nação de Israel, apesar de suas falhas no passado. No futuro, o povo judeu será uma força missionária poderosa, resultando na redenção de Israel e de inúmeros gentios.

Ele concluir: As primícias da salvação de Israel serão os 144.000 evangelistas judeus (7:1-8), que irá pregar o evangelho tanto para seus compatriotas e aos gentios.[5]

Conclusão

A interpretação dos 144.000 selados apresenta uma variedade de perspectivas e abordagens entre estudiosos e teólogos. Alguns veem os 144.000 como uma representação simbólica da totalidade dos crentes, tanto judeus quanto gentios, que serão preservados e protegidos por Deus durante os eventos descritos no livro do Apocalipse. Outros interpretam literalmente, considerando-os como um grupo específico de 144.000 judeus convertidos, escolhidos por Deus para proclamar o evangelho durante um período de tribulação iminente.

As visões sobre a identidade e o papel dos 144.000 também variam. Alguns os veem como os primeiros frutos de Israel, destacando sua importância como testemunhas e evangelistas durante um tempo de provação. Outros argumentam que eles representam uma parte específica da igreja, escolhida para um propósito divino específico dentro do plano redentor de Deus para a humanidade.

Além disso, a lista das tribos de Israel apresentada em Apocalipse 7:5-8 levanta questões sobre sua interpretação literal ou tipológica, com algumas irregularidades que dificultam uma interpretação uniforme.



[1] Relatou por: Stanley M. Horton - Apocalipse - As Coisas que Brevemente Devem Acontecer p 95, 145, 147-148.

[2] Michael Wilcock - A Mensagem de Apocalipse, p 34

[3] Citado por: Apocalipse ARTUR p 95.

[4] Earl D. Radmacher  Ronald B. Allen  H - O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento - Earl D. Radmacher  Ronald B. Allen  H, p 771,772.

[5] John Macarthur – Apocalipse, 246-248.

AS DUAS TESTEMUNHAS

 

As várias opiniões sobre quem são essas duas testemunhas refletem diferentes linhas de pensamento teológico. Vou comentar brevemente sobre algumas dessas interpretações

Apocalipse 11:1 “Depois disso recebi uma régua de medir, parecida com um caniço, e me disseram: —Levante-se, tire as medidas do Templo de Deus e do altar e conte as pessoas que estão adorando no Templo. 
2  Porém não tire as medidas do pátio exterior do Templo, pois esse pátio foi dado aos pagãos, que pisarão a Cidade Santa durante quarenta e dois meses. 3 ¶ Eu enviarei as minhas duas testemunhas, vestidas com roupa feita de pano grosseiro, e elas anunciarão a mensagem de Deus durante mil duzentos e sessenta dias. 4  As duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois candelabros que estão em pé diante do Senhor do mundo inteiro.5  Se os seus inimigos tentam maltratá-las, sai fogo da boca dessas duas testemunhas e acaba com eles. Assim, quem quiser maltratá-las precisa ser morto. 6  Elas têm autoridade para fechar o céu a fim de que não chova durante o tempo em que anunciam a mensagem de Deus. Têm autoridade também sobre as águas para que virem sangue. Têm autoridade ainda para ferir a terra com todo tipo de pragas, quantas vezes quiserem. 7  Quando as duas testemunhas acabarem de anunciar a sua mensagem, o monstro que vem do abismo lutará contra elas. Ele vencerá e as matará, 8  e os seus corpos ficarão na rua principal da grande cidade onde o Senhor delas foi crucificado. O nome simbólico daquela cidade é Sodoma ou Egito. 9  Durante três dias e meio, os povos de todas as nações, tribos, línguas e raças olharão para esses dois corpos e não deixarão que sejam sepultados. 10  Os povos da terra ficarão felizes com a morte dessas duas testemunhas. Vão comemorar e mandar presentes uns aos outros porque esses dois profetas trouxeram muito sofrimento para a humanidade. 11  Mas depois desses três dias e meio um sopro de vida veio de Deus e entrou neles, e eles se levantaram. E todas as pessoas que os viram ficaram com um medo terrível”.


