DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

 

Categorização da Teologia por Charles Ryrie

É importante destacar que a teologia pode ser categorizada de diversas maneiras, e Charles Ryrie (2004. p.15-16.), identifica três tipos principais: 

[a] Por época, como teologia patrística, medieval, reformada e contemporânea;

[b] Por ponto de vista, como teologia arminiana, calvinista, barthiana e da libertação; 

[c] Por ênfase, como teologia histórica, bíblica, sistemática, apologética e exegética.

Divisão Clássica da Teologia

A divisão clássica da teologia geralmente se baseia no tipo de teologia por ênfase, organizando os assuntos para facilitar seu estudo e compreensão. Nessa perspectiva, a teologia é dividida em cinco partes principais: teologia exegética, teologia histórica, teologia dogmática, teologia bíblica e teologia sistemática. Embora outros autores possam propor diferentes divisões, isso não invalida a abordagem clássica, apenas oferece diferentes perspectivas de observação.

Classificação Segundo Myer Pearlman

Myer Pearlman (2004. p.10-11), seguindo o modelo clássico, classifica a teologia da seguinte maneira:

1.   Teologia exegética: Este ramo procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras, utilizando conhecimento das línguas originais em que foram escritas.

2.   Teologia histórica: Traça a história do desenvolvimento da interpretação doutrinária, envolvendo o estudo da história da igreja.

3.   Teologia dogmática: Estuda as verdades fundamentais da fé conforme apresentadas nos credos da igreja.

4.   Teologia bíblica: Mapeia o progresso da verdade através dos diversos livros da Bíblia e descreve a abordagem de cada escritor em relação às doutrinas importantes.

5.   Teologia sistemática: Agrupa os ensinamentos bíblicos sobre Deus e o homem em tópicos, de acordo com um sistema definido. Por exemplo, os textos sagrados relacionados com a natureza e a obra de Cristo são agrupados sob o título "Doutrina de Cristo".

Teologia Exegética: Buscando o Verdadeiro Significado das Escrituras.

A teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras, utilizando princípios de interpretação formal para compreender o sentido dos textos. O termo "exegese" vem do grego, significando "guiar para fora" ou "explicar". Na linguagem técnica, a exegese se refere à interpretação específica de um texto, enquanto os princípios gerais aplicados nessa interpretação são chamados de hermenêutica.

Eisegese versus Exegese: Interpretação Correta versus Distorção.

 Por outro lado, a eisegese é o oposto da exegese. Envolve ler no texto o que alguém deseja encontrar, distorcendo-o para se adequar às próprias ideias do intérprete. Enquanto a exegese é uma prática séria, a eisegese é considerada uma distorção do texto.

Qualificações do Intérprete: Intelecto, Educação e Espiritualidade.

Embora a interpretação da maioria das Escrituras seja relativamente simples, algumas partes podem ser mais complexas. É importante que o intérprete tenha algumas qualificações, como intelecto, educação e espiritualidade. Milton S. Terry enfatizou que um intérprete competente deve ser capaz de perceber claramente o significado do texto, entender a argumentação lógica do autor e discernir entre o conteúdo doutrinário e prático.

Controlando a Imaginação na Interpretação das Escrituras Milton S. Terry enfatiza a importância de controlar a imaginação ao interpretar as Escrituras, pois uma mente excessivamente fértil pode prejudicar a interpretação correta. Ele destaca que o intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a Escritura, aplicando a razão em cada parte dela.

A Natureza Humana da Bíblia e o Chamado à Investigação Terry (1977. Pp.151-158), ressalta que a Bíblia foi escrita em linguagem humana, convidando à investigação e pesquisa, e condenando a crença cega. Portanto, a maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu e capacitar outros a extrair aprendizado das Escrituras, como recomendado pelo apóstolo Paulo a Timóteo. “Ora, é necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24).

Importância da Qualificação Educacional na Interpretação das Escrituras Em relação à qualificação educacional, Terry menciona a importância de adquirir conhecimento sobre os fatos relacionados às Escrituras por meio de estudo e pesquisa. Isso inclui entender a geografia da Palestina e regiões vizinhas, conhecer as histórias gerais e bíblicas para confirmar e complementar a revelação das Escrituras, dominar a cronologia e compreender os sistemas políticos e sociais que influenciaram os eventos descritos na Bíblia. Essa base educacional é crucial para uma interpretação precisa das Escrituras, como também destaca o apóstolo Paulo em suas exortações a TimóteoAté a minha chegada aplica-te à leitura, à exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há em ti...” (1Tm. 4:13, 14).

Qualificação Espiritual na Interpretação Bíblica.

A qualificação espiritual é fundamental para a interpretação bíblica. A sabedoria e a aprendizagem são fundamentais, mas sem a orientação do Espírito Santo, que é o autor da Bíblia, tudo se torna incompleto, afirma Terry. Portanto, como o Dr. Loyd Jones ensina, é crucial ter uma abordagem espiritual no texto. O pecado pode cegar nossos olhos e impedir que enxerguemos claramente a vontade de Deus revelada em um texto estudado, mesmo com esforço. O principal objetivo do intérprete deve ser alcançar a verdade, preceito ou doutrina do texto estudado. Não podemos permitir que o texto diga o que queremos ouvir, mas devemos lutar para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta, dizendo: “Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7). (Ibidem).

Introdução à Teologia Histórica

A teologia histórica, também conhecida como história da teologia ou história da doutrina, está intimamente ligada à história da igreja e à teologia cristã. Ela traça o desenvolvimento da interpretação doutrinária ao longo do tempo e envolve o estudo da história da igreja em suas diversas áreas e aspectos.

Natureza Interdisciplinar da Teologia Histórica.

Há debates sobre se a teologia histórica é primordialmente história ou teologia, mas é consenso que ela está estreitamente conectada a ambas as áreas. Enquanto a história da igreja aborda principalmente os eventos, personagens e movimentos ao longo da história da igreja, incluindo sua prática e reflexão sobre missões, liturgia, organização e relacionamento com a sociedade, a teologia histórica se concentra mais especificamente na reflexão e no ensino da igreja ao longo do tempo.

Escopo e Abordagem da Teologia Histórica.

 A teologia histórica pode abordar diversos tópicos, desde a análise de temas doutrinários específicos que receberam definições oficiais da igreja, como a doutrina da Trindade e a doutrina da pessoa de Cristo, até questões mais amplas que ultrapassam os limites da teologia clássica, como questões filosóficas, éticas, políticas e sociais.

Objetivo da Teologia Histórica.

 Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas presente na vida da igreja em cada período histórico, utilizando tanto a história do dogma quanto a história do pensamento cristão em sua elaboração.

A teologia histórica, segundo Alister McGrath (apud MATOS, 2007. p.17 ), é o ramo da investigação teológica que tem como objetivo explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar os fatores que influenciaram sua formulação. Noutras palavras, a história da teologia regista as respostas às principais questões do pensamento cristão e, simultaneamente, procura explicar os elementos que influenciaram a sua formulação das respostas.

Para além de ser um recurso educativo que fornece conhecimento sobre a evolução dos principais temas teológicos, as vantagens e desvantagens das diferentes abordagens e os momentos mais significativos do pensamento cristão em termos de autores e documentos, a história da teologia também é uma ferramenta crítica. Isso porque permite identificar as falhas, as limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, possibilitando seu contínuo aperfeiçoamento.

Teologia Dogmática.

Introdução à Teologia Dogmática.

A Teologia Dogmática, também conhecida como Teologia Sistemática, estuda as verdades fundamentais da fé de acordo com os credos e confissões de fé da igreja. Seu objetivo é estabelecer declarações que orientem a igreja e deem sentido para uma prática religiosa consistente.

O Conceito de Credo na Teologia Dogmática.

O pastor Esequias Soares conceitua o credo como uma interpretação precisa e autorizada das Escrituras, destinada a sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas e proteger o pensamento cristão contra heresias. (SOARES, 2013. p.31).

Funções de um Credo ou Declaração de Fé.

Mark Noll destaca que a construção de um credo ou declaração de fé deve servir pelo menos três funções: servir como declarações autorizadas da fé cristã que incorporam as novas ideias dos reformadores, sem abandonar formas que também possam fornecer instrução regular para os fiéis mais simples; erguer um estandarte ao redor do qual uma comunidade local possa se unir, tornando claras as diferenças com os oponentes; e possibilitar uma reunificação da fé e da prática, visando a unidade e estabelecendo uma norma para disciplinar os desviados.

Teologia Dogmática versus Teologia Sistemática.

Edson Douglas de Oliveira observa que é comum considerar a teologia dogmática como teologia sistemática. Ele define a Dogmática como um discurso da igreja sobre sua fé, uma reflexão teológica feita a partir da igreja sobre questões em que ela crê e que precisa fundamentar de forma inteligível e ordenada.

Teologia Bíblica

Abordagens da Teologia Bíblica.

A Teologia Bíblica aborda várias perspectivas e é utilizada de diversas maneiras:

Esclarecimento dos Temas e Ideias da Bíblia Essa abordagem busca determinar o que a Bíblia realmente ensina, sem os pressupostos que podem distorcer interpretações particulares. É uma atividade que pode desafiar as denominações religiosas, cuja existência muitas vezes depende da interpretação seletiva de certos ensinamentos bíblicos.

Articulação da Significação Teológica da Bíblia como um Todo Embora a Bíblia não seja um livro homogêneo, essa abordagem tenta encontrar pontos de conexão e significado teológico em toda a Escritura. Apesar dos desafios, essa tentativa pode gerar insights valiosos.

Construção de um Sistema Teológico Completo Alguns grupos, como os evangélicos fundamentalistas e conservadores, e até mesmo Karl Barth e sua neo-ortodoxia, tentaram desenvolver sistemas teológicos abrangentes baseados exclusivamente na Bíblia como fonte informativa. Essa abordagem pode envolver a rejeição das tradições eclesiásticas em favor de uma interpretação mais direta das Escrituras.

Pressuposto da Concordância entre os Autores Bíblicos Esta abordagem parte do pressuposto de que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de vista fundamentais. Ao estudar as exposições de ideias dos autores bíblicos, busca-se entender exatamente quais eram seus pontos de vista.

A Essência da Teologia Bíblica Segundo Tenney

Segundo Tenney (2008, p.840), "A Teologia Bíblica é o exercício de tentar determinar as declarações de fé da Bíblia de forma sistemática. Esta definição reconhece a Bíblia como um livro de fé, ou seja, ela registra o significado redentor do encontro de Deus com o homem". Este autor também observa que o termo "sistemática" não sugere de forma alguma que as categorias da Teologia Sistemática devem guiar este exercício. Pelo contrário, ele afirma que indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as declarações de fé dos escritores bíblicos individual e coletivamente, de acordo com os padrões de expressão discerníveis na própria Bíblia. Além disso, Tenney declara que existe um esforço para apresentar não só uma declaração organizada, mas também uma descrição coesa da fé presente na Bíblia.

Metodologia da Teologia Bíblica.

A metodologia da Teologia Bíblica, segundo Tenney, aborda diversos aspectos, e um deles é a questão da unidade da Bíblia. Essa unidade é desafiadora devido à variedade de gêneros literários e períodos históricos presentes nos livros do Antigo e do Novo Testamentos.

Com a diversidade de material literário, surge a questão da norma para interpretar esses livros. Por exemplo, no Antigo Testamento, deve-se seguir a opinião liberal de que os profetas representam a religião hebraica normativa? No Novo Testamento, a norma deve ser buscada nos sinóticos, nas cartas de Paulo ou nos escritos de João?

No entanto, é razoável afirmar que, apesar da diversidade, existe um testemunho comum da atividade redentora de Deus em benefício da humanidade pecadora. Essa unidade deve estabelecer um elo entre os dois testamentos, especialmente para os cristãos que veem Jesus como o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Essa ideia é apoiada pelas palavras de Jesus e pela compreensão de que o Antigo Testamento apresenta a promessa e o Novo Testamento, seu cumprimento.

Assim, a Teologia Bíblica deve dar atenção ao que liga os livros da Bíblia como uma unidade em termos históricos e teológicos, reconhecendo a diversidade, mas também buscando a coesão e o testemunho comum da obra redentora de Deus ao longo da história da humanidade.

b) A abordagem da história da salvação na Teologia Bíblica destaca a importância dos eventos históricos como veículos da revelação de Deus e como elementos-chave na compreensão da fé judaico-cristã. Essa perspectiva reconhece que a história não é apenas uma sucessão de eventos aleatórios, mas sim o contexto no qual Deus se revela e age em prol da salvação da humanidade.

Os eventos históricos descritos na Bíblia, desde a Criação até o estabelecimento da igreja, são vistos como manifestações da atividade redentora de Deus em favor de seu povo. Esses eventos não são meras coincidências, mas sim ações intencionais de um Deus vivo que demonstra sua natureza redentora ao longo da história.

A expressão alemã "Die Heilsgeschichte", ou "história da salvação", enfatiza que a história é o meio pelo qual Deus revela e realiza seu plano de salvação para a humanidade. Essa história da salvação destaca a intervenção de Deus em diferentes momentos da história para resgatar e sustentar seu povo redimido.

A centralidade da história na fé judaico-cristã é destacada por diversos teólogos do Antigo e do Novo Testamentos, que reconhecem que a história é o contexto no qual a revelação de Deus se desenrola e se torna compreensível para seu povo.

Portanto, para que a Teologia Bíblica seja válida em sua metodologia, é fundamental que ela aborde e mostre essa história da salvação, reconhecendo-a como um dos pontos fundamentais do pensamento bíblico e como parte integrante da revelação de Deus de si mesmo aos seres humanos

c) A abordagem que considera Cristo como a chave das Escrituras ressalta a importância central de Cristo na interpretação e compreensão tanto do Antigo quanto do Novo Testamentos. Essa perspectiva afirma que é através de Cristo que as Escrituras são verdadeiramente entendidas e cumpridas.

Sem o Novo Testamento, o Antigo Testamento é visto como incompleto, pois apresenta uma promessa sem o seu cumprimento. A vinda de Cristo é vista como o ponto culminante da história da redenção, dando sentido pleno às promessas feitas no Antigo Testamento.