A identidade das duas testemunhas mencionadas no livro de Apocalipse tem sido objeto de debate e interpretação ao longo dos séculos. As várias opiniões sobre quem são essas duas testemunhas refletem diferentes linhas de pensamento teológico. Vou comentar brevemente sobre algumas dessas interpretações:

Enoque e Elias: Segundo a tradição, Enoque e Elias seriam os dois únicos personagens do Antigo Testamento que não morreram. Enoque foi "tomado" por Deus (Gênesis 5:24) e Elias foi levado ao céu num redemoinho (2 Reis 2:11). A ideia de que esses dois personagens são as duas testemunhas é baseada em parte no fato de que ambos não experimentaram a morte. Além disso, a passagem de Hebreus 11:5, que você mencionou, é frequentemente citada para apoiar essa interpretação. No entanto, é importante ressaltar que essa interpretação é especulativa e baseada em tradições e não em uma clara afirmação bíblica.

Outras possíveis identidades: Além de Enoque e Elias, outras interpretações propõem que as duas testemunhas poderiam ser Moisés e Elias, Moisés e Enoque, a igreja e Israel, ou até mesmo representar o Antigo e o Novo Testamento. Cada uma dessas interpretações tem sua própria base bíblica e teológica, mas nenhuma delas pode ser considerada conclusiva.

A identidade das duas testemunhas mencionadas no livro de Apocalipse tem sido objeto de debate e interpretação ao longo dos séculos. As várias opiniões sobre quem são essas duas testemunhas refletem diferentes linhas de pensamento teológico. Vou comentar brevemente sobre algumas dessas interpretações:

Enoque e Elias: Segundo a tradição, Enoque e Elias seriam os dois únicos personagens do Antigo Testamento que não morreram. Enoque foi "tomado" por Deus (Gênesis 5:24) e Elias foi levado ao céu num redemoinho (2 Reis 2:11). A ideia de que esses dois personagens são as duas testemunhas é baseada em parte no fato de que ambos não experimentaram a morte. Além disso, a passagem de Hebreus 11:5, que você mencionou, é frequentemente citada para apoiar essa interpretação. No entanto, é importante ressaltar que essa interpretação é especulativa e baseada em tradições e não em uma clara afirmação bíblica.

 Outras possíveis identidades: Além de Enoque e Elias, outras interpretações propõem que as duas testemunhas poderiam ser Moisés e Elias, Moisés e Enoque, a igreja e Israel, ou até mesmo representar o Antigo e o Novo Testamento. Cada uma dessas interpretações tem sua própria base bíblica e teológica, mas nenhuma delas pode ser considerada conclusiva.

a interpretação das duas testemunhas como a Lei e os Profetas, ou o Antigo e o Novo Testamento, é uma visão alegórica que alguns estudiosos adotam. Essa abordagem busca enxergar além do aspecto literal dos personagens e identifica-los simbolicamente com elementos significativos da história e da teologia bíblica.

A Lei e os Profetas:

Esta interpretação se baseia na distinção feita frequentemente na Bíblia entre a Lei (Torá) e os Profetas (Nevi'im) como as duas principais formas pelas quais Deus se revelou ao povo de Israel no Antigo Testamento.

Representa a continuidade e complementaridade entre a revelação divina no Antigo e no Novo Testamento, sugerindo que as duas testemunhas testificam sobre a totalidade da mensagem divina ao longo da história da salvação.

O Antigo e o Novo Testamento:

Essa interpretação segue uma linha semelhante à anterior, porém, em vez de focar na Lei e nos Profetas como categorias específicas, enfatiza a distinção entre a antiga e a nova aliança estabelecidas por Deus com seu povo.

Sugere que as duas testemunhas representam a totalidade da revelação divina contida nas Escrituras, desde o Antigo até o Novo Testamento, e testificam sobre a continuidade e cumprimento das promessas de Deus ao longo da história.

A Igreja testemunhando a Israel:

Esta interpretação enfatiza a missão da Igreja como testemunha de Cristo e seu papel na proclamação do evangelho tanto aos judeus quanto aos gentios.

Vê as duas testemunhas como símbolos da Igreja de Cristo, que testifica sobre a verdade do evangelho e chama Israel ao arrependimento e à fé em Cristo.

Cada uma dessas interpretações oferece uma maneira diferente de entender o significado das duas testemunhas em Apocalipse, refletindo a diversidade de abordagens hermenêuticas na interpretação do livro do Apocalipse e da Bíblia como um todo.

A perspectiva dispensacionalista, que considera as duas testemunhas como indivíduos reais que desempenharão um papel crucial durante a Grande Tribulação, é uma interpretação comum entre alguns estudiosos da escatologia. Aqui estão alguns pontos-chave dessa interpretação:

1. Indivíduos reais: Os dispensacionalistas veem as duas testemunhas como pessoas reais, homens que exercerão um ministério semelhante ao de Elias e Moisés, possivelmente judeus convertidos a Cristo durante a Grande Tribulação.