A igreja primitiva valorizava as Escrituras do Antigo Testamento não apenas porque Jesus não as repudiou, mas também porque elas forneciam a base para entender a história sagrada de Israel e sua relação com Cristo. Três eventos em particular, registrados em Lucas-Atos, (Lc 24.13-35), são destacados como demonstrações da centralidade de Cristo na interpretação das Escrituras: o caminho de Emaús, a defesa de Estêvão. (At 7), e o encontro de Filipe (At 8.26-39) com o eunuco etíope. “Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura anunciou-lhe a Jesus” (v.35).

Esses eventos mostram como Cristo é o cumprimento das promessas feitas ao povo de Israel, e como Ele é a chave para entender a relação entre o Antigo e o Novo Testamentos. Isso levanta questões hermenêuticas importantes, como a busca por figuras e a tipologia histórica que reconheça a unidade da fé dos santos do Antigo Testamento, enquanto mantém a equação entre promessa e cumprimento.

A tarefa da Teologia Bíblica é, portanto, precisa e crucial nesse ponto, pois busca explorar e elucidar a relação entre Cristo e as Escrituras, reconhecendo-o como o cumprimento das promessas e o ponto de referência para a interpretação bíblica.

d] Confessional e Kerigmático: A Bíblia não é apenas um registro de eventos históricos, mas também uma declaração de fé. A Teologia Bíblica reconhece que algumas passagens bíblicas são declarações de fé antes de serem declarações teológicas. Ela também busca destacar os elementos confessionais e kerigmáticos da Bíblia, mostrando como eles são essenciais para uma compreensão verdadeiramente bíblica das Escrituras. Além disso, a Teologia Bíblica presta atenção às entrelinhas e às inferências teológicas que podem ser extraídas das passagens bíblicas, mesmo quando elas não são explicitamente teológicas.

A abordagem confessional e kerigmática da Teologia Bíblica enfatiza que a Bíblia não é apenas um registro histórico, mas também uma declaração de fé no Deus que age em prol da salvação da humanidade. Esta abordagem reconhece que muitas declarações bíblicas não devem ser simplesmente entendidas como proposições teológicas, mas como expressões de fé que transcendem a análise racional e lógica.

Dualidade da Bíblia: Confessional e Kerigmática.

A Bíblia tem uma vertente confessional e kerigmática. Não se resume apenas ao registo de eventos e factos relacionados a um antigo povo, mas é também uma profunda declaração de fé num Deus que agiu em prol da salvação. Judeus e cristãos "confessam" Deus como Salvador e pregam, através das Escrituras, que ele é o Salvador da humanidade, em particular através de Jesus Cristo na fé do Novo Testamento.

Em termos metodológicos, essa perspectiva destaca três pontos importantes:

1.   Natureza confessional das Escrituras: As Escrituras contêm elementos confessionais e kerigmáticos, ou seja, declarações de fé e proclamações da mensagem central do evangelho. Esses elementos devem ser evidentes na sistematização do pensamento bíblico. Embora algumas abordagens possam tentar interpretar a Bíblia apenas com base em abstrações filosóficas ou teológicas, a verdadeira Teologia Bíblica reconhece e incorpora a natureza confessional do material bíblico.

2.   Leitura nas entrelinhas: É importante ler nas entrelinhas das Escrituras para extrair não apenas o significado explícito, mas também a mensagem subjacente e implícita. Por exemplo, embora as cartas de Paulo frequentemente tratem de questões locais, elas também expressam uma posição teológica geral que precisa ser discernida e relacionada ao conjunto do pensamento paulino e ao Novo Testamento como um todo.

3.   Estudo definitivo da Bíblia: A Teologia Bíblica é um estudo abrangente da Bíblia que busca demonstrar a revelação de Deus por meio de Cristo e seu propósito de redimir a humanidade pecadora. Essa abordagem é auxiliada por outras disciplinas bíblicas e se esforça para desenvolver sistemas de interpretação que estejam fundamentados nas próprias Escrituras.

Teologia Sistemática

A Teologia Sistemática é uma disciplina que se diferencia da Teologia Bíblica em sua abordagem e escopo. Enquanto a Teologia Bíblica se concentra na análise dos textos bíblicos individualmente e em sua progressão ao longo da história, a Teologia Sistemática tem como objetivo principal a sistematização e organização das doutrinas da fé cristã em um conjunto coerente.

Três Aspectos Fundamentais da Teologia Sistemática.

Os três aspectos importantes na verificação do conceito da teologia sistemática, de acordo com Alln Myatt  e Frank Ferreira (2002. p.13-14), são os seguintes:

[a] Exposição coerente: A Teologia Sistemática busca apresentar uma compreensão coerente das doutrinas da Bíblia, examinando o que a Bíblia inteira diz sobre cada doutrina e como essas doutrinas se relacionam logicamente entre si. Isso envolve construir uma cosmovisão que abarque todas as áreas da vida que são influenciadas pela mensagem bíblica, tornando a Teologia Sistemática uma disciplina compreensiva.

[b] Base nas Escrituras: A Teologia Sistemática se baseia exclusivamente nas Escrituras como sua autoridade final. Ela evita especulações não fundamentadas e se limita ao que está claramente declarado na Bíblia. Os teólogos são incentivados a reconhecer quando estão se aventurando em especulações e a não atribuir a essas especulações a mesma autoridade que atribuem à Palavra de Deus.

[c] Alvo prático: Embora lide com questões abstratas e complexas, a Teologia Sistemática sempre tem como objetivo mostrar como suas conclusões afetam a vida cotidiana das pessoas. Ela busca conectar suas reflexões teóricas com a prática da fé e a vida diária dos crentes. A verdadeira teologia é aquela que não é apenas teórica, mas que tem em mente as necessidades das pessoas que estão nas igrejas, buscando ajudá-las a conhecer, obedecer e amar a Deus de maneira mais profunda e significativa.

Em suma, a Teologia Sistemática procura oferecer uma exposição coerente das doutrinas bíblicas, fundamentada nas Escrituras e com um alvo prático que visa impactar positivamente a vida das pessoas e sua relação com Deus.

Esses são os principais ramos da Teologia Sistemática, que abordam diferentes aspectos da fé cristã:

a) Teologia Própria: Este ramo trata do estudo de Deus, explorando sua natureza, atributos e obra. É centrado na compreensão da pessoa de Deus e de sua relação com o mundo e com os seres humanos.

b) Hamartiologia: A Hamartiologia é o estudo do pecado, investigando sua natureza, origem e consequências. Examina a condição pecaminosa da humanidade e sua necessidade de redenção.

c) Soteriologia: A Soteriologia é o estudo da salvação, enfocando como Deus salva os pecadores e os reconcilia consigo mesmo. Analisa os meios e os efeitos da redenção proporcionada por Cristo.

d) Paracletologia: Este ramo trata do Espírito Santo, explorando sua pessoa, obra e papel na vida da igreja e dos crentes. Examina a atividade do Espírito Santo na santificação, orientação e capacitação dos crentes.

e) Escatologia: A Escatologia é o estudo das últimas coisas, incluindo temas como a segunda vinda de Cristo, o juízo final, o destino dos crentes e dos incrédulos, e a consumação do reino de Deus.

f) Angelologia: Este ramo trata dos anjos, explorando sua natureza, origem, atividade e papel na execução dos propósitos divinos. Examina as diferentes categorias de anjos e seu relacionamento com os seres humanos.

g) Antropologia: A investigação sobre a natureza humana - Mateus 19.4: “Ele respondeu: ‘Não lestes que, no princípio, o Criador os fez homem e mulher’”.

h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo - Mateus 1.18: “O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José e, antes de coabitarem, concebeu pelo Espírito Santo”.

i) Bibliologia: A análise da Bíblia - 2 Timóteo  3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça”.