2. Ministério semelhante a Elias e Moisés: Assim como Elias e Moisés realizaram milagres e exerceram um poderoso ministério profético no Antigo Testamento, as duas testemunhas serão ungidas por Deus para desempenhar um papel semelhante durante a Grande Tribulação.

 3. Ungidos: Referências bíblicas, como Malaquias 4:1-4 e 11-14, são citadas para sustentar a ideia de que as duas testemunhas serão ungidas por Deus para o seu ministério profético.

 4. Identificação como pessoas: Os dispensacionalistas destacam que as duas testemunhas são descritas como indivíduos reais em Apocalipse, que agem, falam e interagem com o mundo ao seu redor, em contraste com símbolos ou figuras alegóricas.

 5. Morte e ressurreição: De acordo com essa interpretação, as duas testemunhas serão mortas pelo governo do anticristo, mas serão ressuscitadas por Deus no final da Grande Tribulação. Isso é visto como um evento visível e sobrenatural, semelhante à ascensão de Jesus.

 6. Diferença de Elias e Moisés: Os dispensacionalistas argumentam que a visão de Elias e Moisés na Transfiguração (Marcos 9:9) foi uma visão e não uma manifestação física real, sugerindo que não era a intenção de Deus que eles estivessem presentes em corpo físico durante a Grande Tribulação.

Essa perspectiva oferece uma interpretação específica e detalhada das duas testemunhas no contexto da escatologia dispensacionalista, enfatizando sua identidade como indivíduos reais e seu papel profético durante os eventos finais descritos no livro do Apocalipse. Como disse Shedd: “Estas testemunhas se encontram num mundo semelhante ao de Elias, hostil à adoração do Deus único. Mas também têm o poder de Elias (2Rs 1.10-12) e de Moisés diante do faraó (Êx 6-11). Lançarão manifestações da vingança de Deus sobre este mundo que incorrigivelmente luta contra Deus (cf. 2 Ts 2.3-11)[1]” – as pragas podem estar relacionadas às pragas das primeiras seis trombetas, que minam a suposta. [2]

Seu ministério na terra

Meu ministério na terra

Tudo indica que será de proteger Israel. Conforme afirmado pelo teólogo Sinésio: Eles continuarão a pregar a palavra - o evangelho. No entanto, o foco das duas testemunhas é o povo de Israel. Ele ainda comenta: Como estamos vivendo o tempo da graça, hoje o evangelho está sobre os gentios e os judeus estão em segundo plano. Agora, após o arrebatamento, há uma inversão desse processo, e como os judeus sempre trabalharam com profetas, essas duas serão como profetas. Após o arrebatamento, com o foco voltado para o povo de Israel, Deus levanta esses dois que agirão na grande tribulação.[3].  

As ações das duas testemunhas aparecem em três fazem:

As ações das duas testemunhas se desdobram em três etapas:

1º a pregação e a realização de milagres; 2º a morte pelas mãos daqueles que as perseguem; 3º a ressurreição e a ascensão aos céus. 

Essas testemunhas farão sair fogo de suas bocas.

Elas atrairão MUITAS almas, assim como as 144 mil testemunhas judaicas em Apocalipse 7. Isso despertará a ira do anticristo, que tentará matá-las de qualquer maneira. No entanto, todos aqueles que se atreverem a matar as duas testemunhas durante os 1260 dias, serão queimados vivos por elas.[4]

Fará não chover durante este tempo.

Eles terão grande poder, impedindo a chuva em Israel por 1260 dias. Além disso, terão a capacidade de transformar água em sangue. Apocalipse 11.6: “Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem”.

Serão mortas

de acordo com a narrativa do Apocalipse, quando as duas testemunhas completarem seu ministério de três anos e meio, a besta (referida como o anticristo) as matará. Isso acontecerá como parte da guerra espiritual entre o bem e o mal durante a Grande Tribulação. Apesar de sua morte, o triunfo aparente do mal será apenas temporário, pois, como registrado na Bíblia, após três dias e meio, as testemunhas ressuscitarão e serão elevadas aos céus, diante dos olhos de todos, simbolizando a vitória final de Deus sobre as forças do mal.

Será morta na praça da grande cidade.