Esses ramos da Teologia Sistemática são fundamentais para uma compreensão abrangente da fé cristã, abordando diferentes aspectos da revelação divina e sua aplicação na vida dos crentes.

→⇒1 2 3 4 5 6 7 8 ⇐← 

BIBLIOGRAFIA

McGRATH, Alister apud MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2007. 

 MYATT, Allan e FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 2002.

RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.

SOARES, Esequias. Credos e Confissões de Fé - Breve guia histórico do cristianismo. Recife: Bereia, 2013. 

TERRY, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977.

TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Volume 5. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

O TEÓLOGO


O teólogo estuda a história, os fenômenos e as tradições religiosas, analisando textos sagrados, doutrinas e dogmas religiosos. Além disso, ele associa essas informações com outras ciências humanas e sociais, como antropologia e sociologia, identificando as relações entre religião e diferentes culturas e grupos sociais. O teólogo pode atuar como pesquisador, assessor de grupos religiosos ou como professor, lecionando religião e ética em diversas instituições.

É ressaltado que o teólogo, geralmente, é uma pessoa com instrução avançada, atuando como professor e escritor. No entanto, isso não exclui a possibilidade de leigos também se envolverem na produção e estudo da teologia, pois qualquer pessoa que busca o conhecimento de Deus está, de certa forma, fazendo teologia.

A possibilidade de conhecer Deus, citando Romanos 1:19-20, que descreve como Deus se revela através da criação, tornando-se conhecido pelos seres humanos. Embora esse conhecimento não seja pleno, permite que o homem estabeleça uma relação com Deus, apesar da transcendência divina. Vincent Cheung (2015), argumenta que o conhecimento de Deus é possível porque Ele fez o homem à Sua própria imagem, estabelecendo assim um ponto de contato entre os dois.

O artigo da revista Ultimato (.2015). destaca aspectos essenciais do perfil do teólogo, enfatizando a importância de uma vivência pessoal e íntima com Deus antes de qualquer conhecimento acadêmico sobre Ele. Além disso, ressalta que o teólogo deve estar comprometido com a submissão à autoridade divina, experimentando o amor, a santidade e a sabedoria de Deus em sua própria vida.

É destacada a necessidade de o teólogo reconhecer sua própria pecaminosidade antes de descrever a santidade de Deus, e sua ignorância diante da sabedoria divina. Também se enfatiza a importância de compartilhar as experiências humanas, como o sofrimento e a alegria, antes de abordar esses temas teologicamente.

O texto ressalta a responsabilidade do teólogo em sua comunicação, enfatizando a necessidade de humildade, empolgação, equilíbrio entre fé e razão, construção ao invés de destruição, discernimento entre verdade e erro, e a ênfase na singularidade de Deus e em Seu amor redentor.

O teólogo é visto como alguém comprometido em transmitir a mensagem do evangelho de maneira clara, fiel e transformadora, reconhecendo a centralidade de Jesus Cristo na revelação de Deus e na salvação da humanidade.

→⇒1 2 3 4 5 6 7 8 ⇐← 

BIBLIOGRAFIA

O teólogo a serviço de Deus e não da teologia. Disponível em https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/338/o-teologo-a-servico-de-deus-e-nao-da-teologia. Acesso: 28. 02.2024.
CHEUNG, Vincent. Teologia Sistemática. Disponível em: https://monergismo.com/teologia-sistematica/ . Acesso: 25.02.2024

O QUE É TEOLOGIA

 

A Introdução à Teologia A teologia é um campo complexo que envolve o estudo das coisas relacionadas a Deus, sua natureza, obras e relações com os seres humanos. A Teologia é a análise sistemática de Deus, que compreende a compreensão da sua essência, atributos e existência.

Origens e Significado O termo "teologia" deriva do grego "theos", que significa "Deus", e "logos", que pode ser traduzido como "estudo", "discurso" ou "raciocínio".

Propósito e Escopo A teologia consiste no estudo reflexivo e sistemático das verdades religiosas, em particular aquelas relacionadas com a divindade. Este domínio de estudo engloba várias áreas, tais como a Teologia cristã, judaica e islâmica. A abordagem teológica pode ser organizada de forma sistemática, centrando-se em temas e factos teológicos, e inclui a análise de textos bíblicos à luz da arqueologia, história e geografia antigas.

Necessidade Humana e Revelação Divina É importante entender que a teologia não foi criada por si mesma, mas surge da necessidade humana de compreender e interpretar as experiências religiosas, bem como os textos sagrados e a revelação divina.

Abordagens e Escolas de Pensamento Existem diferentes abordagens e escolas de pensamento dentro da teologia, refletindo as diversas tradições religiosas e interpretações das escrituras sagradas.

Dimensões Acadêmicas e Devocionais A teologia pode ser praticada tanto de forma acadêmica quanto devocional, visando aprofundar o conhecimento espiritual e promover uma compreensão mais profunda da fé.

Interdisciplinaridade e Reflexão Crítica Em termos gerais, a teologia inclui o estudo das doutrinas religiosas, a investigação crítica da religião e sua relação com outros campos do conhecimento, como a filosofia e a ciência.

Amplitude e Diversidade É um campo vasto e diversificado, que abrange desde a análise detalhada de textos religiosos até a reflexão sobre questões éticas e morais à luz da fé..

A Essência da Teologia: Uma Visão Abrangente

Os Elementos Fundamentais da Teologia:
A teologia, em sua essência, engloba diversos elementos que contribuem para uma compreensão abrangente do estudo de Deus e de sua relação com a criação. Charles Ryrie identifica três elementos fundamentais na definição geral de teologia.

[1] A mente humana pode compreendê-la de forma ordenada e racional. [2] A Teologia necessita de explicação, o que envolve a análise dos textos originais e a organização de ideias. [3] A fé cristã tem a sua fundação na Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo fundamentado na Bíblia. (RYRIE, 2004. p.15).

Diversas Perspectivas Teológicas:
Para Norman Geisler, Louis Berkhof, e Karl Rahner, a teologia assume diferentes formas, cada uma enfatizando aspectos particulares do estudo de Deus e de sua relação com a criação.

A Amplitude da Teologia Cristã:
De acordo com Medrado, a teologia trata de Deus e tudo o que se relaciona a ele, incluindo a criação, a salvação e outros aspectos do universo. Na religião cristã, a teologia não é apenas o estudo de um Deus abstrato, mas sim do Deus pessoal revelado na Bíblia.

Definição Abrangente da Teologia:
Assim, a teologia pode ser definida como a ciência de Deus e das relações entre Deus e o universo, englobando o estudo de Deus, suas obras e sua interação com a criação, incluindo o homem. Um conceito abrangente de teologia deve considerá-la como o estudo das relações entre o Criador (Deus) e a criatura (homens), refletindo a amplitude e profundidade do conhecimento teológico.

A Incapacidade Humana de Compreender Plenamente Deus:
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria demasiado pretensioso para o ser humano, uma vez que Deus transcende o entendimento humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de compreender plenamente a essência de Deus.

A Revelação de Deus e o Conhecimento Humano:
Deus se revela ao homem, e este é capaz de conhecê-lo dentro dos limites da capacidade humana. Esse conhecimento produz um relacionamento, que, embora não permita um entendimento completo da mente de Deus, possibilita ao homem viver de acordo com os propósitos divinos.

O Objeto da Teologia: Deus e Suas Atividades:
Deus é conhecido através de suas obras e atividades, e a teologia busca compreender essas atividades na medida em que acompanham o nosso conhecimento. Assim, a teologia não apenas estuda a natureza de Deus, mas também suas interações com o universo e com a humanidade.

A Possibilidade da Teologia: Uma Fundamentação Teológica:
Segundo Strong e Hordern, a teologia é possível porque Deus se relaciona com o universo, a mente humana é capaz de conhecê-lo e perceber sua relação com o universo, e Deus provê sua revelação. Além disso, a teologia é um tratado ou desenvolvimento bem ordenado do pensamento sobre Deus, essencial para compreender o propósito da vida e os valores fundamentais da existência.

A Relação Entre Teologia e Escrituras:

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, o termo "teologia" pode ser usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras quanto do todo. Nesse sentido mais amplo, a teologia abarca todo o conteúdo do ensino das Escrituras que o homem pode conhecer em relação a Deus, bem como o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.

A Integração da Filosofia na História da Teologia:

A história da teologia cristã está intimamente relacionada com a filosofia. Desde o século II, a filosofia se tornou uma interlocutora primordial da teologia cristã, mesmo com a oposição de alguns pais da Igreja, como Tertuliano, que questionou retoricamente a influência da filosofia grega sobre o pensamento cristão. Esse relacionamento entre a reflexão cristã e a filosofia é uma parte crucial da história da teologia cristã, marcada por tensões e debates significativos.

Os Períodos da Teologia Cristã:

A teologia cristã foi dividida em períodos para facilitar seu estudo e compreensão ao longo da história. Esses períodos incluem: o período Patrístico (c. 100 - 451), a Idade Média e o Renascimento (c. 1050 - c. 1500), os períodos das Reformas e da pós-Reforma (c. 1500 - c. 1750), e o período Moderno e o pós-Moderno (c. 1750 - até os dias atuais). No entanto, é importante ressaltar que traçar linhas divisórias precisas entre esses períodos pode ser desafiador, e há controvérsias sobre as relações entre alguns deles. O que é certo é que a história da teologia cristã remonta ao século II, quando surgiram desafios internos e externos à Igreja, levando ao desenvolvimento da ortodoxia como uma declaração definitiva do que é teologicamente correto.

O Propósito da Teologia: Relacionamento com o Criador

O objetivo primordial da teologia é possibilitar que o homem se relacione com seu Criador e compreenda a manifestação divina ao longo da história, especialmente no plano de salvação revelado por meio de Cristo.

Explorando a Teodicéia: Conhecimento sobre Deus

Enquanto a teologia se concentra em Deus e em Seu plano redentor, a teodicéia, por outro lado, trata dos conhecimentos que o homem pode adquirir sobre Deus sem a ajuda da revelação sobrenatural, explorando a existência, o ser e os atributos divinos.

A Natureza da Ciência Teológica: Estudo do Ser Divino

A ciência teológica estuda o ser de Deus na medida em que pode ser alcançado, reconhecendo sempre a natureza misteriosa de Deus, que não pode ser plenamente compreendido como os outros seres.

Objeto Material da Teologia: Deus e Suas Realidades Criadas

A teologia, como ciência de Deus, coloca Deus como seu principal objeto material, abrangendo todas as realidades criadas e governadas por Ele em Seu desígnio salvador.

Promovendo a Fé e a Vida Justa: Papel da Teologia

Além disso, a teologia deve promover a fé e encorajar o homem a viver uma vida justa por meio do desenvolvimento de uma fé ativa. A passagem em Romanos 1:16-17 enfatiza o poder do evangelho para a salvação daqueles que creem, revelando a justiça de Deus que é acessível mediante a fé. A fé cristã implica confiança genuína em Cristo, resultando em uma união com Seu Espírito e uma vontade de viver em conformidade com Sua vontade.

A Natureza da Teologia segundo Frisotti

Para Frisotti (2015), A teologia é considerada uma disciplina na qual a mente do crente, orientada pela fé teológica, procura entender de forma mais profunda os mistérios revelados e as suas significâncias para a existência humana.

A Fé e sua Relação com a Teologia

A fé é vista como o assentimento a uma verdade considerada digna de ser crida, enquanto a teologia é a análise dessa fé. O motivo formal da fé é a autoridade de Deus que se revela, enquanto o da teologia é a percepção da razão da inteligibilidade do crido.

A Teologia como Reflexão Racional e Desenvolvimento da Fé

Assim, a teologia é mais do que uma simples reflexão racional sobre os dados da revelação, é um desenvolvimento da dimensão intelectual do ato de fé.

Objetivo da Teologia: Elevar o Atos de Crer ao Nível do Compreender

O teólogo busca dar razões para a fé, mas mantém firme sua fé enquanto busca compreendê-la melhor. Portanto, a teologia é uma fé reflexiva, que pensa, compreende, pergunta e busca. O objetivo da teologia, nesse sentido, é elevar o ato de crer ao nível do compreender. O teólogo se baseia no conhecimento de Deus pela fé, na razão humana e em suas descobertas certas, ordenando e interpretando os dados da fé de modo a revelar sua unidade conforme Deus o dispôs.

A Distinção entre Teologia Positiva e Teologia Especulativa

Frisotti distingue dois aspectos da teologia: a teologia positiva e a teologia especulativa. A teologia positiva é a ciência do conteúdo integral da Revelação, buscando determinar e traçar toda a história documental do objeto crido em sua revelação. Ela se preocupa em conhecer o corpo ou a forma externa do dado revelado, para alcançar uma inteligência mais profunda da Palavra de Deus. Por outro lado, a teologia especulativa aprofunda nas verdades reveladas, mostrando sua inteligibilidade e a conexão e harmonia entre elas, usando a ajuda das ciências humanas. Essa teologia não é uma simples especulação, mas está sob o controle e à luz do mistério de salvação.

A Fundamentação da Teologia Especulativa e o Papel da Analogia

A possibilidade da teologia especulativa se fundamenta em uma epistemologia realista, na qual se pressupõe que a mente humana é ordenada à verdade e é capaz de conhecer a Deus de maneira limitada e certa. A analogia desempenha um papel importante nesse processo, permitindo falar de Deus de modo que nosso linguagem tenha sentido, mesmo que Ele não possa ser explicado univocamente.

A Teologia especulativa desempenha duas importantes tarefas fundamentais: compreender e organizar o conteúdo revelado.

1.   Compreender o dado revelado da melhor maneira possível. Isso não implica na tentativa de demonstrar ou assimilar os mistérios como se fossem dados completamente evidentes. Em vez disso, trata-se de buscar o sentido preciso contido na fé e de explorar a relação dos mistérios entre si.

2.   Realizar um trabalho sistemático: A Teologia busca expor com rigor os preâmbulos da fé, mostrando que, embora a fé não seja evidente, ela não é absurda. Além disso, visa apresentar uma síntese dos mistérios da fé, demonstrando da melhor maneira possível a unidade e a coerência da doutrina revelada. Por fim, busca relacionar seus dados e conclusões com o mundo da ciência e da cultura, a fim de estabelecer conexões significativas entre a fé e os diversos campos do conhecimento humano.