De acordo com Severino, no contexto deste livro, o termo "grande cidade" é utilizado tecnicamente para se referir à cidade de "Roma" (a Grande Babilônia). Esta cidade também é chamada de "Grande Babilônia" em Apocalipse 14.18, 16.19, 17.5 e 18.2. No entanto, o texto em questão não se refere a Roma, mas sim a Jerusalém, que espiritualmente é chamada de Sodoma e Egito. Vários escritores renomados afirmam que Jerusalém é assim designada, sendo Sodoma e Egito lugares representativos de profunda iniqüidade. O Egito simboliza o mundanismo e a maldade opressiva, enquanto Jerusalém, a cidade do grande Rei, é denominada assim por causa de sua iniqüidade. O Senhor disse: "Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém" (Lucas 13.33). Evidentemente, as duas testemunhas serão mortas em uma das "praças principais" de Jerusalém, provavelmente próxima à "porta das águas" ou em um local próximo ao Calvário.[5]

Durante os três dias e meio em que seus corpos permaneceram nas ruas de Jerusalém.

A notícia se espalhará.

A notícia da morte se espalhará pelo mundo inteiro, pois a "terra se alegrará". Os corpos dos mortos serão rejeitados e desonrados. As pessoas se reunirão para celebrar e festejar o evento, recusando-se a permitir que os corpos sejam sepultados. Mesmo Jesus, apesar do ódio das autoridades religiosas judaicas, recebeu um sepultamento digno. No mundo antigo, o sepultamento dos mortos era uma questão de grande importância e honra. O salmista Asafe lamenta que, quando os pagãos atacaram o povo de Deus, não restou ninguém para sepultar os judeus mortos, Salmos 79.3 NTLH: “Derramaram o sangue do teu povo como se fosse água. O sangue correu como água por toda a cidade de Jerusalém, e não sobrou ninguém para sepultar os mortos”. Eles trocam presentes como sinal de alegria e regozijo, em uma celebração que lembra o Natal, mas sem Jesus. Durante o reinado cruel da Besta, os dois profetas serão publicamente reconhecidos, e os adoradores da besta agirão como Acabe ao considerar o profeta Elias o "perturbador de Israel" (1 Reis 18.17).

Permanecerão três dias e meio.

O fato de as duas testemunhas permanecerem mortas por três dias e meio antes de serem ressuscitadas é significativo dentro do contexto bíblico e cultural. A crença na permanência do espírito por três dias após a morte era comum na época, e o milagre da ressurreição após esse período reforça a autenticidade do evento.

A s “testem unhas” subiram numa [lit., “a”] nuvem.

A ascensão das testemunhas em uma nuvem é consistente com a tradição judaico-cristã, na qual as nuvens são frequentemente vistas como meios de transporte entre o céu e a terra para seres divinos e humanos. Esse detalhe ressalta a natureza divina do evento e a conexão das testemunhas com o plano celestial.[6]

Esses elementos não apenas adicionam um aspecto milagroso à narrativa, mas também ressaltam a intervenção divina e o poder de Deus sobre a vida e a morte. Eles servem para enfatizar a importância das testemunhas e da mensagem que proclamam, assim como a confirmação divina de sua missão.[7]

Ouvirão uma voz.

É verdade, o relato da ressurreição das duas testemunhas nas ruas de Jerusalém certamente provocaria grande comoção e medo entre as pessoas ao redor do mundo. O testemunho desse evento extraordinário, no qual os mortos retornam à vida diante dos olhos de todos, seria um poderoso sinal do poder divino e da veracidade da mensagem que as testemunhas proclamaram.

 

O medo que tomaria conta dos corações das pessoas seria compreensível diante de um evento tão milagroso e incomum. A ressurreição das testemunhas não apenas confirmaria a autoridade divina por trás delas, mas também destacaria a seriedade e urgência da mensagem que trouxeram. Isso certamente desencadearia uma reação em escala global, levando muitos a reconsiderarem suas crenças e a refletirem sobre o significado desse evento extraordinário![8] Segundo Severino A voz que chamou as duas testemunhas para o céu, é a voz do Pai ou do Filho[9].

Grande terremoto.

Ezequiel profetizou sobre um terremoto que antecederia o fim da história (Ez 38.19,20), enquanto Zacarias viu o monte das Oliveiras se dividir ao meio (Zc 14.3-5). Para aumentar o terror da cena, João descreve que, no momento em que eles estiverem subindo aos céus, ocorrerá um terremoto que destruirá uma décima parte da cidade e matará 7.000 pessoas (Ap 11.13). Isso lembra o número do remanescente dos israelitas que não adoraram a Baal (1Rs 19.18). É provável que seja nesse momento que Deus esconderá Israel na fenda do monte de Jerusalém.