→⇒1 2 3 4 5 6 7 8 ⇐← 

Bibliogafia

PFEIFFER, Charles F. et. al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

 FRISOTTI, Heitor. Teologias Especializadas. Disponível em https://www.docsity.com/pt/introducao-a-teologia-5/7027607/  teologias_especializadas.doc. Acesso: 28.02.2024.

Guia do Estudante da Editora Abril. Disponível em https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/teologia  ciencias-humanas-sociais/teologia-687903.shtml. Acesso: 29.12.2015.

RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.


QUEM FOI TEÓFILO?

De acordo com Champlin (2014), o indivíduo mencionado como "Teófilo" é também tratado como "excelentíssimo Teófilo" em Lucas 1:3. Seu nome, que significa "aquele que ama a Deus" ou "amigo de Deus", é um nome próprio sem intenção simbólica especial. Algumas interpretações sugerem que esse nome pode se referir a um "leitor cristão" ou "prezado leitor cristão". No entanto, o uso desse apelativo, tanto em Atos como no Evangelho de Lucas, confirma que o livro foi escrito para uma pessoa real.

Apesar das inúmeras conjecturas sobre a identidade de Teófilo, não há informações sólidas sobre ele. Algumas teorias sugerem que ele era um senador romano ou um nobre residente em Roma. Embora alguns pensem que Lucas dedicou seus livros a ele apenas para emprestar prestígio, é mais provável que Lucas o conhecesse intimamente. O título "excelentíssimo", atribuído a Teófilo, indica que ele ocupava um cargo elevado, provavelmente na ordem equestre romana.

O título "excelentíssimo" também é usado para outros procuradores romanos, como Félix e Festo, o que reforça a conjectura sobre a posição elevada de Teófilo. Lucas fornece explicações doutrinárias aos saduceus, indicando que Teófilo não era de nacionalidade judaica. Alguns acreditam que as descrições geográficas detalhadas nos capítulos 27 e 28 de Atos foram incluídas porque Teófilo estava familiarizado com aquelas regiões e apreciaria as referências a sua terra natal. (CHAMPLIN, 2014, pp. 26-27).

De acordo com a Enciclopédia da Bíblia (Vol. V), Teófilo é o destinatário do evangelho de Lucas e dos Atos dos Apóstolos, mas sua identidade é incerta. Pode-se conjecturar que seja um termo genérico para todos os leitores cristãos de Lucas, significando "amigo de Deus". Lucas pode ter escrito para uma audiência cristã, oferecendo informações detalhadas sobre a origem e o significado da fé. Resumo: Alguns livros eram dedicados a amigos ou benfeitores que contribuíam para os custos de disseminação, ou que sugeriam sua composição. No evangelho, Teófilo é chamado de "mais excelente", um título de posição notável, como usado por Félix governador da Judéia e Festo. (At 23.26; 24.3) seu sucessor (At 26.25). Lucas escreveu seu evangelho com o objetivo de fornecer uma certeza plena das verdades do Cristianismo para um possível novo convertido, provavelmente um respeitável oficial romano (v.14). No entanto, kratiste também pode ser usado de forma amigável como uma maneira educada ou lisonjeira de se dirigir a alguém, sem qualquer conotação oficial. Se for considerado aqui como um título oficial, então é improvável que Teófilo já fosse um cristão nesta época, uma vez que "não há nenhum caso na literatura cristã dos dois primeiros séculos em que um cristão use um título secular para se dirigir a outro cristão, sem mencionar nada sobre um título desse tipo, pode-se dizer que corresponde de forma geral a 'Sua Excelência'" (Zahn, Introdução ao Novo Testamento III, 42). Em Atos (1.1), este título está omitido. De forma incerta, podemos apenas especular que a amizade era mais profunda na altura da dedicação do segundo livro, ou que Teófilo se tenha convertido ao cristianismo neste intervalo de tempo e o título era demasiado formal para um irmão, ou que Teófilo tenha desistido do seu cargo como oficial ou tenha sido demitido devido à perseguição por professar o Cristianismo. Teófilo é encontrado como um nome próprio no início do século 32 a.C., tanto nos papiros como nas inscrições (J. H. Moulton e G. Milligan, The Vocabulary of the Greek Testament, 288) e como um nome judeu no Papiro Flinders Petrie (II, 28 ii 9), também do século 3 a.C. Teófilo pode também ter sido um nome de batismo usado entre os cristãos, visto que era pouco provável que um oficial romano se tornasse conhecido em público por este nome. Se este for o caso, é o único exemplo deste tipo encontrado em Atos e pode ser o mesmo que um pseudônimo para ocultar a sua verdadeira identidade, devido à necessidade de segredo sob as condições tensas entre a igreja e o estado (W. M. Ramsay, St. Paul the Traveller and Roman Citizen, 388). De acordo com Eusébio e Jerónimo, Lucas era um sírio de Antioquia. Um Teófilo que possuía uma distinção tão alta em Antioquia é citado no Recognitions Clementino. Esta deve ser a pessoa para quem Lucas escreveu. Restam as possibilidades de que Teófilo tenha sido um pagão e não um cristão. Isto depende do significado de katêchêthês, “Foste instruído” (Lc 1.4), e do propósito de Lucas ao escrever. Num sentido geral, Lucas quis comunicar “a confiabilidade das histórias que te foram relatadas”, ou poderia significar que ele havia recebido relatos vagos ou hostis sobre o Cristianismo como um movimento subversivo e incômodo, que o relato de Lucas propõe-se a corrigir. Lucas-Atos, portanto, seria apologético a favor da índole pacífica do Cristianismo e da lealdade dos seus seguidores ao governo imperial. Estes temas ocorrem repetidamente, especialmente em Atos. (AUTORES, 2008, pp. 26-27). Teófilo, derivado do grego "theophilos", que significa "querido de Deus" ou "amigo de Deus", é o indivíduo para quem tanto o Evangelho de Lucas (Lc 1.3) quanto o livro de Atos (At 1.1) foram dedicados. Alguns sugerem que o nome se refere genericamente ao "leitor cristão", enquanto outros especulam que possa representar uma pessoa real, como Tito Flávio Clemente, sobrinho do imperador Vespasiano, conforme proposto por B. H. Streeter em "The Four Gospels" (1924, p. 534s). No entanto, é mais provável que seja um nome verdadeiro. O Nove dicionário da Bíblia Relata que o título "excelentíssimo", atribuído a Teófilo em Lucas 1.3, pode indicar sua associação com a ordem equestre ou uma posição oficial, ou simplesmente ser uma forma de cortesia, como visto em Atos 23.26, 24.3 e 26.25. Teófilo já tinha alguma informação sobre o cristianismo, mas Lucas decidiu fornecer-lhe um relato mais organizado e confiável. Ele pode ter sido parte do público-alvo de Lucas, uma classe social que o evangelista buscava influenciar com o evangelho, embora seja improvável que tenha sido o advogado designado para defender Paulo perante Nero, como sugerido por J. L. Still em "St. Paul on Trial" (1923, p. 84s). Citado por: Douglas. (DOUGLAS, 2006, p. 1313).