Uma grande convenção.  

O resultado de todos estes sinais foi à conversão dos que os haviam presenciado. Os que sobreviveram à prova deram glória a Deus. Quer dizer, arrependeram-se de seus maus caminhos, converteram-se a Deus,[10]. "Dar glória a Deus" significa adorá-lo, reconhecendo-lhe a majestade, o poder e a força[11]. De acordo com o comentarista Adolf[12]:  A expressão "dar a honra (glória) a Deus" de forma genérica não indica necessariamente uma conversão à salvação. Isso pode ser explicado pelo fato de que no Antigo Testamento há muitos exemplos de subordinação a Deus que não partiram do coração. Por exemplo, no monte Carmelo, sob pressão do sinal divino, Israel deu honra a Deus, mas logo depois, apenas sete mil seguiam a Deus. Um exemplo semelhante ocorreu no tempo de Moisés, quando Faraó se submeteu apenas quando era forçado, reconhecendo que Deus é Deus, mas sem que isso significasse salvação. Aqueles que dão glória a Deus são os judeus que virão à fé em Cristo. Dar glória ao Deus do céu é uma marca de arrependimento genuíno, conforme vemos em Apocalipse e em outros lugares na Escritura. Essa passagem descreve a realidade da salvação dos judeus em Jerusalém, cumprindo assim a promessa de bênção para Israel.[13]

CONCLUSÃO

As diversas interpretações sobre as duas testemunhas descritas no livro do Apocalipse refletem a complexidade e a riqueza das tradições teológicas e escatológicas ao longo da história do cristianismo. Desde as visões preteristas, futuristas, dispensacionalistas e outras, até as interpretações alegóricas e simbólicas, há uma ampla gama de entendimentos sobre a identidade e o papel dessas figuras proféticas.

Alguns argumentam que as duas testemunhas representam figuras históricas como Enoque e Elias, Moisés e Elias, ou até mesmo a Lei e os Profetas do Antigo Testamento. Outros veem nelas uma representação simbólica da igreja testemunhando a Israel, enquanto os dispensacionalistas as interpretam como indivíduos reais que terão um papel específico durante a grande tribulação.

 

Independentemente da interpretação escolhida, é evidente que as duas testemunhas têm um papel fundamental na história escatológica do Apocalipse. Seja como profetas que realizam milagres e prodígios, seja como agentes que enfrentam a perseguição e o martírio, elas são consideradas como instrumentos nas mãos de Deus para proclamar Sua mensagem e executar Seus planos durante um período de grande tribulação.

A morte e ressurreição das duas testemunhas simbolizam o confronto entre o poder de Deus e as forças do mal nos últimos dias. Durante o seu ministério, elas realizam milagres, pregam o evangelho e enfrentam a hostilidade do mundo, culminando em um triunfo sobre a morte e a ascensão aos céus, em meio a eventos catastróficos ao seu redor.

Independentemente das diversas interpretações, a figura das duas testemunhas serve como um lembrete da soberania de Deus sobre a história humana e da esperança da vitória final do Seu reino sobre as trevas e o mal. Sua mensagem ressoa como um chamado à fidelidade, perseverança e confiança na promessa da redenção completa que está por vir.



[1] Bíblia Shedd – Comentário do cp 11.

[2] Barclay p 291-292.

[3] Programa: Veja só!

[4] Disponível > http://www.tempodofim.com/duas_testemunhas.htm < em 13. Mar 2016.

[5] Severino p. 79.

[6] Citado por: Rotz, pn 205.

[7] Stanlet, p119..

[8] WESBE – Comentário Bíblico Novo Testamento - Warren W. Wiersbe. Título original em inglês:  Wiersbe's Expository Outlines on the O ld Testament Comentário Bíblico Wiersbe. Publicado no Brasil Geográfica Editora Ltda, 2009 pn 881.

[9] Severino, pn 80.

[10] Barclay, pn 296.

[11] Stanlet, p120..

[12] Adolf Pohl – Apocalipse de João Comentário Esperança. Título do original: Die Offenbarung des Johannes. Tradução em português Werner Fuchs. Editora Evangélica Esperança, 2001, pn 147.

 

[13] John Macarthur – comentário do NT – Apocalipse.  pn 345.