CONCLUSÃO: De acordo com estes autores, é difícil determinar com precisão a identidade de Teófilo em Lucas. Apesar das numerosas especulações sobre quem seria Teófilo, não há informações concretas sobre ele. Quando estiver ensinando, tenha cuidado para não afirmar o que não tem certeza

Fonte:

Champlin, R. N. (2014). Comentário do Novo Testamento interpretado ver, por ver (Vol. III). Hagnos.

Autores, V. (2008). Enciclopédia da Bíblia (Vol. V). São Paulo: Cultura Cristã.

 

A BASE DA SANTIDADE

João 319: “Aquele que nasceu de Deus não vive na prática do pecado; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, pois é nascido de Deus.”

No Comentário do Novo Testamento interpretado, no Volume VI de Champlin, há um comentário que vou parafrasear e trazer para você, caro leitor, de forma clara:

Isto está de acordo com o que está escrito em 1 João 2:29: "Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele". A pessoa nascida de Deus não vive na prática do pecado, mas sim pratica a bondade. "Todo aquele que permanece nele não vive pecando..." (1 João 3:6). Deus Pai é santo, e assim também devem ser os seus filhos, se forem genuínos, pois devem compartilhar da sua natureza santa.

A Base Da Santidade               

1. A santidade não está baseada no legalismo (ver em Rm. 3:20), nem no sacramentalismo (ver Rm. 2:28,29). Pelo contrário, consiste na participação na própria santidade de Deus, através do poder transformador do Espírito (ver Rm. 3:21).

2. É um resultado do novo nascimento, como aprendemos neste versículo. No entanto, não surge perfeitamente na primeira tentativa; em outras palavras, ninguém se torna impecável nesta vida (ver I João 1:8). No entanto, o Espírito pode nos dar a vitória, para que possamos viver acima e libertos dos vícios. Isso ocorre através do novo nascimento, conforme indicado pelo versículo que estamos considerando.

3. A essência humana é tão corrompida que apenas o novo nascimento pode nos libertar dela. Os seres humanos podem tentar imitar essa transformação. Muitas filosofias e religiões oferecem sugestões sobre como essa imitação pode ser alcançada. No entanto, a alma iluminada por Deus reconhece que apenas um ato do Espírito Santo pode verdadeiramente alterar um ser humano para melhor, de forma real e permanente.

4. Na ocasião da «parousia» (segunda vinda de Cristo), daremos um grande salto em frente no que diz respeito à espiritualidade. Nessa altura, a alma será completamente libertada da natureza pecaminosa e começará a participar da mesma forma de vida que Cristo possui, acompanhada da sua natureza moral (ver I João 3:2). Ao longo da eternidade, iremos gradualmente adquirir as virtudes espirituais do Pai, como parte da nossa glorificação.

“...não está a viver na prática do pecado...” Esta é uma interpretação dos tradutores. O grego diz *não está a cometer pecado*. Mas isso envolve a ideia da «prática» do pecado. Já tivemos oportunidade de verificar, no sexto versículo deste capítulo, o que significa essa expressão. Várias interpretações errôneas são mencionadas naquele versículo. A perfeição impecável é o objetivo, mas isso não é referido aqui como algo realmente possível nesta vida. A passagem de I João 1:8,10 mostra que não é possível tal coisa aqui. Mas a vitória sobre o pecado é possível nesta esfera; e de nós é esperado que busquemos isso com diligência, mediante a comunhão com o Pai e com o Filho, através do contacto com o seu Santo Espírito. Esse contacto é feito mediante a vida e o crescimento espirituais, através dos meios da oração, da meditação, da busca pelo poder, pelos dons e pela presença do Espírito Santo. A isso devemos acrescentar o treino do intelecto, o estudo cuidadoso e diligente da verdade espiritual, conforme ela se encontra nas Sagradas Escrituras.

Alguns intérpretes consideram que aqui se pode encontrar a "nova natureza" como algo que pode ser aperfeiçoado, tornando-se completamente sem pecado, enquanto na realidade, a integração do homem, a combinação das naturezas antiga e nova, continuaria a pecar. No entanto, não se pode atribuir esse pecado à nova natureza que Deus criou em nós. Pelo contrário, é a antiga natureza que se manifesta, embora já esteja nos seus últimos momentos. Esta é uma verdade, independentemente de o versículo ensinar diretamente essa verdade ou não. Certamente isso fica implícito.

Ao longo desta epístola, é enfatizada a importância de "permanecer em Cristo" como a solução espiritual para lidar com o "problema do pecado", fornecendo os meios necessários para que a vida humana desfrute plenamente da vida eterna. Essa expressão tem um significado místico, indicando o verdadeiro contato do espírito humano com o ser divino. Esse contato, que resulta em "comunhão", transforma a alma humana de modo a participar da natureza divina, tornando-se assim filho de Deus, da mesma forma que Jesus Cristo é o Filho. A comunhão com a natureza está intrinsecamente ligada a tudo isso.

O termo "permanecer", neste contexto, refere-se à presença contínua da "semente" de Deus no crente que se santifica. Em I João 2:24, é a palavra do "evangelho" que permanece nos homens, para que estes permaneçam no Filho e no Pai. Existe a presença da semente divina (no grego, "sperma"), que gera uma nova vida quando é implantada na alma humana. A metáfora biológica da inseminação é evidente em tudo isso. O termo grego utilizado aqui pode significar tanto "esperma" como "semente". A semente tem o poder de gerar nova vida, sob as circunstâncias corretas. Alguns consideram essa "semente" equivalente à "palavra" (como visto em I João 2:24, I Pedro 1:23 e Tiago 1:18). No entanto, é mais provável que esteja em destaque o próprio Espírito Santo e a sua operação, como evidenciado em João 3:3-5. No Espírito Santo está presente o "princípio divino da vida". A permanência do Espírito Santo no crente infunde o homem com vida divina.

A "semente" não se refere à pessoa de Cristo. No entanto, quando falamos da "palavra", de "Cristo" ou do "Espírito", estamos a referir-nos à mesma realidade espiritual, o nascimento e a geração espirituais, embora de perspetivas diferentes. A "palavra" (evangelho) traz-nos a mensagem transformadora: Cristo está a ser formado em nós; o Espírito realiza a obra que resulta na conceção e no novo nascimento. A metáfora (qualquer que seja a escolhida) é apenas uma forma gráfica de destacar que a verdadeira vida divina pode ser trazida para o nível humano, de modo a que a natureza divina seja injetada na natureza humana, espiritualizando-a, até que a própria essência de Cristo (o Filho) se torne na natureza inerente dos restantes filhos de Deus, que são irmãos de Cristo.

“…aquele que nasceu de Deus não pode viver em pecado…” O argumento apresentado pelo autor sagrado é incontestável. Se de fato Deus infunde a sua própria natureza nos seres humanos, então dificilmente poderão persistir no pecado. Eles terão que ser necessariamente santos, uma vez que uma transformação revolucionária estará ocorrendo neles. Caso contrário, essa doutrina será apenas um mito, ou então, as pessoas em questão são falsos filhos de Deus.

O germe da vida divina foi implantado em nossas almas e cresce num processo gradual, sujeito a atrasos ocasionais, mas firme, alcançando finalmente a sua plena fruição. Os deslizes do crente são como as intempéries, que podem impedir o desenvolvimento da semente.

"Um filho de Deus, nesse conflito, de fato recebe ferimentos diariamente; mas nunca abandona as suas armas nem estabelece tréguas com o inimigo mortal”. (Lutero, in loc.).

"O pecado pode parecer eficaz, mas já não reina." (Faucett, in loc.). Este mesmo autor acrescenta: "A agulha magnética, cuja natureza é apontar sempre para o polo, pode ser facilmente desviada para um lado, mas sempre busca novamente a sua posição." (CHAMPLIN, 2014, p. 261).


Saiba mais em " O CRENTE NASCIDO DE DEUS NÃO PRATICA O PECADO?"


Bibliografia

CHAMPLIN, R. N. (2014). Comentário do Novo Testamento interpretado ver, por ver (Vol. vi). Hagnos.

 

O CRENTE NASCIDO DE DEUS NÃO PRATICA O PECADO?

1 João 3:9 - Reflexões sobre a Natureza do Pecado e a Vida do Cristão

O versículo 9 do capítulo 3 de 1 João apresenta uma aparente contradição: afirma que ninguém nascido de Deus peca, mas muitos de nós reconhecem nossas falhas e pecados ao longo da vida. Isso levanta questões sobre a natureza do pecado, a experiência cristã e a interpretação das Escrituras. Vamos explorar algumas perspectivas para entender melhor esse contexto.

1.   Tempo Presente e Continuidade: Alguns comentaristas observam que os verbos para "pecar" são no tempo presente, indicando uma ação contínua. Isso sugere que os verdadeiros crentes não pecam habitualmente, embora possam cometer erros ocasionalmente. No entanto, essa interpretação gramatical pode ser forçada em outros contextos bíblicos e não é totalmente consistente.

2.   Tipos de Pecado: Outra abordagem sugere que João está distinguindo entre diferentes tipos de pecado: aqueles que levam à morte e aqueles que não. De acordo com essa interpretação, João estaria diferenciando entre pecados que levam à morte e aqueles que não. Isso implicaria que os crentes podem cometer o último tipo de pecado, mas não o primeiro. Essa abordagem levanta questões sobre como exatamente João define esses tipos de pecado e como os crentes devem interpretar e lidar com eles. A falta de clareza no texto pode gerar diferentes interpretações e levantar dúvidas sobre a compreensão precisa do que João pretendia comunicar.

3.   Tensão na Vida Cristã: Algumas interpretações veem João expressando uma tensão entre o ideal de uma vida sem pecado e a realidade da luta contra o pecado. Essa visão reconhece a tensão entre a nova natureza do crente, que não peca, e a necessidade contínua de arrependimento e renovação. Essa dualidade entre a natureza redimida do crente e a persistência do pecado na vida diária é um tema recorrente nas escrituras e reflete a complexidade da experiência humana. João parece oferecer um entendimento equilibrado dessa tensão, encorajando os crentes a viverem de acordo com sua nova natureza em Cristo, ao mesmo tempo em que reconhecem a realidade do pecado e buscam continuamente o arrependimento e a renovação. Essa abordagem convida os crentes a viverem com humildade, confiando na graça de Deus para superar as lutas contra o pecado, ao mesmo tempo em que se esforçam para viver uma vida que reflita a santidade de Cristo.

4.   Contexto da Epístola: Uma abordagem mais ampla considera o contexto geral da epístola, onde João confronta diferentes visões sobre o pecado e a vida cristã. Ele pode estar dirigindo-se a grupos específicos que negavam o pecado ou o consideravam irrelevante. Essa interpretação destaca a necessidade de discernimento pastoral e exegético.

Diante dessas perspectivas, podemos concluir que o versículo 9 de 1 João expressa uma verdade complexa sobre a vida do crente. Embora os verdadeiros filhos de Deus tenham uma nova natureza que os impede de pecar, ainda estão sujeitos à luta contra o pecado e à necessidade de confissão e renovação. A chave para colocar o coração em repouso está na comunhão íntima com Cristo e na confiança na obra transformadora de Deus dentro de nós.

Saiba mais em "A Base da Santidade"

UM CRISTÃO VERDADEIRO PODE SER ALVO DE PRÁTICAS DE MACUMBA, BRUXARIA E FEITIÇARIA?

Introdução: A questão da influência do mal na vida dos cristãos é um tema que desperta curiosidade e preocupação em muitos fiéis. Diante das práticas de macumba, bruxaria e feitiçaria, surgem dúvidas sobre até que ponto essas investidas podem afetar a vida daqueles que creem em Deus. Neste estudo, analisaremos o que a Bíblia tem a dizer sobre essa questão, explorando passagens relevantes e esclarecedoras.

Estudo sobre a Proteção Divina e as Investidas do Mal na Vida do Cristão

1.   A Segurança da Salvação em Cristo: O cristão genuíno é selado com o Espírito Santo após crer em Jesus Cristo como seu Salvador (Efésios 1.13). Essa selagem representa a identificação como propriedade exclusiva de Deus, conferindo aos crentes o status de filhos do Altíssimo (1 Pedro 2.9).

2.   A Proteção Divina contra o Maligno: A Bíblia assegura que o Maligno não pode tocar nos filhos de Deus (1 João 5.18). Embora Satanás tente tentar os crentes, sua ação é limitada, e os fiéis podem resistir às suas investidas permanecendo vigilantes (1 Pedro 5.8).

3.   Ineficácia dos Trabalhos de Feitiçaria: Conforme as Escrituras, as práticas de macumba, bruxaria e feitiçaria não têm poder sobre os filhos de Deus. Encantamentos e adivinhações são ineficazes contra aqueles que são abençoados pelo Senhor (Números 23.23; 22.12).

4.   Confiança na Bênção Divina: Mesmo diante de possíveis trabalhos malignos, o crente confia na bênção de Deus sobre sua vida (Efésios 1.3). Qualquer tentativa de prejudicá-lo é fútil diante do poder e da proteção do Altíssimo.

5.   Aceitação das Provações como Parte do Plano Divino: Embora os crentes não sejam imunes às provações, estas ocorrem com a permissão de Deus e têm propósitos redentores. O exemplo de demonstra que o mal só pode agir dentro dos limites estabelecidos pelo Senhor (Jó 1.12).

Conclusão: Diante das incertezas e temores em relação às investidas do mal, os cristãos encontram segurança na palavra de Deus. A confiança na proteção divina e na vitória de Cristo sobre o mundo oferece conforto e paz, mesmo diante das adversidades. Portanto, o crente não deve temer as práticas malignas, mas sim depositar sua fé no Deus Todo-Poderoso, que guarda e protege aqueles que são seus filhos. Conforme prometido nas Escrituras, nenhum mal prevalecerá contra os que confiam no Senhor (Salmos 91.10-11).

As referências bíblicas citadas no texto são:

1.   Efésios 1:13 - "em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa"

2.   1 João 5:18 - "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca."

3.   1 Pedro 5:8 - "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar."

4.   Números 23:23 - "Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; agora, se poderá dizer de Jacó e de Israel: Que coisas tem feito Deus!"

5.   Números 22:12 - "Então, disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás o povo; porque é povo abençoado."

6.   Efésios 1:3 - "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo,"

7.   João 16:33 - "Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo."

8.   Jó 1:12 - "Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR."

9.   Lucas 12:4-5 - "Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer."

Salmos 91:10-11 - "Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos".